Petroleiros do Estado querem parar a Lubnor
Ameaça de greve deve agravar crise no País, que já sofre com a paralisação dos caminhoneiros
Aderindo à convocação de paralisação em todas as refinarias do Brasil, os petroleiros do Ceará vão realizar uma manifestação na entrada (portão A) da Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), no Mucuripe, a partir das 7h desta quarta-feira (30). A categoria reivindica preços mais baixos de todos os combustíveis, para além do diesel, redução da capacidade ociosa de refino em todo o País, e defendem uma política de preços mais condizente ao patamar salarial da grande massa de consumidores brasileiros.
Inicialmente, os principais prejudicados serão os empresários, tendo em vista que a produção de gás natural de petróleo no terminal de regaseificação do Pecém deve ser comprometida. Sem o insumo para produzir energia pelas as usinas térmicas, os empresários terão que recorrer a outras alternativas, como o diesel, ou comprar energia da Enel, afirma o presidente do Sindicato dos Petroleiros dos estados do Ceará e do Piauí (Sindipetro-CE/PI), Jorge Oliveira.
Impacto
Ele estima que a paralisação, prevista a priori para se estender até o dia 1º de junho, deve contar com 99% de adesão dos 400 petroleiros ativos no Estado. "Seja na Lubnor, que é nossa única refinaria do Estado, na unidade de regaseificação do Pecém, na Transpetro do Maracanaú, ou nas nove plataformas de petróleo em Paracuru, toda a categoria em todas as bases do Ceará deve aderir ao ato".
Além de impactar na produção de gás natural para a indústria, a paralisação dos petroleiros deve estagnar a fabricação de lubrificantes à base de asfalto na Lubnor. O ato ocorre em paralelo ao 10º dia de greve dos caminhoneiros. O que pode vir a agravar o abastecimento de combustíveis. "O impacto maior vai ser em cima dos empresários porque pode ser que falte gás para as empresas, mas a população só deve ser afetada se a paralisação se estender, pois vamos deixar de produzir gasolina, diesel".
Reivindicações
Caso a Petrobras não acene para um acordo com os petroleiros diante das reivindicações impostas pela categoria, complementa, uma greve será deflagrada na semana que vem "por tempo indeterminado".
"Nossa reivindicação também é para que a Petrobras deixe de comprar derivado externo e refine toda a nossa demanda dentro das nossas unidades. A gente poderia refinar 100% do nosso petróleo, gerando mais combustível a preço que a nossa nação possa pagar, mas hoje refinamos menos de 70%", afirma o presidente do Sindipetro-CE/PI.
Para Oliveira, a política de preços adotado hoje pela Petrobras, "que é uma empresa pública", está voltada para a exportação, para o lucro, "transformada em uma empresa privada". "A solução não é reduzir ICMS, Cide, Pis/Cofins, mas mudar a política de preço do petróleo e retirar o Pedro Parente (da presidência da Petrobras)", defende.