Para além das tratativas políticas que formarão as alianças partidárias em 2022, os dirigentes estão de olho em um aspecto crucial para a disputa: o fundo eleitoral. Cobiçado pelos caciques Brasil afora, esse recurso público bilionário é moeda de troca importante para as composições, uma vez que ele determina a competitividade em uma eleição sem as coligações para os cargos ao Legislativo.
No Ceará, esse cenário passa por aspectos da disputa em que PT, PDT e o partido União Brasil são as maiores agremiações, protagonizando um xadrez político, também de olho no fundo eleitoral.
No ano passado, o Congresso Nacional aprovou R$ 4,9 bilhões para este fundo — a estimativa sobre os valores de cada partido foi feita com base nos critérios usados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em um cenário no qual as alianças no Ceará ainda estão indefinidas, partidos enfrentam rachas internos para decidir as chapas. Em meio às negociações, o recurso acaba tendo peso significativo na conjuntura e pode ser decisivo.
PT e PDT
De acordo com o TSE, o PT terá R$ 488 milhões para gastar com propagandas, viagens e material gráfico na campanha. O PL, de Bolsonaro, é o segundo partido com mais recurso até o momento, e contará com 285,1 milhões. Já o PDT, do presidenciável Ciro Gomes, aparece com R$ 250,4 milhões.
A continuidade da aliança entre PT e PDT no Ceará em 2022 já foi defendida pelo governador Camilo Santana e por líderes como Ciro e Cid Gomes. Para além de uma parceria política, esse arranjo significa também maior verba no fundo eleitoral - ainda somada a de outros partidos.
Para Antônio Carlos, o Conin, presidente estadual do PT, é crucial que o partido esteja na chapa ao Governo do Estado para poder contribuir com o fundo eleitoral. Dentro do partido, no entanto, existe uma ala protagonizada pelos deputados Zé Airton e Luizianne Lins que defende candidatura própria.
"Nós somos o maior fundo da aliança, evidentemente vamos participar na proporção da nossa presença", assegurou o dirigente.
O PDT pensa sob a mesma perspectiva. O partido tem peso importante, e detém no seu quadro o presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Evandro Leitão, a vice-governadora Izolda Cela, o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, e o deputado federal Mauro Filho. Todos cotados como pré-candidatos à sucessão de Camilo.
O deputado André Figueiredo, presidente da sigla no Ceará, reconhece a importância de pensar no fundo eleitoral para compor as alianças.
"Esse recurso é essencial para qualquer candidatura. O montante da união das siglas será, sem dúvidas, muito importante para a chapa única com os partidos do nosso campo", destacou o parlamentar.
PL indefinido
O PL permanece no Ceará sob o comando de Acilon Gonçalves, prefeito de Eusébio e base do governo Camilo. Com forte atuação na Região Metropolitana, a sigla acomoda deputados bolsonaristas no Ceará. Nos bastidores, no entanto, há dúvidas sobre a permanência de Acilon.
Entra em jogo, nesse aspecto, o Republicanos, que tem para si o recurso de R$ 243,9 milhões do fundo. Acilon já foi sondado pelo presidente Ronaldo Martins, que é vereador de Fortaleza, mas o quadro ainda não está definido.
Atualmente na oposição, o Republicanos poderá, nesse movimento, se integrar à base ou permenecer no antagonismo aos irmãos Ferreira Gomes no Ceará.
Fator MDB
Mesmo sem mandato atualmente, o ex-senador Eunício Oliveira - que recentemente voltou à presidência do MDB -, tem como "moeda de troca " o histórico e o tamanho da estrutura do partido para compor o cenário político cearense em 2022.
Em recente entrevista ao colunista Inácio Aguiar, Eunício disse que agora se prepara para voltar ao embate nas urnas e participa ativamente de conversas sobre a sucessão estadual de 2022.
Nacionalmente, o MDB tem R$ 359,4 milhões de fundo eleitoral. Esse montante acaba fazendo diferença no arco de aliança no qual estiver inserido no Ceará. A aproximação com o grupo da base, no entanto, tende a ser pontual.
Isso porque Euníco é próximo de Camilo e esteve junto com o governador em agendas recentes, mas continua seu antagonismo com os irmãos Ferreira Gomes.
"O MDB tem quadro, tem prefeitos, deputados e tem fundo eleitoral. O meu posicionamento partidário no Estado é com o presidente Lula, não com o PT", completou o ex-senador.
Oposição e União Brasil
Ainda sem comando definido, o União Brasil - junção de PSL e DEM -, tende a ter o maior fundo eleitoral do País, com R$ 776,4 milhões. No Ceará, a sigla é disputada pelo senador em exercício Chiquinho Feitosa e pelo deputado federal Capitão Wagner (Pros).
A disputa pela presidência do partido com maior fundo eleitoral e, portanto, maior estrutura para a campanha, é determinante para traçar a competitividade da oposição nas eleições.
Enquanto Chiquinho Feitosa é aliado do grupo governista no Estado, Capitão Wagner mira o partido de olho na sua pré-candidatura ao Governo do Estado.
O partido, no entanto, ainda precisa ser formalizado junto ao TSE. A expectativa é que isso ocorra já em feveriro de 2022.