Oportunidade de negócio e comodidade: lavanderias de autosserviço são tendência em Fortaleza

Com preço acessível e 358 unidades em Fortaleza, consumidores estão optando por lavar roupa fora de casa

Escrito por Paloma Vargas , paloma.vargas@svm.com.br
Autosserviço deixa lavagem mais barata e acessível
Legenda: Autosserviço deixa lavagem mais barata e acessível
Foto: Thiago gadelha

Há alguns anos as lavanderias de autosserviço saíram das telas do cinema e das séries norte-americanas e vieram para as ruas das cidades brasileiras. Em Fortaleza, não foi diferente. Além de estarem nas grandes vias da cidade, o serviço já pode ser encontrado em bairros 100% residenciais e é alternativa para quem não tem espaço para ter máquina de lavar e secador de roupas em casa, ou que não tem tempo na sua rotina para se dedicar a essa atividade.

O contador Flavio Vieira, 43 anos, mora sozinho e optou por não ter máquina de lavar em casa por conta do espaço que ocuparia. Usuário há dois anos, ele considera o serviço "muito barato". "Lavam-se umas 25 peças de roupa por R$ 14".

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Ele comenta que vai à lavanderia de autosserviço de uma a duas vezes por semana e, no seu orçamento no final do mês, o gasto contabilizado varia entre R$ 100 e R$ 150. "Ao computar o consumo de energia, sabão e amaciante e o custo da máquina, prefiro gastar R$ 150 por mês numa lavanderia de autosserviço."

De acordo com um relatório da Research and Markets, o setor das lavanderias vem crescendo no mundo todo e deve atingir a marca de 145,8 bilhões de dólares em 2031. Segundo um levantamento da plataforma Empresa Aqui, atualizado em fevereiro deste ano, Fortaleza conta com 358 empresas do segmento de lavanderias. Entidades ligadas ao setor apontam que cerca de 5% da população brasileira faz uso habitual desse serviço, e que o mercado de lavanderias é um segmento em expansão, que tem nas franquias também um alicerce de crescimento no País.

Aqui vale lembrar que há pelo menos dois modelos mais populares deste serviço. O primeiro é aquele que se propõe a lavar peças maiores, como edredons e cortinas, ou mais delicadas, como roupas de festa e bordadas. Já o segundo é este do qual se nota um crescimento, e que tem uma proposta bem mais simples: são salas equipadas com máquinas de lavar e secar, produtos como o sabão e amaciante já medidos automaticamente para um ciclo completo e uma mesa para o consumidor organizar suas peças e levar para casa.

Investimento no próprio negócio

Há 13 meses, Christiane Pitombeira, 53 anos, empreende no ramo de lavanderia de autosserviço com a LavEasy, na rua Costa Barros, no limite entre os bairros Aldeota e Meireles. Com a sua marca própria, ou seja, sem ser franqueada, ela se diz satisfeita com os resultados, que são diretamente ligados ao número de consumidores que utilizam o serviço no mês. 

A empreendedora já programa uma expansão na loja existente ou ainda abrir uma segunda unidade. Questionada sobre o incremento do setor, Christiane comenta que vê com otimismo, já que "apesar das muitas (lavanderias) já existentes, os clientes buscam proximidade de suas residências ou trabalhos, o que abre mais possibilidades para empreender".

Sobre desafios, a empresária afirma que, por não ter funcionários no local, um dos maiores gargalos do seu empreendimento é fazer o usuário respeitar as regras de uso, como o limite de peças do cesto medidor. Um dos diferenciais da sua loja é ser 24 horas, o que lhe proporciona ter um fluxo variado de pessoas.

Desafio é fazer consumidor respeitar quantidade de roupa por serviço
Legenda: Desafio é fazer consumidor respeitar quantidade de roupa por serviço
Foto: Thiago Gadelha

"Nos beneficiamos de estar em um centro comercial que oferece vigilância noturna, e também com a privilegiada localização de ser em frente a um distrito policial. Durante a semana, o primeiro maior fluxo é a partir do fim da tarde, por volta das 17h até as 22h. Mas também tem movimento pela manhã cedo. Nos finais de semana é bastante variável", explica.

Já sobre o perfil do usuário, a empresária comenta que há turistas, pousadas e hotéis, famílias, solteiros e estudantes. Ela acredita que o sucesso do negócio tenha ligação direta com a facilidade de uso e a qualidade de entrega.

"Quando estou por lá, a maioria me fala a mesma frase: 'é vida!', então acredito que primeiramente seja a facilidade. Pois respeitando o limite do cesto medidor, a roupa sai limpa e cheirosa. E quando usam a secadora, também tem suas roupas higienizadas pelo calor, e sem a necessidade de passar. Mas também tem a economia de água e energia, e a qualidade dos produtos profissionais, com tecnologias que cuidam dos tecidos."

Franquia é modelo de empreendedorismo

No ano passado, a nutricionista Érica Ismenia, 44 anos, iniciou a sua jornada empreendedora, buscando um investimento que refletisse seus princípios e metas financeiras e teve na lavanderia de autosserviço os seus quesitos preenchidos.

Espaços sem funcionários geram autonomia do cliente
Legenda: Espaços sem funcionários geram autonomia do cliente
Foto: Divulgação/ 5àsec

“Curiosamente, foi minha irmã, que já é empresária, quem percebeu quão bem este negócio se encaixava comigo. Por conta da minha afinidade com a limpeza, que orientou minha escolha por uma carreira em vigilância sanitária, focada na saúde da população e ao meio ambiente. O modelo de autosserviço e o compartilhamento de espaços e equipamentos que a Lavpop oferece atendem perfeitamente às demandas atuais, promovendo o uso inteligente e consciente dos recursos.”

No próximo dia 12, Érica inaugura a sua primeira lavanderia, na avenida Ministro José Américo, Parque Iracema, franqueada do grupo 5àsec (francesa e uma das maiores redes franqueadas de lavanderias do mundo, que completa 30 anos de Brasil este ano). Questionada sobre as expectativas, ela comenta que seu objetivo é “tornar a loja uma referência na comunidade, reconhecida pela excelência de nossos produtos e serviços, que harmoniza economia, ética e responsabilidade”. 

Autosserviço aquece o mercado

“O mercado de lavanderias está bastante aquecido e em crescimento. Cada vez mais temos investidores interessados em abrir um modelo”. A afirmação é do vice-presidente de Operações e Vendas de 5àsec Brasil, Alex Quezada.

Ele aponta vários fatores que contribuem para a ampliação deste mercado, como o crescimento vertical das cidades e com apartamentos cada vez menores, falta de mão-de-obra para serviços domésticos, casais em que ambos trabalham fora, entre outros fatores que fazem com que os consumidores desejem ter mais tempo para eles e menos tempo lavando roupas.

Alex Quezada, vice-presidente de Operações e Vendas de 5àsec Brasil, afirma que Fortaleza tem 22% dos pontos de venda que a marca tem em toda a região Nordeste
Legenda: Alex Quezada, vice-presidente de Operações e Vendas de 5àsec Brasil, afirma que Fortaleza tem 22% dos pontos de venda que a marca tem em toda a região Nordeste
Foto: Daniel Barreto/Divulgação

Quezada revela que o grupo  5àsec Brasil, no Ceará, possui unidades apenas em Fortaleza. Estas representam 22% dos pontos de venda que a marca tem em toda a região Nordeste. “No momento, totalizamos nove lojas na cidade, sendo oito em funcionamento e uma Lavpop Autosserviço com inauguração programada para março”.

Já questionado sobre a rentabilidade do negócio, o vice-presidente de Operações e Vendas ressalta ser “extremamente rentável”, apontando uma média estimada entre 25% e 30%, com rentabilidade média mensal de 2,8% ao mês.

“É um modelo de negócio com alta capacidade de lucratividade, gerando uma rentabilidade maior do que produtos financeiros do mercado de capitais”, exemplifica.

Quezada ainda comenta que no seu primeiro ano, o franqueado pode ter uma média de faturamento, para uma unidade de autosserviço, estabelecida de R$ 20 a R$ 25 mil, podendo variar conforme a cidade e operação do franqueado.

O executivo pondera que atualmente, há uma grande mudança no mercado de autosserviço, com a entrada de novas marcas que acabam aquecendo o mercado. “Há espaço em todo o Brasil para a expansão, inclusive em Fortaleza e outras cidades do Ceará. No nosso caso, temos modelos de negócios que se adaptam às realidades diferentes do nosso país”.

 

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