Requeijão fake invade prateleiras e confunde consumidores; veja os riscos e como saber a diferença
Após visitar alguns supermercados de Fortaleza, a reportagem encontrou a “mistura de requeijão, queijos, gordura vegetal e amido” na prateleira do requeijão
A onda de similares nos supermercados parece atingir uma gama cada vez maior de produtos. Depois do composto lácteo e do soro surgirem como uma alternativa para o leite - cujos preços tiveram uma escalada ao longo de 2022, outros itens se popularizam como uma tentativa de substituir o requeijão.
Após visitar alguns supermercados de Fortaleza, a reportagem encontrou a “mistura de requeijão, queijos, gordura vegetal e amido” à venda. Ainda na gôndola dos frios, estava o “produto cremoso sabor requeijão”, ambos mais baratos em relação ao requeijão tradicional (de outras marcas).
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De acordo com a nutricionista mestre em Nutrição e Saúde pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), Jamile Tahim, ao ir às compras, o consumidor deve estar atento à lista de ingredientes que aparece no rótulo desses produtos. Nessa lista, o primeiro ingrediente é o que aparece em maior quantidade na composição e assim por diante, em ordem decrescente.
“Então, logo entre os primeiros ingredientes o produto contém gordura vegetal, margarina e amido modificado, além de vários aditivos alimentares ao longo da lista. Portanto, não é saudável e nem recomendado o uso por se tratar de um ultraprocessado”, explica Jamile.
Riscos
Ela também detalha os riscos de um consumo frequente do produto, como o desenvolvimento relacionadas ao coração, Hipercolesterolemia, Diabetes tipo 2, entre outras. “Além de serem comumente itens com alta densidade calórica e baixo valor nutricional, não ofertando nutrientes suficientes para a nutrição dos indivíduos. São as chamadas ‘calorias vazias’”.
Enquanto alguns consumidores levam o produto para casa por engano, já que esteticamente as embalagens são bem semelhantes à embalagem de um requeijão, há consumidores que, diante da forte corrosão do poder de compra ocasionada pela inflação dos alimentos combinada ao baixo nível dos salários, não veem outra opção que não seja o consumo de similares.
Preços
Isso porque os similares apresentam preços menores em relação aos preços dos produtos considerados “originais”. No caso dos produtos semelhantes ao requeijão, os preços observados foram R$ 4,59 e R$ 4,69 (200g), enquanto os que eram descritos de fato como requeijão eram vendidos acima de R$ 6 (200g).
O economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE) Ricardo Coimbra, pontua que até é esperado um arrefecimento do processo inflacionário para os próximos meses, mas que o índice ainda assim vai fechar o ano em patamar elevado, de 6,5%. Além disso, para o próximo ano ainda há uma expectativa de que inflação fique em 4%.
“Nós não temos visto uma perspectiva de recuperação significativa do poder de compra e boa parte da população tem um nível de renda relativamente baixo, muito comprometido com a subsistência. Isso faz com que essas pessoas estejam a todo momento fazendo um reordenamento das despesas”.
Nesse contexto, a busca por substitutos se mostra como uma estratégia para não deixar de consumir determinados produtos.
“Nós não tivemos nos últimos três anos e não vamos ter no próximo a recuperação do salário mínimo, apenas reposição da inflação, e os produtos, principalmente os alimentares, vem subindo acima da inflação”, reforça Coimbra. “Essa é uma tendência que permanece ao longo dos próximos meses: um nível de desemprego alto, taxa de juros elevada e um nível de renda sem ser suficiente para recuperar as perdas inflacionárias”, arremata.