Bolsonaro admite danificar tornozeleira: 'Meti ferro quente'
Aparelho eletrônico ficou com marcas de queimaduras.
A Polícia Federal informou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — preso preventivamente na sede da força de segurança em Brasília neste sábado (22) — declarou a agentes ter utilizado um "ferro de solda" para danificar a tornozeleira eletrônica que usa por determinação judicial. "Meti um ferro quente aqui. Curiosidade", confirmou Bolsonaro a uma agente federal em vídeo divulgado hoje pela GloboNews.
Segundo documento, o alerta de violação foi registrado às 0h07 de 22 de novembro, quando o sistema de monitoramento detectou uma possível avaria no dispositivo preso ao tornozelo do ex-presidente. Imediatamente, a equipe de escolta posicionada nas imediações da residência de Bolsonaro, em Brasília, foi acionada, assim como a direção da unidade responsável pela monitoração.
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Ao chegar ao local, policiais penais informaram inicialmente que haviam recebido a alegação de que o dispositivo, usado no pé esquerdo pelo ex-presidente, teria sido danificado após bater em uma escada. No entanto, segundo o relatório, a inspeção presencial contradisse essa versão.
A equipe entrou na casa após acesso autorizado pelo ex-presidente, que acompanhou a verificação em uma área iluminada da sala principal. O documento registra que a tornozeleira não apresentava sinais compatíveis com choque ou queda, mas sim marcas de queimadura ao redor de toda a circunferência, especialmente na área de fechamento do case — parte onde a pulseira se encaixa no dispositivo principal.
Essas características, segundo o relatório, indicam “sinais claros e importantes de avaria” provocados por calor excessivo, incompatíveis com um impacto comum.
Bolsonaro admite uso de ferro de solda
Em vídeo filmado durante a chegada de Bolsonaro à Superintendência da Polícia Federal, para onde ele foi levado preso, o ex-presidente foi questionado por uma agente sobre avarias na tornozeleira: "O senhor usou alguma coisa para queimar isso aqui?".
Ele respondeu: "Eu meti ferro quente aí. Curiosidade". Em seguida, a servidora questionou: "Que ferro foi, ferro de passar?". Ele respondeu: "Não, ferro de soldar, de solda", diz Bolsonaro.
Em seguida, a servidora perguntou se Bolsonaro tentou arrancar a pulseira que prende o equipamento ao tornozelo, e ele negou.
Monitoramento desde julho
Bolsonaro é monitorado eletronicamente desde 18 de julho, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito das investigações sobre suposta participação em articulações golpistas.
O Centro Integrado de Monitoração Eletrônica acompanha remotamente a movimentação do ex-presidente, registrando alertas automáticos em caso de violação, rompimento ou tentativa de manipulação do dispositivo.
A PF deve encaminhar um relatório detalhado ao STF ainda neste fim de semana, para subsidiar eventuais decisões da Corte sobre o caso.