Varejistas preveem alta de 8% das vendas no fim de ano na Capital

Liberação de saque de parte do FGTS, entrada do 13º salário e baixa taxa de juros devem impulsionar vendas da Black Friday e do Natal, importantes datas para o comércio, Setor de material de construção dá sinais de reaquecimento

Escrito por Redação ,
Legenda: Setores tradicionais como vestuário, calçados e eletroeletrônicos devem se destacar neste fim de ano. Shoppings já preparam decoração natalina Reaquecimento do setor de material de construção está ligado à realização de mais reformas
Foto: Camila Lima

Além da injeção de recursos com os saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a sequência de cortes na taxa básica de juros - que a levaram a um patamar mínimo histórico - devem impactar positivamente o comércio de bens e serviços.

A movimentação financeira relacionada ao setor em Fortaleza deve ser até 8% maior neste fim de ano, considerando eventos importantes no calendário do varejo como a Black Friday e o Natal, na comparação com igual período do ano passado, conforme apontam entidades representativas.

A projeção é do presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves. Ele avalia que as sucessivas quedas operadas na Selic provocaram um reaquecimento do mercado imobiliário que já é perceptível, impactando o varejo de modo geral.

No fim de 2018, pesquisa do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE) apontou a movimentação de R$ 307,4 milhões no comércio varejista de Fortaleza.

Os juros do mercado imobiliário vêm acompanhando as baixas na Selic. Entre o fim do primeiro semestre e início do segundo deste ano, os bancos começaram a operar taxas menores para esse tipo de produto. Na última semana, por exemplo, foi a vez da Caixa Econômica Federal (detentora da maior participação de mercado no ramo de financiamentos imobiliários) anunciar corte nas taxas, que agora variam entre 6,75% ao ano e 8,50% ao ano mais a Taxa Referencial (TR), hoje zerada.

"A gente consegue perceber esse movimento. Quando o consumidor adquire um imóvel, ele vai mobiliar esse bem. Além disso, notamos que o setor de material de construção também fica mais movimentado em decorrência das reformas", explica Cid Alves.

Os saques das contas ativas e inativas do FGTS e o 13º salário do programa Bolsa Família também são importantes no reaquecimento do comércio, na avaliação de Cid Alves. "Nós teremos um fim de ano muito positivo, porque são vários fatores que contribuem para a movimentação da economia", diz. Ele lembra que os recursos permitem que o consumidor possa sair da inadimplência e das dívidas em atraso, voltando a consumir. "A gente acha que pode chegar a um crescimento de 7% a 8%".

A avaliação sobre os efeitos positivos do corte da Selic no reaquecimento do comércio varejista é endossada pelo presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL), Freitas Cordeiro. "Este segundo semestre é historicamente melhor para o comércio em relação ao primeiro semestre. Este ano não vai ser diferente. Temos desemprego decrescendo e juros atingindo patamares nunca alcançados", diz.

Ele também acredita na importância do reaquecimento do mercado imobiliário para o destravamento da economia. "Na compra de um imóvel vem todo o resto, então imagina o reflexo que tem na hora que o consumidor decide comprar um". Do ramo imobiliário, Freitas Cordeiro avalia que as negociações no setor de compra e venda de imóveis estão ocorrendo com maior fluidez no setor. "Quem já tinha um imóvel acaba colocando outro à disposição no mercado", detalha.

O presidente da FCDL-CE vê ainda pela perspectiva da geração de empregos. Com a retomada das vendas de imóveis, novos empreendimentos devem ser mais rapidamente lançados. "O ramo imobiliário emprega muito, tem muita importância na economia".

Segmentos

Ele analisa que os setores tradicionais como vestuário, calçados e eletroeletrônicos devem se destacar neste fim de ano, mas compartilha projeções um pouco mais tímidas para o varejo no período. "Acredito que o varejo deve apresentar um crescimento de 4% nas vendas, que é muito bom para o quadro que a gente vem atravessando. Aqueles períodos de 10% a 15% não vão voltar rapidamente", pondera Freitas Cordeiro.

A procura por esses segmentos durante o fim de ano ocorre, sobretudo, nos shoppings da Capital e nas lojas de rua - que neste feriado de 2 de novembro devem funcionar normalmente, de acordo com o Sindilojas. O Shopping Iguatemi, por exemplo, estima um incremento de 10% a 12% no fluxo de clientes e no volume de vendas nos meses de novembro e dezembro ante igual período do ano passado. No Grand Shopping, a expectativa de aumento nas vendas chega a cerca de 18% - e de 30% do fluxo de pessoas em igual intervalo.

O Shopping Parangaba, por sua vez, projeta um aumento de 15% no fluxo e de 10% em vendas, levando em consideração a Black Friday e Natal. No Shopping RioMar Fortaleza, a expectativa é de alta de 20% no fluxo de clientes e nas vendas em relação ao fim de ano de 2018. No RioMar Kennedy, a projeção é de fluxo e vendas 25% acima do Natal do ano passado. Já no Shopping Benfica, o aumento de vendas previsto é de 18% e do fluxo, em torno de 40%

Nos empreendimentos do Grupo Ancar Ivanhoe (North Shopping Fortaleza, North Shopping Jóquei, North Shopping Maracanaú e Via Sul Shopping), a projeção é crescimento de 6% no fluxo e avanço de 8% nas vendas.

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