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Ações judiciais, rompimentos e trocas de partido: saiba como está a corrida eleitoral em Caucaia

O município é governado, atualmente, por Vitor Valim (sem partido) e pelo vice-prefeito, Deuzinho Filho (União)

Escrito por Ingrid Campos , ingrid.campos@svm.com.br
Legenda: Pré-candidaturas movimentam disputa em Caucaia para 2024
Foto: Divulgação/Alece/Câmara

Segundo maior colégio eleitoral do Ceará, Caucaia deve enfrentar um pleito complexo no próximo ano. As negociações já começaram e apontam para um cenário de intensificação de conflitos iniciados em 2022.  

O município é governado, atualmente, por Vitor Valim (sem partido) e pelo vice-prefeito, Deuzinho Filho (União).

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Ex-Pros, Valim segue sem partido desde o ano passado. Em 2021, o prefeito começou a se aproximar do grupo governista, posição consolidada com a eleição de Elmano de Freitas (PT) ao Executivo Estadual. O bloco é composto, ainda, por PP, MDB, PCdoB, entre outros.

A migração de bloco político causou rusgas na gestão, dificultando a relação com o vice-prefeito, Deuzinho Filho. Recentemente, este reforçou o elo com o grupo comandado por Capitão Wagner e filiou-se ao União Brasil, após deixar o Republicanos. 

Logo em seguida, assumiu a presidência do diretório municipal do partido, o que causou a desaprovação dos vereadores correligionários na cidade. A movimentação indica um caminho que o próprio Wagner, ex-aliado de Valim, confirmou: Deuzinho é pré-candidato à Prefeitura de Caucaia. 

“Nós acreditamos muito em uma candidatura do União Brasil em Caucaia, isso deve ser definido no período devido. [...] Uma candidatura possivelmente de oposição, já que o atual prefeito ainda tem direito à reeleição”, observou o secretário de Saúde de Maracanaú e pré-candidato ao Executivo fortalezense.

Quanto a Valim, contudo, a única definição até o momento é de que ele tentará a reeleição. O Diário do Nordeste contatou a equipe do prefeito para entender como estão as tratativas de filiação e sobre como ele avalia o cenário político que vai enfrentar até o próximo ano. Contudo, não recebeu retorno até o fechamento desta matéria.

Candidatura petista?

Nos bastidores, aponta-se que o pré-candidato do PT também pode ser Weibe Tapeba, secretário especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde e vereador licenciado de Caucaia. 

À reportagem, Weibe disse que lideranças políticas e representantes de movimentos sociais têm aderido à ideia de lhe colocar como pré-candidato, mas o secretário diz que ainda é cedo para certezas. 

“Acredito que ainda está muito longe de tomarmos uma decisão. Todavia, temos nos colocado à disposição do partido na construção de um projeto no município”, concluiu.

O presidente do PT Ceará, Antônio Filho (Conin), disse que a primeira palavra sobre as eleições em Caucaia caberá ao PT de Caucaia, mas que o debate ainda não foi iniciado. 

"O Weibe está fazendo um excelente trabalho no governo federal na Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde se credenciando como um importante quadro do PT de Caucaia e do Ceará. Temos em Caucaia outros petistas com igual competência como a vereadora Enedina, o presidente da CUT CE Wil Pereira", explica o dirigente. 

Prudente, Conin, no entanto, faz ressalvas. "Gostaria de destacar ainda o nosso reconhecimento e respeito ao apoio que o prefeito Vitor Valim deu às candidaturas de Lula, Camilo e Elmano no município. No momento certo o PT de Caucaia irá discutir as eleições no município considerando todos esses elementos".

Da gestão à rivalidade

A crise entre Valim e Deuzinho deve ditar as tratativas locais daqui pra frente. Como os dois compõem grupos opostos, principalmente no aspecto ideológico, as alianças possíveis para cada um também são restritas. 

Deuzinho, por exemplo, aposta no crescimento entre o eleitorado cearense do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do qual é aliado, e do próprio Wagner no Estado. Já Valim tem seguido um caminho de aliança com o PT de Camilo Santana, que inclui o governador Elmano.

Mas o vice-prefeito nega que haja um rompimento, de fato, com Valim, ressaltando que ele despacha normalmente de seu gabinete.

“A nossa pré-candidatura não vem para justificar oposição a ninguém, ela vem em construção na boca das pessoas. [...] Eu sempre digo que para ser pré-candidato a prefeito, tem que ter partido, grupo, viabilidade financeira e coragem de ir para a rua. Até lá se constrói a candidatura”, diz Deuzinho. 

As tensões eleitorais do ano passado também são visíveis na dinâmica do partido com o vereador e primeiro suplente de deputado federal, Vanderlan Alves. Pelo resultado expressivo na corrida à Câmara Federal – foram 53 mil votos no total e 28 mil em Caucaia –, ele é mencionado por correligionários como possível pré-candidato a prefeito.

Contudo, o vereador diz que, pelo atual cenário interno, não deve concorrer a nenhum cargo no próximo ano. Atualmente, ele integra a base de Vitor Valim na Câmara Municipal de Caucaia.

Além disso, em 2022, Alves aproveitou a decisão do diretório nacional sobre neutralidade no segundo turno do pleito ao Planalto e apoiou a chapa petista, na contra-mão de Wagner e seus aliados. 

Já que não vê horizonte de candidatura em 2024, Vanderlan diz que prefere focar na suplência de deputado para ampliar sua participação política. 

Ao Diário do Nordeste, Capitão Wagner afirmou que o União Brasil deve dar oportunidade de oxigenação da bancada partidária não só na Câmara dos Deputados, como na Assembleia Legislativa (Alece).

No topo da lista de suplentes, Vanderlan deve ter prioridade de assumir vaga no Legislativo Nacional, mas até o momento não teve oportunidade de tratar sobre o assunto na legenda.

Ainda na linha de dissidência da gestão de Vitor Valim está a deputada estadual Emília Pessoa (PSDB). Ex-secretária de Governo de Caucaia, ela deixou a gestão para participar do pleito de 2022 e rompeu com o prefeito, disparando críticas à sua administração.

Em 2020, ela concorreu à Prefeitura da cidade, mas ficou em terceiro lugar. Agora, ela se coloca novamente à disposição do partido para a disputa municipal. A postura de oposição deve seguir até o pleito do próximo ano.

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“Somos um grupo aqui de oposição, me mantenho nesse diálogo com o povo de Caucaia, mas descartando qualquer possibilidade de união com o prefeito Vitor Valim”, afirmou. 

O partido deve iniciar em breve as rodadas de reuniões internas para deliberar sobre as estratégias para que o PSDB eleja o maior número de prefeitos.

Decisão judicial

Deuzinho também tem pela frente um embate judicial envolvendo os seus direitos políticos. Recentemente, a juíza Maria Valdileny Sombra Franklin, da 1ª Vara Cível de Caucaia, o condenou ao pagamento de multa de R$ 156 mil, à perda da função pública e à inelegibilidade por oito anos.

Isso porque ele teria sido responsável pela contratação e nomeação de quatro funcionários da Secretaria Municipal de Caucaia, em 2014, quando comandou a pasta. Para a juíza, o atual vice-prefeito agiu “de forma dolosa” e possibilitou o “recebimento pelos demais promovidos dos vencimentos sem o respectivo labor”, em processo sobre improbidade administrativa.

Deuzinho, contudo, está confiante na sua defesa e afirma que já recorreu da decisão. Para ele, o processo tem forte caráter político.

Isso faz parte do processo político onde a gente tem disputa. É uma ação que é de um ato de uma funcionária minha de 2014 (quando foi secretário municipal de Saúde) e só entraram com essa ação em 2021. Só porque eu sou vice-prefeito? [...] Eu coloco isso na conta de quem não quer disputar comigo
Deuzinho Filho
Vice-prefeito de Caucaia

Retorno 

Mas nem só das relações entre Valim e Deuzinho se faz a corrida eleitoral em Caucaia. Derrotado por Valim em 2020, época em que buscava a reeleição a prefeito, Naumi Amorim (PSD) é um dos nomes cotados para a disputa pela gestão caucaiense em 2024. A esposa, a ex-deputada estadual Érika Amorim (PSD), também é cogitada.

Ao Diário do Nordeste, ele informou que o presidente estadual da sigla, Domingos Filho, convidou-lhes para a pré-candidatura, mas a investida ainda é estudada pelo casal.

Os dois estão sem titularidade de mandato no momento. Érika foi candidata ao Senado no ano passado, mas ficou em 3º lugar na disputa, com quase 200 mil votos. Atualmente, é presidente do diretório municipal do partido e responsável pelas empresas da família.

Já Naumi concorreu a deputado federal em 2022 e alcançou 34 mil votos, ficando na segunda suplência do PSD na Câmara Federal.

O ex-prefeito afirmou que existe acordo para que ele assuma uma vaga na Casa em novembro, estratégia comum nos partidos para que os mandatos sejam oxigenados, visando fortalecimento do capital político dos suplentes.

Para isso, Domingos Neto, Célio Studart ou Luiz Gastão devem se licenciar e a primeira suplente, Eliane Braz, vereadora de Iguatu, ceder o lugar. 

O Diário do Nordeste não conseguiu contato com Domingos Filho.

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