Nova lei do ICMS pode aumentar inflação no longo prazo, aponta Copom

O comitê aumentou a Selic em 0,5 p.p. e demonstrou preocupação com as políticas fiscais a longo prazo

Escrito por Redação ,
Legenda: Para o BC, as medidas tributárias em tramitação "reduzem sensivelmente a inflação no ano corrente, embora elevem, em menor magnitude, a inflação no horizonte relevante de política monetária"
Foto: Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realizou nesta quarta-feira (15) mais uma alta na taxa básica de juros, que alcança o patamar de 13,25% ao ano. O comunicado expressou preocupação com as novas políticas tributárias em tramitação, que trazem um cenário de incerteza. 

Na análise do Copom, a nova lei do ICMS pode reduzir a inflação a curto prazo, mas pode acirrar a pressão no longo prazo. 

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“Avaliou-se que as medidas tributárias em tramitação reduzem sensivelmente a inflação no ano corrente, embora elevem, em menor magnitude, a inflação no horizonte relevante de política monetária. O Comitê avalia que a conjuntura particularmente incerta e volátil requer serenidade na avaliação dos riscos”, informou o comunicado. 

Para o economista-chefe da XP, Caio Megale, o comunicado demonstra a percepção do Banco Central acerca dos projetos que tramitam no Congresso para redução de impostos. 

“Nossa avaliação é de que o Copom não avalia as medidas como algo que ajude no desafio de trazer a inflação para a trajetória de metas ao longo do tempo”, percebe. 

A chefe de economia da Rico, Rachel de Sá, complementa que as medidas terão um efeito na inflação deste ano por reduzirem os preços dos combustíveis, mas pioram a inflação do ano que vem e o risco fiscal

“Afinal, a zeragem de impostos é proposta como temporária, e reduções permanentes de impostos precisarão ser compensadas no futuro de alguma forma – ou com mais dívida, ou com aumento de outros impostos”, avalia. 

Alta esperada 

A alta de 0,5 p.p. na Selic vem em um contexto de inflação generalizada no país. O aumento nesse patamar já era esperado e, para o economista-chefe da Messem, Gustavo Bertotti, foi uma decisão correta. 

Ele considera que a autoridade monetária deve deixar as portas abertas para um novo aumento residual na próxima reunião, que irá ocorrer em agosto – algo que já foi sinalizado no comunicado. 

"A expectativa de um fim da política contracionista mudou muito nos últimos 30 dias. Apesar da inflação ter dados sinais de recuo, conforme o último IPCA, os índices ainda não elevados. Também há uma preocupação com a situação fiscal e com o cenário externio conturbado, com a guerra na Ucrânia e uma inflação global muito forte, com os bancos centrais pressionados", afirma. 

A Selic é a principal ferramenta do Banco Central para conter a inflação. Por meio do aumento dos juros, se desincentiva o consumo, refreando a alta dos preços. 

Este foi o 11º aumento seguido do juro básico, elevando a taxa ao maior patamar desde dezembro de 2016, quando estava em 13,75% ao ano. O objetivo do BC foi conter a demanda e desestimular a inflação, que acumulou um aumento de 11,73% em doze meses de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). 

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