Plano de saúde para pet é opção para economizar; valores variam de R$ 65 a R$ 344

Apesar de vantagens, os planos precisam estar homologados no Conselho Regional de Medicina Veterinária

Escrito por Lívia Carvalho , livia.carvalho@svm.com.br
Legenda: Planos oferecem diversos serviços desde consultas a vacinas
Foto: Shutterstock

Embora ainda tenha um mercado pequeno e pouco conhecido no Ceará, o ramo de planos de saúde para pets é uma alternativa de economia para os tutores dos bichinhos. Em Fortaleza, as opções oferecidas têm valores variados entre R$ 65 a R$ 344 com cobertura de consultas e exames, por exemplo.  

Tutor do shitzu Francisco, de 4 anos, o corretor de seguros, Luciano Bento, aderiu a um plano de saúde para o pet há três anos e estima que já economizou entre R$ 4 a R$ 5 mil com consultas, exames e outros procedimentos, isso porque o cãozinho apresenta diversas alergias desde que nasceu.  

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“Sempre que ele tinha algo, precisava levar na médica veterinária, fazer exames, eram muitos gastos. Para mim, valeu demais a pena, porque teve caso que precisei levá-lo para emergência que gastei mais de R$ 1000 e o plano pago R$ 75 por mês, então financeiramente compensa muito, fico tranquilo”. 
Luciano Bento
corretor de seguros

O corretor explica que, além do uso para emergências, Francisco faz um check-up geral pelo menos duas vezes ao ano e consultas a cada três meses. O plano ainda inclui a cobertura de algumas vacinas e exames.  

Legenda: O shitzu Francisco, de 4 anos, tem plano de saúde há três ano para check-ups e consultas anuais
Foto: Arquivo pessoal

Atendimento longe de casa  

Já para o empresário Marcos Santana, tutor da beagle Gloria, a economia não compensou pela distância dos profissionais e estabelecimentos credenciados aos planos da casa dele, no bairro Cocó.  

“Quando a Gloria chegou, eu tinha muitas dúvidas com relação à saúde dela. Procurei uma veterinária que virou a médica dela e me esclareceu algumas coisas. Alguém me sugeriu o plano de saúde, mas começamos a perceber que muitos deles só têm a cobertura mais distante de casa e não compensaria o valor”.  
Marcos Santana
empresário

Santana pontua que, talvez, o plano seja mais benéfico para aquele pet que tenha algum problema de saúde que necessite acompanhamento frequente ou tenha risco de precisar de emergência.  

Legenda: Para Marcos, fazer o plano de saúde para a beagle Gloria não compensou
Foto: Arquivo pessoal

Potencial para crescimento 

Com mercado pequeno, o setor, contudo, vê possibilidade e potencial de expansão no Estado com crescimento de interesse por animais de estimação. 

Há pouco mais de um ano, o empresário Guilherme Paraense viu a oportunidade e abriu uma franquia do plano Pet Mais Vida na Capital cearense. Até o momento, a empresa conta com quase 300 clientes ativos com projeção de crescimento para 1000 até o fim de 2022.  

“Tenho uma empresa de assessoria para quem quer abrir franquia e, em uma das feiras que participei, vi que o mercado pet é uma boa aposta e há uma carência em Fortaleza de serviços como esse. Achei que a modalidade era legal e resolvi apostar”, conta.  

Após sentir o potencial do mercado, mesmo iniciando as operações durante a pandemia, Paraense investiu em uma unidade física, que deve ser inaugurada em janeiro do próximo ano, para atender ao cliente interessado em aderir ao plano, além de um consultório para atendimentos dos pets.  

Início de dificuldades 

O empresário relata que, logo no início das operações, houve um pouco de dificuldade pela desconfiança das pessoas com relação ao serviço.

“De novembro até janeiro houve um pouco de resistência, porém logo em seguida os planos passaram a ser mais usados e a desconfiança deixou de existir”.  

“Considerando todos os fatores, há uma boa quantidade de adesão, estamos tendo também pedidos de outras regiões, como Caucaia, Itaitinga, Beberibe, Cascavel e Aracati, e o atendimento desses municípios está dentro do nosso planejamento estratégico”. 
Guilherme Paraense
empresário

Atualmente, de acordo com Paraense, há 30 profissionais e clínicas credenciadas para o atendimento dos animais de estimação, com meta de expansão para 50.  

Medicina preventiva 

Outra opção na Capital é o PSA – Plano de Saúde Animal, criado 2011. Graça Quadros, sócia-gerente, explica que, na época, percebeu uma lacuna na cidade deste ramo.

“Tenho nove filhos de quatro patas e me chamou atenção eu não ter a possibilidade de fazer um plano para eles”, diz. 

Assim como Paraense, a empresária afirma também sentir uma mudança de comportamento dos tutores de pet com relação aos cuidados do animal nos últimos anos, mas relata que logo no início do funcionamento da empresa não havia muita adesão.  

"Hoje, existe uma preocupação de adquirirem um plano para que possam dar os cuidados necessários para dar uma longevidade ao pet. O nosso plano não trata apenas de doenças, se preocupa a dar dicas de medicina preventiva”. 
Graça Quadros
sócia-gerente

Neste momento, o plano já conta com mais de 1000 clientes ativos, mais de 50 estabelecimentos e cerca de 200 profissionais credenciados.  

Legenda: Com mudança de comportamento, mercado vê potencial de crescimento
Foto: Arquivo pessoal

Como funciona?  

No caso da Pet Mais Vida, são oferecidas oito modalidades de plano a partir de R$ 65. “Nossos planos são pacotes e serviços determinados com uma quantidade anual e mensal definida. Já oferece alguns procedimentos sem carência, principalmente consulta e atendimento 24h”, destaca Paraense.  

O valor do plano mais completo é de R$ 344, que inclui vacinas, consultas, exames, internação e até serviços de banho e tosa, e cada modalidade varia conforme a raça e o porte do animal.  

Já no PSA, todos os três tipos de planos (ouro, prata e bronze) oferecem os mesmos serviços. O que muda é a quantidade de consultas e retornos.

Os valores vão de R$ 67 a R$ 322. “Em cada plano tem uma cota que você pode utilizar, no plano básico tem quatro consultas por ano e quatro retornos, por exemplo, no plano ouro esses serviços são ilimitados”, explica Quadros.  

Além disso, há pacotes com preço reduzido para quem quer aderir ao serviço para mais de um pet e oferece o microchip com certificação para identificação do animal.  

Planos são regulamentados?  

Apesar de trazer vantagens para tutores e animais, é importante ficar atento às características de cada plano para saber se é realmente confiável. O presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Ceará (CRMV-CE), Francisco Atualpa Soares Júnior, alerta que todos os planos devem ser homologados ao conselho para poderem funcionar.  

“A regulamentação do plano de saúde é extremamente frágil, pois não existe um órgão regulatório, quem faz a fiscalização é o próprio Conselho. Com isso, acaba que não existe um padrão para os serviços oferecidos. Há essa preocupação com relação ao prejuízo para o consumidor”.  
dr. Francisco Atualpa Soares Júnio
presidente do CRMV-CE

Segundo o presidente, a inscrição no Conselho possibilita que a empresa seja fiscalizada quando necessário. Além disso, há um respaldo de ter a necessidade de um responsável técnico, que deve ser um médico veterinário.  

"Qualquer coisa que possa acontecer, a responsabilidade será desse profissional, por isso, dificilmente um médico veterinário vai assumir isso sabendo das possibilidades negativas que podem acontecer. É fundamental saber o histórico da empresa e se há a inscrição no Conselho”, conclui.  

 

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