Bolsonaro fala de encontro com general Theophilo, cearense réu por trama golpista: 'Trocar ideia'
Durante interrogatório ao STF, ex-presidente falou do general da reserva, Estevam Theophilo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) falou sobre o encontro com o general da reserva Estevam Theophilo, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres (COTER) do Exército Brasileiro, durante o interrogatório ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10).
Bolsonaro é o sexto réu a ser ouvido pela 1ª Turma do Supremo do chamado núcleo 1 da trama golpista para impedir a posse do presidente eleito Lula. O grupo é considerado o "crucial" no esquema. O cearense Estavam Theophilo, por sua vez, é réu no núcleo 3, que seria responsável por ações táticas, segundo a denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República (PGR).
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Responsável por conduzir o interrogatório, o ministro Alexandre de Moraes perguntou a Bolsonaro se ele havia convocado ou convidado Estevam Theopilo para uma reunião "sem intermediação do comandante Freire Gomes", na época a frente do Exército Brasileiro.
Bolsonaro iniciou a resposta citando que "a família Theophilo é muito grande" e falou, primeiro, do general Guilherme Theophilo, irmão de Estevam e que foi candidato ao Governo do Ceará em 2018. Depois, ele falou sobre o convite feito a Estevam Theophilo.
"Eu convidei o (Estevam) Theophilo para bater um papo, fazer uma análise da conjuntura, trocar uma ideia, pela consideração que sempre tive para com a família dele, nada mais além disso", garantiu o ex-presidente. Ele reforçou ainda que foi "sem nenhum problema" a conversa com o general da reserva. "Agora quando eu convido uma pessoa, o que é natural, se na cadeia hierárquica tem alguém acima, ele participa", disse.
'Lamentações do então presidente da República'
Estevam Theophilo também havia falado sobre os encontros com o ex-presidente da República em depoimento a Polícia Federal. O conteúdo foi divulgado em março de 2024, após ter sigilo derrubado por Moraes.
Theophilo disse ter participado de três encontros com o presidente, um para tratar de "assuntos corriqueiros", outro para "ouvir lamentações do então presidente da República sobre o resultado das eleições" e um terceiro para entregar um presente institucional ao então presidente.
Estevam Theophilo prestou depoimento à PF, em Fortaleza, no dia 23 de fevereiro. Semanas antes, ele havia sido alvo de busca e apreensão na operação "Tempus Veritatis", por ter supostamente concordado com a tentativa de golpe para manter Bolsonaro no poder. A participação teria sido apontada em conversas apreendidas no celular do ex-ajudantes de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.
O general, no entanto, negou ter encontros pessoais com Mauro Cid e qualquer relação próxima ou de contemporaneidade com Bolsonaro. Sobre as visitas que fez ao Palácio da Alvorada, todas teriam acontecido, segundo ele, após o segundo turno e a pedido do general Freire Gomes, então comandante do Exército.
Quem é general Estevam Theophilo?
Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira é natural de Fortaleza. Ao longo da sua trajetória no Exército, chegou a comandar a 10ª Região Militar (10ª RM), instalada no Centro da capital cearense.
Ele também comandou a 13ª Brigada de Infantaria Motorizada, em Cuiabá (MT), e a 12ª Região Militar, em Manaus (AM), e foi diretor de Educação Técnica Militar, no Rio.
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Ele ascendeu ao comando do COTER em novembro de 2019, quando seu irmão, general Guilherme Theophilo, era secretário da Segurança Pública de Bolsonaro. Estevam Theophilo ficou no cargo até o fim de novembro de 2023, ou seja, prosseguindo no comando durante parte do terceiro Governo de Lula.
Segundo a Polícia Federal, a atuação de Estavem Theophilo seria "fundamental" para a tentativa de golpe por comandar a COTER, maior contingente de tropas sob administração.