Legislativo Judiciário Executivo

Com a prisão de suspeitos, entenda os próximos passos na investigação da morte de Marielle Franco

Autoridades policiais consideram que há elementos suficientes para que a denúncia seja oferecida pelo MPF

Escrito por Luana Barros , luana.barros@svm.com.br
Ricardo Lewandowski e Andrei Passos
Legenda: O ministro da Justiça Ricardo Lewandowski e o diretor da PF, Andrei Passos, concederam coletiva de imprensa neste domingo
Foto: Agência Brasil

Após a prisão dos suspeitos de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes neste domingo (24), a Polícia Federal considerada concluída a investigação sobre o crime, informou o diretor da Polícia Federal, Andrei Passos. Os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, além do ex-chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, foram presos suspeitos de serem os mandantes do crime. 

A declaração foi dada em coletiva de imprensa na tarde deste domingo, ao lado do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski

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O relatório final da investigação elaborado pela Polícia Federal contém quase 500 páginas e já consta nos autos do inquérito, que teve o sigilo suspenso também neste domingo pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que é o relator do caso. 

Segundo Passos, o relatório já traz a identificação de quem, segundo as investigações, seriam os mandantes e os executores do assassinato, assim como dos atores intermediários do crime. 

"De fato, a nossa conclusão é essa. Isso encerra essa fase da investigação. (...) Isso não anula que eventuais outras ações possam ser adotadas, a partir das apreensões e análises do material (da operação deste domingo)", explicou. 

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Denúncia e julgamento

"O material que existe deve permitir que o Ministério Público Federal (MPF) apresente uma denúncia, se for o caso, contra todos ou contra alguns (dos suspeitos elencados no texto)", disse Lewandowski. 

Segundo o ministro, não há um prazo para a apresentação da denúncia pelo MPF. Caso a denúncia seja apresentada, ela será remetida ao relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes. 

O magistrado poderá acolher total ou parcialmente a denúncia a ser realizada pelo Ministério Público. Ele irá, então, proferir o voto para ser julgado de forma colegiada pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. 

Neste caso, a análise será feita na 1ª Turma do STF, onde Alexandre de Moraes possui assento. Além dele, integram este colegiado os ministros Luiz Fux, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia. 

'Modus Operandi' da milícia

Apesar de considerarem as investigações do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes concluídas, as informações obtidas durante o inquérito devem ser aproveitadas para elucidação de outros crimes. 

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"O que este relatório policial revela é o modus operandi das milícias no Rio de Janeiro. Um modus operandi sofisticado, complexo, que se espalha por todo o Estado e por várias atividades", disse Lewandowski. "É uma radiografia de como operam as milicias do crime organizado no Rio de Janeiro".

A expectativa, explicou o ministro da Justiça, é de que essas informações poderão ajudar a desvendar outros casos ou pelo menos fornecer para as autoridades policiais um "fio da meada" para seguir nas investigações. 

Um dos pontos destacados por ele é o entrelaçamento das milícias no Rio de Janeiro a órgãos públicos e políticos. "É algo bastante preocupante", reforçou.

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