No último dia 25 de novembro, durante a inauguração do Hospital Regional do Vale do Jaguaribe, o governador Camilo Santana (PT) logo ao assumiu o microfone agradeceu ao ex-senador Eunício Oliveira (MDB) por ter intercedido quando era presidente do Senado para destravar os recursos para o Hospital.
Mais distante dos holofotes desde que perdeu a campanha de reeleição enquanto presidia o Congresso Nacional, em 2018, Eunício tem usado os eventos de inaugurações de obras que tiveram articulações dele como um trunfo para voltar às disputas eleitorais no próximo ano.
Em conversa com este colunista, ele afirmou que naquele período contemplou com obras e intervenções todos os 184 municípios cearenses, muitas das quais ainda nem foram inauguradas. Eunício também comentou sobre os prognósticos para o ano eleitoral e a posição do MDB no cenário estadual e nacional.
Na época em que esteve presidente do Senado, um correligionário dele, Michel Temer, estava no comando do governo federal. Com trânsito livre em Brasília, o emedebista preparou o terreno para sua campanha de reeleição, tanto que o resultado negativo acabou sendo certa surpresa para os que acompanham a política mais de perto.
Só entre as grandes intervenções, Oliveira elenca a Transnordestina, o metrô de Fortaleza, a reta final da Transposição do Rio São Francisco, o Cinturão das Águas, o teleférico do Horto, em Juazeiro do Norte, além de sistemas de abastecimento de água, estradas e a construção de casas populares no pacote.
Atualmente, Eunício cumpre uma agenda intensa de inaugurações das obras a convite dos gestores.
Planos eleitorais
O ex-presidente agora se prepara para voltar ao embate nas urnas e participa ativamente de conversas sobre a sucessão estadual de 2022.
Embora o partido que comanda no Estado, o MDB, não esteja vivendo o seu melhor momento do ponto de vista estratégico e eleitoral, Eunício aposta que ao fim de março, prazo em que se aproximará o prazo da janela partidária, a primeira importante data do calendário eleitoral, "o partido estará vivo e inteiro".
A aposta que faz tem como contexto as incertezas que afetam os partidos de centro no Estado, exemplos do Progressistas e do PL, cujas posições oficiais ainda são alvos de impasse. As duas legendas apoiam o governo Bolsonaro em âmbito federal e têm parceria com o grupo governista local.
Ambos estão em meio a uma encruzilhada. O caso mais evidente é o do PL que filiou, na última semana, o presidente Jair Bolsonaro. A julgar pelo que já demonstrou, o presidente não deve aceitar que, nos estados, o partido não esteja alinhado aos seus ideais e, portanto, distante de PT e PDT no Ceará.
No momento em que nem a parceria entre PDT e PT está 100% garantida, o MDB pode ser peça considerável. O partido pode se direcionar à oposição ou a uma parceria prioritária com o PT.
Em relação aos demais, a vantagem do MDB é que é improvável uma interferência nacional no diretório estadual comandado por Eunício.
Então, Eunício e o MDB podem voltar a ter peso no jogo de 2022.