Perto da chegada do 5G em Fortaleza, nem metade da área do Ceará tem cobertura 4G
Tecnologia deve chegar a capital até o dia 29 de setembro. Áreas rurais ainda carecem de cobertura 4G
Com promessas de inovações que vão desde internet mais rápida até cidades inteligentes, o 5G já chegou ao Brasil (em Brasília). A tecnologia deve aportar em Fortaleza e outras capitais até o dia 29 de setembro deste ano e a implantação em todo o país deve se estender até 2029.
Chegando perto da data de chegada do 5G no Ceará, grande parte da área do estado ainda não tem nem cobertura 4G. De acordo com o panorama da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o acesso ao 4G está disponível em 43,56% da região.
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Mesmo com a baixa cobertura de área, o cenário é um pouco melhor quando se compara o número de moradores com acesso ao 4G. Conforme a Anatel, 88,97% dos cearenses conseguem acessar a internet 4G.
Todos os municípios possuem alguma cobertura da tecnologia, mas a área rural é a mais afetada. Apenas 42,12% da região rural tem disponibilidade de internet 4G, abrangendo 59,60% dos moradores dessas áreas.
Para especialistas, essa situação deve mudar com a chegada do 5G, já que o edital estabelece que as operadoras implantem tecnologia 4G ou superior em áreas ainda sem cobertura, como é o caso de rodovias.
Confira cidades com maior e menor cobertura 4G no estado
Maior cobertura
- Fortaleza: 100%
- Eusébio: 100%
- Pindoretama: 99,92%
Menor cobertura
- Poranga: 11,41%
- Jaguaretama: 13,91%
- Paramoti: 14,81%
Baixa cobertura de área
O professor do programa de pós-graduação em engenharia de teleinformática da UFC, Victor Farias Monteiro, explica que o Ceará é muito heterogêneo, o que explica a baixa cobertura em área.
“Como tem população mais concentrada, não precisa cobrir todas as regiões, apenas onde há população”, destaca. Ele opina que sequer há a ambição de cobrir 100% da área, visto que não há população em toda a extensão do estado.
Segundo ele, a área rural e as rodovias são onde há maior necessidade de melhorias. Ele faz o adendo que as regiões urbanas e rurais têm problemas distintos com relação ao acesso à internet.
Os centros urbanos são muito bem providos de cobertura. Mas como tem muitas pessoas tentando acessar a rede ao mesmo tempo, a rede da operadora pode não ter uma vazão, tem que ser analisado de operadora para operadora. Nas áreas rurais o que precisa ser melhorado é a questão da cobertura em si".
A baixa presença do 4G em regiões rurais é explicada tanto pela menor viabilidade econômica de implantação por parte das empresas como pela dificuldade de acesso a algumas áreas para instalação de antenas. A chegada do 5G vem também para contornar essa situação.
“O leilão do 5G também traz contrapartida para as operadoras com relação ao 4G. Para instalar o 5G, a operadora também tem que instalar a rede 4G em algumas áreas predeterminadas que ainda não estão cobertas. A expectativa é que até 2029 todas as rodovias do país tenham internet 4G”, coloca.
O especialista em segurança cibernética Alex Rabello acrescenta que o 5G também ajuda a internet a chegar em regiões mais distantes devido à existência de diferentes faixas de frequência.
Ele considera que localidades que ainda não têm acesso ao 4G devem receber de pronto a instalação do 5G por simples viabilidade econômica.
Estrutura para a chegada do 5G
O 5G será instalado mais facilmente em regiões que já contam com o 4G, já que a tecnologia pode utilizar a mesma infraestrutura disponível. Mas, não é necessário que uma área já tenha 4G para poder receber a nova tecnologia.
Precisa mudar pouca coisa, porque como o 5G trabalha com 4 frequências diferentes, atende um raio maior. Consegue alcançar um raio de 20, 50 km de distância tranquilamente".
Para Victor Farias, o reaproveitamento da estrutura do 4G deve ocorrer por viabilidade financeira, mas para que o 5G alcance o potencial completo é necessária a construção de um maior número de torres.
Isso porque a versão mais rápida do 5G é a de frequência de 26 GHz. Mas, quanto maior a frequência do sinal, menor o alcance e, consequentemente, maior a necessidade de torres para possibilitar a cobertura.
“A torre eu consigo usar a mesma do 4G, mas tenho que colocar em cima dela uma antena específica do 5G. Utilizo a mesma torre, mas para utilizar o 5G em sua capacidade total, precisa de mais torres. Esbarra um pouco na questão de legislação, em muitas áreas não pode instalar mais antenas”, pondera.
Ele considera que a instalação do 5G na estrutura já existente do 4G é uma porta de entrada que possibilitará uma internet mais rápida, mas revoluções como rede fixa sem fio e objetos inteligentes dependem de versões mais avançadas da tecnologia.