Camilo aponta focos no MEC: educação básica, combate à evasão e diálogo com estados e municípios

Na primeira entrevista após o anúncio, o futuro ministro ressaltou que pretende levar experiências implantadas no Ceará para o Governo Federal

Logo após ser anunciado como novo ministro da Educação pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o senador eleito pelo Ceará, Camilo Santana (PT), indicou as áreas e ações que serão prioridade no Ministério da Educação (MEC). O cearense citou que o foco será na educação básica para reduzir os danos provocados pela pandemia, principalmente na evasão escolar. 

Os planos de Camilo Santana incluem, já no início dos trabalhos, uma aproximação com estados e municípios para “repactuar” a educação do Brasil. “Quero convocar, em um primeiro momento, todos os secretários estaduais de educação, levantar todas as obras paralisar, escolas, creches, e vamos discutir. A minha ideia é que seja um ministério de diálogo, de pactuação social e pactuação federativa, acho que isso se quebrou nos últimos quatro anos”, disse Camilo Santana.

O futuro ministro ressaltou ainda que, na discussão sobre o regime colaborativo da educação com estados, municípios e União, pretende levar experiências implantadas no Ceará para o Governo Federal.

“É preciso travar um grande debate com o setor, com especialistas e com a sociedade, porque é uma determinação do presidente colocar a educação básica como prioridade. É preciso ter uma visão sistêmica da educação, da infância à pós-graduação, mas o foco do presidente é na educação básica, da educação infantil ao ensino médio”
Camilo Santana (PT)
Senador eleito e futuro ministro da Educação

Educação básica

Camilo Santana também já adiantou algumas ações que serão prioritárias para a educação básica. “Será um desafio enorme porque o atual governo desorganizou o MEC, não colocou a educação como prioridade e ainda temos um problema sério com as consequências da pandemia para a educação”, ponderou.

De acordo com o petista, um desses desafios será reduzir a evasão escolar. “O Censo Escolar 2021 mostrou que são mais de 650 mil crianças de até 5 anos que abandonaram a escola nos últimos três anos”, ressaltou o ex-governador do Ceará.

Ele ainda sinalizou a intenção de ampliar a rede de educação em tempo integral no Brasil. “Vamos focar nas escolas de tempo integral, apenas 9% das escolas de ensino fundamental do país são de tempo integral. O Ceará, por exemplo, é o primeiro lugar do país, com mais de 33% das escolas de ensino fundamental de tempo integral”, disse.

“Essas escolas, além de dar oportunidade, são uma forma de diminuir a violência, garantir a proteção dessa juventude”, concluiu o futuro ministro da Educação.

Veja anúncio:

A indicação do ex-governador do Ceará foi uma forma de neutralizar uma ofensiva feita pela bancada federal do PT em prol da nomeação do deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG). À época, o nome mais cotado era o de Izolda Cela, contudo, houve resistência por ela não ser um quadro filiado do PT.

Conforme informou o colunista de política Inácio Aguiar, a ex-pedetista ainda deverá ter um papel estratégico no Ministério. Ela deve assumir a Secretaria Nacional de Educação Básica.

Novos ministros

Além de Camilo Santana, Lula indicou ainda novos ministros nesta sexta-feira. Veja lista completa: 

  • Alexandre Padilha (Relações Institucionais) - Deputado federal;
  • Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) - Deputado federal;
  • Jorge Rodrigo Araújo Messias (Advocacia-Geral da União) - Procurador e ex-assessor da ex-presidente Dilma Rousseff (PT);
  • Nísia Trindade (Saúde) - presidente da Fiocruz;
  • Camilo Santana (Educação) - senador eleito e ex-governador do Ceará
  • Esther Dweck (Gestão) - Economista e professora universitária;
  • Márcio França (Portos e Aeroportos) - Ex-governador de São Paulo;
  • Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) -  Vice-governadora de Pernambuco;
  • Aparecida Gonçalves (Mulher) - ex-secretária nacional do enfrentamento à violência contra mulher nos governos de Lula e Dilma;
  • Wellington Dias (Desenvolvimento Social) - Ex-governador do Piauí;
  • Margareth Menezes (Cultura) - cantora, compositora e atriz;
  • Luiz Marinho (Trabalho) - Ex-ministro do Trabalho e Emprego e da Previdência Social no Governo Lula.
  • Anielle Franco (Igualdade Racial) - ativista brasileira e diretora do Instituto Marielle Franco;
  • Silvio Almeida (Direitos Humanos) - advogado e professor universitário, especialista na questão racial;
  • Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio) - vice-presidente da República;
  • Vinícius Marques de Carvalho (CGU) - Ex-presidente do Cade e ex- secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça no governo Dilma.

Ao longo deste mês, o presidente já havia anunciado outros nomes. Veja quem já foi anunciado: 

  • Fernando Haddad (Fazenda) – Ex-prefeito de São Paulo;
  • Rui Costa (Casa Civil) – Governador da Bahia, eleito em 2014 e reeleito em 2018;
  • Flávio Dino (Justiça) – Ex-governador do Maranhão e senador eleito neste ano;
  • José Múcio Monteiro (Defesa) – Ex-deputado federal e ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU);
  • Mauro Vieira (Relações Exteriores) – diplomata com mais de 40 anos de carreira na área, foi chanceler no governo de Dilma Rousseff, de 2015 a 2016;
  • Margareth Menezes (Cultura) – Cantora, compositora e atriz brasileira;
  • Luiz Marinho (Trabalho) – Ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex-presidente do sindicato dos metalúrgicos da região do ABC. Ele também já esteve à frente da pasta entre 2005 e 2007.