Sarto se lança candidato à reeleição e projeta confrontos: prefeitura 'não é lugar de covardes'

O pedetista fez críticas a adversários, como Evandro Leitão (PT) e Capitão Wagner (União)

O prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), foi oficializado como candidato à reeleição neste domingo (28), ao lado do vice-prefeito, Élcio Batista (PSDB), que também vai disputar novamente o posto de vice na chapa pedetista. Eles reeditam, quatro anos depois, a parceria de 2020.

Em seu discurso, o pedetista atacou os pré-candidatos do PT, Evandro Leitão, do União Brasil, Capitão Wagner, e outras figuras. Sarto ainda fez um balanço dos seus quatro anos à frente da Prefeitura da Capital e se emocionou ao falar da família.

Já na reta final de seu discurso, o prefeito ponderou que a população precisa “cobrar aquilo que é responsabilidade do governo do PT”. Ele avaliou que o Estado enfrenta, atualmente, “um colapso na segurança pública”. “Os homicídios explodiram, as chacinas se repetem, as facções criminosas aterrorizam as famílias e a população, isso é inaceitável”, disse.

Em seguida, acusou o pré-candidato do PT, Evandro Leitão, de “sabotar a CPI do Narcotráfico alegando ter medo”. “Hoje, se nega a entregar o vídeo da sessão que testemunhou sua covardia”, disse. O pedetista se referia à articulação dos parlamentares da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) para implementar, em 2018, uma investigação sobre o narcotráfico no Estado. À época, Evandro era líder do Governo na Casa.

“O gabinete do prefeito não é lugar de covarde, o gabinete do prefeito exige posição, o gabinete do prefeito não tolera omissão, subserviência, e como esse governo do PT não é capaz de cuidar do Ceará, jamais será capaz de cuidar de Fortaleza”
José Sarto (PDT)
Prefeito de Fortaleza e candidato à reeleição

Logo após descer do palanque, em conversa com a imprensa, Sarto ainda ironizou o anúncio de que o presidente Lula (PT) estará na convenção de Evandro.

"Vou revisitar as três últimas eleições. O Lula, semideus do Olimpo, na primeira eleição do Roberto, veio e perdeu, na reeleição do Roberto, veio e perdeu, na minha, apoiou e perdeu. Bem-vindo, Lula, mas vai perder de novo, vai ser tetra" 
José Sarto (PDT)
Prefeito de Fortaleza e candidato à reeleição

O presidente interino do PDT e líder da Maioria na Câmara dos Deputados, André Figueiredo, também criticou a vinda do presidente, tendo em vista que o partido brizolista integra o arco de alianças petista a nível nacional.

"Fortaleza não é prioridade só do Ceará, não, é do Brasil, e quem está na presidência tem que respeitar o PDT, que é parceiro no Governo Federal. Tem que respeitar onde tem nosso principal candidato, não abriremos mão disso", frisou Figueiredo.

Procurado pelo PontoPoder, Evandro Leitão classificou as declarações como "baixaria, ataques e mentiras".

"Infelizmente, o prefeito Sarto, que vem fazendo uma gestão desastrosa, abandonando a parte mais pobre de Fortaleza, tem apelado para a baixaria, ataques e mentiras. Distorce fatos a todo momento. Não entrarei nesse jogo. Farei uma campanha limpa e verdadeira, mostrando para o fortalezense como iremos transformar nossa cidade num lugar mais justo e desenvolvido. É isso que nossa população quer saber", disse o deputado.

Adversários

Durante o evento, Sarto ainda pediu que a população esteja em alerta contra “oportunistas e extremistas que assolam” a cidade. “O Capitão do motins, pelo visto, não se cansa de perder eleição e está indo para mais uma. Agora, ele somou ao seu currículo de desordem uma passagem desastrosa pela Secretaria da Saúde de Maracanaú. E, ao seu lado, desponta também mais um filho de Bolsonaro, dessa vez é um extremista que demonstra em seu vídeo que conhece mais a anatomia humana que os bairros de Fortaleza”, completou.

Na série de críticas aos adversários, o pedetista fez referência à atuação de Capitão Wagner nos motins das forças de Segurança Pública Estadual. Opositores apontam o pré-candidato do União Brasil como liderança ou um dos principais influenciadores dos atos de insubordinação dos agentes.

“Fortaleza vai dizer não à desordem, vai dizer não ao extremismo, vai dizer não à incompetência e à covardia, vivemos numa cidade que graças ao seu talento, à força do seu povo, nunca se rendeu às dificuldades” 
José Sarto (PDT)
Prefeito de Fortaleza e candidato à reeleição

À reportagem, Capitão Wagner também rebateu as declarações de Sarto, defendendo a qualidade de sua gestão na Secretaria de Saúde de Maracanaú. O ex-secretário afirmou que a nota da cidade no Previne Brasil, plataforma ligada ao Ministério da Saúde, subiu de 5 para 9. "Já em Fortaleza, essa nota é 7", completou. 

"Também entregamos medicamentos em casa para pacientes acamados, coisa que em Fortaleza só começou a acontecer no último ano do atual prefeito. Dentre tantos outros resultados positivos, fizemos a saúde de Maracanaú tornar-se referência, tanto é verdade que há muitos casos de pacientes de Fortaleza que procuram a rede de atenção da cidade vizinha na Região Metropolitana da Capital", disse ainda. 

A atitude do futuro ex-prefeito demonstra seu desespero eleitoral, típico de quem só pensa em eleição e que está no mesmo grupo que deteve o poder durante mais de duas décadas e não conseguiu avançar na saúde, mesmo sendo médico. Agora, vem querer fazer em quatro meses o que não fez em quatro anos, mas o fortalezense quer mudança e não cai mais nessa.
Capitão Wagner (União)
Pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza

Gestão

Sarto também fez um balanço dos três anos e sete meses à frente da Prefeitura de Fortaleza. Ele ressaltou que a Capital é a maior economia do Nordeste e uma potência turística e educacional.

“Enfrentamos uma catástrofe sem precedentes na vida brasileira e mundial, a pandemia da Covid-19, arregaçamos as mangas, reabrimos as escolas e ainda tivemos que arrumar as contas da prefeitura, que foram abaladas pela pandemia, que além de ceifar vidas, destruiu nossa economia (...) Mas, juntos, vencemos esses desafios”, reforçou.

Ele ainda listou a implementação do passe livre estudantil, a entrega de dez escolas de tempo integral, 33 Centros de Educação Infantil (CEIs), reformas em todos os postos de saúde, a construção de 18 novos postos, além de dois hospitais.