Deputado Luis Miranda chega à CPI vestindo colete à prova de balas e trazendo Bíblia na mão
Parlamentar e servidor do Ministério da Saúde depõem sobre supostas irregularidades na compra da vacina Covaxin
O deputado Luis Miranda (DEM- DF) chegou, nesta sexta-feira (25), à CPI da Covid para prestar depoimento com dois itens inusitados: ele trajou um colete à prova de balas e trouxe uma Bíblia nas mãos. O parlamentar afirmara ter sofrido muitas ameaças de quinta (24) até hoje, acrescentando que o irmão fora "abandonado" pelo Ministério da Saúde e está voltando ao Brasil de avião comercial.
Luis Ricardo Miranda estava nos Estados Unidos, com a equipe da Pasta que liberou a importação das doses da Janssen. Ele voltou a Brasília em voo que partiu do aeroporto de Viracopos, em Campinas, e chegou por volta de 14h40 desta tarde. Os irmãos, que se comprometeram a falar a verdade, depõem na CPI nesta tarde.
Luis Miranda na CPI
Os depoentes afirmam que alertaram o presidente Jair Bolsonaro sobre supostas irregularidades relativas à corrupção na compra da vacina Covaxin, proveniente da Índia. Como revelou o jornal Folha de S.Paulo na sexta-feira passada (18), o servidor afirmou ao Ministério Público Federal (MPF), em 31 de março, ter recebido uma "pressão atípica" para que a importação da vacina fosse agilizada.
Já o deputado federal Luis Miranda disse que, ao lado do irmão, levou o caso a Bolsonaro, em 20 de março, que prometeu acionar a Polícia Federal.
Os irmãos apontam que houve tentativa de antecipar pagamento de US$ 45 milhões para liberar a importação de um lote da vacina. A invoice (fatura) apresentada à Anvisa para liberar a carga estava no nome da empresa Madison, de Singapura, ligada à fabricante Bharat Biotech, mas que não é citada no contrato com o Ministério da Saúde.
Veja também
O Governo Federal nega irregularidades na negociação, alegando que o documento passou por retificação para retirada da exigência do pagamento antecipado.
As declarações dos irmãos levaram o presidente Bolsonaro ao centro das investigações da CPI da Covid. O presidente pediu para a PF investigar os irmãos Miranda, mas não explicou ainda que destino deu aos alertas de irregularidade.
Contrato da Covaxin
O contrato de R$ 1,6 bilhão para compra de 20 milhões de doses da Covaxin foi assinado em 25 de fevereiro, mas nenhuma vacina chegou ao País até agora.
Custando US$ 15 a dose, o maior valor negociado de imunizante acertado pelo governo, mas os lotes ainda não foram pagos.
Siga em tempo real
Sessão encerrada
O presidente da CPI Omar Aziz agradeceu aos depoentes e aos senadores presentes e declarou encerrada a sessão desta sexta-feira (25).
Aziz solicita proteção a irmãos Miranda
Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, disse que solicitou proteção tanto da Polícia Federal quanto da Polícia Legislativa para os irmãos Luis Miranda e Luis Ricardo Miranda,
"Vocês não sabem o que eu vou passar", diz Miranda
Após confirmar o nome de Ricardo Barros, Luis Miranda disse que "queria ter falado desde o começo", mas temeu o que viria depois. "Vocês não sabem o que eu vou passar, por apontar um presidente da República que todo mundo defende como uma pessoa correta e honesta, e que sabe que tem algo errado, que sabe quem é, mas não faz nada por medo da pressão que ele pode levar do outro lado", disse Luis.
Luis Miranda cita nome de Ricardo Barros
Pressionado após o senador Alessandro Vieira afirmar que Luis Miranda sabia o nome do parlamentar citado por Bolsonaro quando soube das irregularidades nos contratos da Covaxin, Luis cedeu, durante fala da senadora Simone Tebet (MDB), e citou o nome de Ricardo Barros (Progressistas), deputado federal líder do Governo na Câmara.
Pressão por nome de parlamentar
Eduardo Girão questionou o deputado Luis Miranda novamente sobre o nome do parlamentar que Bolsonaro citou ao ouvir denúncia sobre irregularidades na compra da Covaxin. Miranda voltou a afirmar que não se lembra. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) afirmou que "falta coragem" ao deputado para assumir que sabe o nome em questão.
Eduardo Girão fala sobre tensão
O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) disse que em dois meses de CPI, esta sexta-feira (25) foi "o dia mais tenso".
Aziz diz que Bolsonaro prevaricou
Omar Aziz afirma que o presidente Jair Bolsonaro prevaricou (faltou com o cumprimento de dever público) e forneceu informações falsas ao senador Jorginho Mello sobre o caso de Pazuello e investigações contra o ex-ministro.
Bate-boca na sessão
O senador Jorginho Mello (PL-SC) e o deputado Luis Miranda bateram boca na sessão durante questionamento do senador ao depoente. Mello afirmou que Miranda "estava tentando arrumar um momento de glória" e o deputado retrucou afirmando que o senador respondia por crime financeiro. "Vá lavar sua boca, picareta", respondeu Jorginho.
Segue a sessão
Senador Rogério Carvalho questiona os depoentes.
Servidor agiu "de pouca fé", diz Fernando Bezerra
Senador Fernando Bezerra diz que servidor agiu "de pouca fé" ao denunciar a situação ao irmão e diz que são intrínsecos a cargos de confiança os trabalhos à noite e finais de semana. Ele ainda reafirma o compromisso do governo Bolsonaro com "a legalidade e a transparência".
Frederick Wassef
Senadores afirmam que o advogado Frederick Wassef está no Senado, neste momento, sem máscara. O presidente da CPI pede que a polícia legislativa aborde o advogado e solicite o uso da máscara.
Reação de Bolsonaro
Luís Miranda diz que Bolsonaro reagiu como quem não tem "força pra combater" diante da denúncia por ele apresentada, e teria indicado que isso se trata do "esquema de fulano". O deputado disse não lembrar o nome citado por Bolsonaro.
Caso será investigado
Senador Randolfe Rodrigues cita notícia desta sexta-feira (25) de que o presidente Jair Bolsonaro anunciou abertura de investigação pela Polícia Federal sobre o caso denunciado pelo servidor do Ministério da Saúde
Vídeo sobre o deputado Luís Miranda
Humberto Costa, ocupando temporariamente a presidência da CPI, pede a suspensão da exibição de vídeo que mostra o deputado Luís Miranda em reportagem do Fantástico. O deputado era denunciado por aplicação de golpes. A exibição do vídeo foi iniciada pelo senador Marcos do Val.
Precisa Medicamentos
Senador Humberto Costa defende que representantes da Precisa Medicamentos sejam convocados para a CPI.
Motivação do deputado
Senadora Eliziane Gama retoma questão que tinha sido apontada por Marcos Rogério sobre a motivação do deputado federal Luís Miranda para trazer a denúncia à tona. "Depois do que fizeram do meu irmão, (que) todos os servidores públicos se sintam abraçados", disse o deputado. Motivação, ele frisa, é combater a corrupção.
Segue a sessão
Após o senador Izalci Lucas, senadora Eliziane Gama faz questionamentos aos irmãos Miranda
Sessão retomada
Sessão que ouve irmãos Miranda é retomada
Sessão suspensa por 10 minutos
Em meio a um bate-boca, senadores propõem que os irmãos Miranda sejam ouvidos pela CPI em momentos diferentes. Omar Aziz suspende a sessão por 10 minutos pedindo calma aos presentes. E pede ao deputado Luís Miranda que siga o regimento do Senado.
Acusação de Marcos Rogério
Marcos Rogério diz que o deputado Luís Miranda tem uma "motivação" para "criar a narrativa" apresentada à CPI. O deputado federal se exalta.