Pecém negocia com petroleiras para ser ponto de apoio até o pré-sal
Executivos da Cipp S.A estiveram em São Paulo, na última semana, negociando com empresas para que o porto cearense se credencie e se torne base terrestre de apoio para as embarcações que seguem até o Sudeste
O Porto do Pecém está se credenciando para poder realizar operações relacionadas a petróleo e gás natural. O objetivo é claro: estar capacitado para servir de apoio terrestre a empresas que forem explorar os blocos de pré-sal já leiloados pelo Governo Federal.
O processo poderá trazer para o terminal cearense o contrato direto com oito empresas de fora do País, que começariam a operar no início de 2020.
A informação foi confirmada por Carlos Alberto Alves, gerente da Tecer Terminais Portuários, braço operacional do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp S.A.).
Os valores dos contratos, ainda em estágio inicial de negociação, e que podem gerar grandes aportes na economia do Estado, não foram revelados. Contudo, com a oficialização do serviço, o Porto do Pecém adicionaria mais uma operação à lista integrada pelo terminal.
As negociações entre cearenses e empresários foram realizadas durante a Intermodal 2019, uma das maiores feiras internacionais de logística, transporte de cargas e comércio exterior, que aconteceu em São Paulo, na última semana. O evento, que está sendo realizado em São Paulo, é considerado por alguns executivos da indústria como uma plataforma estratégica para a geração de novos negócios, e neste ano teve o stand do Cipp S.A. Como um dos destaques da Feira.
Ponto estratégico
"Estamos nos consolidando para atender a 50% das empresas que irão explorar os blocos de pré-sal no Nordeste. A gente imagina que o processo de credenciamento seja fechado antes do meio deste ano para confirmar os contratos até agosto com oito empresas. Assim, devemos iniciar as operações no primeiro trimestre de 2020", disse Carlos Alberto, em entrevista exclusiva ao Sistema Verdes Mares.
A intenção da administração do Porto é transformar o terminal cearense em um novo polo de apoio a essas operações de petróleo, assim como o Porto de Macaé, mas na região Nordeste.
"Essa operação vai levar o Pecém para um novo patamar, mas é um processo lento. A Tecer é especialista em desenvolvimento de projetos e buscamos todas os lados importantes para gerar essa ambiência de negócios lá no Pecém", afirmou Alves.
Entrada de cargas
Segundo afirmou o presidente do Cipp S.A., Danilo Serpa, um dos objetivos da administração do complexo é fazer com que o Pecém seja a porta de entrada de todos os tipos de cargas para as regiões Norte e Nordeste. "Com a entrada de Roterdã (na gestão do Cipp), nós ganhamos um destaque grande com armadores e outros operadores (portuários)", disse. Ele também esteve na Intermodal, em São Paulo, na semana passada.
"As pessoas têm vindo conversar muito sobre a nossa estrutura e o que temos a oferecer. A estrutura do complexo está pronta para receber novas empresas e tudo isso coloca o Pecém em um local de destaque", disse o presidente do Cipp S.A.
Sobre a capacidade para fazer operações voltadas para o setor de óleo e gás, Serpa informou que o porto tem infraestrutura para receber essas movimentações.
Planos do Governo
Entre os planos do Governo para o Cipp, está a instalação de uma refinaria de petróleo, de uma indústria petroquímica e de uma unidade de regaseificação de gás natural, que vem sendo tentada há décadas. Além disso, no início do ano, o governador do Ceará, Camilo Santana, reafirmou a intenção de transferir todo o parque de tancagem de combustíveis, hoje instalado no Mucuripe, para o Pecém, concentrando o armazenamento de combustíveis no complexo do Pecém.
A ideia é conceder benefícios para investimento previsto que seria da ordem de R$ 600 milhões.