Volume de tilápia do CE é 38% das 265 mil toneladas do País

Estado é o terceiro em produção no País, atrás de São Paulo e Paraná, responsáveis por 50 e 70 mil, respectivamente

Escrito por
Redação producaodiario@svm.com.br
Legenda: 180 mil t seria a capacidade de produção do Ceará se aquíferos tivessem 50% do volume

Em meio à seca que assola os estados do Ceará e de São Paulo, dois dos maiores produtores de tilápias do País - além do Paraná -, empresários do segmento se unem em nova entidade nacional, a Associação Brasileira dos Produtores e Processadores de Tilápia (TilápiaBR), para fortalecer a produção cultivada do pescado, a aquacultura. "A produção de peixes no Brasil é pequena para o seu potencial, mas a aquacultura já representa 85% do total, o equivalente a 685 mil toneladas em 2014", assinala o presidente do Conselho de Administração da TilápiaBR, Eduardo Marchesi Amorim, ao destacar o potencial do segmento.

Com produção concentrada atualmente nos açudes Castanhão e Orós em função da seca dos demais aquíferos, o Ceará produz cerca de 35 mil toneladas por ano, e ocupa atualmente a terceira colocação entre os principais estados produtores brasileiros, atrás apenas do Paraná e de São Paulo, que produzem 70 mil e 50 mil toneladas, respectivamente. O volume cearense, no entanto, representa 38% das 265 mil toneladas de tilápia cultivadas no País.

Potencial

Nos últimos dois anos, informa Amorim, a produção de tilápia no País vinha crescendo 17% ao ano, percentual que deve recuar para cerca de 3% em 2014, em decorrência da seca, mas também de entraves burocráticos que ainda travam o setor.

Segundo o presidente da Associação Cearense de Aquicultura (Aceaq), Camilo de Morais Diógenes, em condições hídricas normais, com 50% do volume de água dos aquíferos, o Ceará teria capacidade de produzir 180 mil toneladas de tilápia, quase cinco vezes mais, o volume da produção atual.

"Se nos anos seguintes normalizar o fornecimento de água, a produção volta ao normal e à suprir a demanda", frisa Diógenes, lembrando que atualmente o Ceará tanto vende para outros estados da região, como compra de fora para atender o mercado. De acordo com ele, no Ceará, o quilo da tilápia, na fonte, ainda com vísceras, está sendo vendido por cerca de R$ 5,40, enquanto em São Paulo, o pescado custa para o revendedor, em torno de R$ 4,10.

Desafios

Para dinamizar a produção e ampliar o consumo per capita de pescado no Brasil, atualmente em torno de 10 kg por habitante/ano, alguns desafios ainda precisam ser superados em âmbito nacional. A começar, destaca Amorim, pela redução da alíquota da PIS/Cofins que incide em toda a cadeia, desde os insumos, a ração e até sobre o peixe processado, num efeito cascata, que aumenta os custos e mina a competitividade do segmento de pescados cultivados.

"A (despesa com) ração representa até 2/3 dos custos de produção", alerta Amorim, ao apontar alguns dos principais pleitos da TilápiaBR: lutar por maior velocidade nas licenças e outorgas de áreas de produção nos aquíferos, pelo desenvolvimento de um trabalho de bioseguridade, em parceria com o Sebrae Nacional, para garantir a sustentabilidade do setor; pelo uso de modernas tecnologias, além de buscar melhorar as relações governamentais e a comunicação.

"Mercado consumidor nós temos, o que nos falta são melhores condições para produzir", acrescenta Diógenes. Luta essa que, segundo ele, será reforçada agora, pela TilápiaBR, associação que inicia as atividades com empresas e entidades regionais responsáveis por 30% da produção de tilápia no País.

"Temos parceiros em São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Ceará, Minas gerais e Mato Grosso, estados que respondem por mais de 80% do negócio com tilápia no Brasil. E já iniciamos trabalho de atração de novas empresas para ampliarmos, ainda mais, a representatividade da TilápiaBR", almeja o presidente do conselho do TilápiaBR.

Cenário

“Mercado consumidor nós temos, o que nos falta são melhores condições para produzir”
 
EDUARDO MARCHESI AMORIM, presidente da Tilápia BR
 
Carlos Eugênio
Repórter

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