Empresas levam até o dobro do tempo para entregar mercadorias

Com atraso na conclusão das obras no Anel Viário, indústrias registram prejuízos, demitem funcionários e reclamam de atrasos para transportar cargas entre os portos e a região industrial de Maracanaú

Escrito por Hugo Renan do Nascimento , hugo.renan@diariodonordeste.com.br
Legenda: Trânsito intenso no Anel Viário causa atrasos na entrega e recebimento de mercadorias
Foto: Foto: José Leomar

O atraso na conclusão das obras do Anel Viário, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), tem gerado transtornos e prejuízos para as indústrias locais. Insatisfeitos, os empresários se reuniram para debater soluções e ações para amenizar a questão. Segundo eles, a demora nas entregas de mercadoria e o embarque para os portos do Pecém e Mucuripe acarretam elevação do frete, além do atraso dos funcionários na chegada às fábricas, causando horas extras. Na Copral, transportadora de contêineres, o tempo de deslocamento é o dobro do normal entre os portos e o Distrito Industrial, em Maracanaú.

"A gente coleta contêineres tanto para os portos quanto para as empresas do Distrito Industrial. Com os atrasos, a gente perde produtividade. Não conseguimos fazer nem duas entregas por dia, sendo que o ideal é que fossem pelo menos duas coletas ou entregas ao dia porque a gente não consegue atravessar o Anel Viário. Financeiramente, é o dobro do preço do frete. Com o dobro do tempo para o transporte, a gente leva o dia inteiro para fazer apenas uma entrega", explica a diretora da empresa, Rosanne Boris.

Ela aponta que os impactos negativos refletem diretamente nos preços para os consumidores. "Se a gente tivesse produtividade, a gente faria um preço melhor. Como não temos essa opção, nós temos que aumentar o preço do frete e, consequentemente, o preço do produto aumenta, sendo repassado para o consumidor, que acaba pagando isso", completa.

Insatisfação

Para o secretário de Desenvolvimento Econômico de Maracanaú, Antônio Filho, a situação tem deixado muitos empresários insatisfeitos e temerosos com os resultados financeiros das empresas. Ele não sabe ao certo o prejuízo, mas alerta que a situação de infraestrutura do Anel Viário está afastando novos investimentos na região.

"O atraso nas obras tem impedido o município de crescer. Os empresários estão tendo dificuldade de logística e de transporte de mercadorias. Isso está afastando um pouco os empresários da região. E esses transtornos também refletem em outros municípios, como Itaitinga, Pacatuba e cidades da RMF".

Relatos da situação na região informam que apenas uma única empresa decidiu demitir 40 funcionários de uma vez. "Hoje, um empresário do comércio, que está em uma área bem crítica, com trânsito interrompido, demitiu 40 pessoas. Tem restaurante naquela área que não tem mais movimento porque o público não consegue chegar no local. As vendas na Ceasa caíram 40% e outros estabelecimentos também disseram que estão registrando queda nas vendas", afirma o secretário.

Segundo Filho, apenas no município de Maracanaú existem cerca de 3 mil empresas. "Só no Distrito Industrial 1 nós temos 92 empresas em funcionamento. No nosso último levantamento, nós temos 55 mil trabalhadores formais no Distrito Industrial".

Entraves

O atraso na conclusão das obras do Anel Viário tem causado problemas de produtividade dos funcionários da região. Segundo Fernanda Noronha, administradora da Associação Empresarial de Indústrias (Aedi), as empresas do Distrito Industrial disponibilizam transporte para os empregados.

"As empresas daqui trabalham em vários turnos, então os funcionários têm ônibus privados. Elas mandam buscar as pessoas em casa e eles têm rotas próprias. Mas os ônibus não estão conseguindo chegar nas empresas a tempo, tendo muitos atrasos".

Ela ressalta que os problemas se agravaram a partir de novembro do ano passado e que atualmente as obras do Anel Viário estão paralisadas. "De lá para cá, os prejuízos têm se acumulado. O faturamento da Ceasa caiu pela metade por causa dos transtornos", aponta.

De acordo com Noronha, as obras enfrentam muitos obstáculos. "O projeto foi iniciado e eles não sabem quando vão terminar porque tem algumas questões de desapropriações de terrenos". As intervenções se arrastam desde 2010.

A previsão do Departamento Estadual de Rodovias (DER) é que os trabalhos sejam concluídos até o fim de 2019. No mês passado, 32 Km de pista duplicada foram liberados

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