Saraiva fecha todas as lojas e demite funcionários; livraria segue com site
Rede já foi a maior do Brasil, mas, atualmente, se encontra em processo de recuperação judicial
A Livraria Saraiva decidiu fechar as lojas físicas remanescentes e demitir todos os funcionários das filiais físicas, nessa quarta-feira (20). O empreendimento já estava dando sinais de crise ao encerrar o funcionamento de dezenas de unidades neste ano, incluindo a última que ainda operava em Fortaleza, no Ceará. A empresa deve seguir somente na versão e-commerce.
A informação foi divulgada pelo portal especializado em mercado editorial Publishnews, que afirma ter tido acesso a e-mails internos e documentos nos quais o departamento de recursos humanos orienta os diretores a encaminhar cartas de demissão aos colaboradores.
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A Saraiva seguia com cinco lojas físicas: quatro no estado de São Paulo e outra no Mato Grosso do Sul, na cidade de Campo Grande. Com a decisão, a Saraiva deve passar a funcionar somente online, através do site da empresa.
A rede editorial já foi a maior do Brasil, com cerca de 100 livrarias funcionando simultaneamente. Atualmente, ela se encontra em processo de recuperação judicial.
Ainda conforme os documentos acessados pelo Publishnews, os funcionários do empreendimento foram desligados sem receber verbas rescisórias — prática que já estaria sendo adotada no fechamento das lojas anteriores.
Nesta sexta-feira (22), deve ser realizada Assembleia Geral Especial de Preferencialistas (Agesp). Uma das discussões previstas é a transformação das ações preferenciais em ações ordinárias. Assim, o controle do empreendimento, atualmente com a família Saraiva, seria transferido para os principais acionistas.
O Diário do Nordeste entrou em contato com a empresa, solicitando detalhes sobre o assunto, e aguarda resposta.
Dívida superior a R$ 670 milhões
Em 2018, a rede de livraria fez o primeiro movimento de fechamento de lojas. Foram 20 num mesmo dia, em outubro. Naquela ocasião, a rede ficou com 84 unidades e com o site. Um mês depois, ela entrou com pedido de recuperação judicial. A dívida revelada naquele momento era de R$ 674 milhões.
Ao longo dos últimos anos, sem conseguir se reerguer, a Saraiva foi encerrando o funcionamento de mais filiais físicas. Nesta semana, a empresa voltou a ser notícia quando alguns conselheiros renunciaram e fizeram acusações contra os controladores da empresa, em carta para Olga Maria Barbosa Saraiva, presidente do Conselho de Administração.
Neste documento, eles mencionavam, também segundo o PublishNews, o "pagamento da remuneração da KR Capital". Esta empresa é que fez a restruturação operacional da Saraiva em 2021, que atualmente trabalha na renegociação das dívidas e que tem entre seus sócios marcos Guedes, CEO da Saraiva.