Em um ano, nova fábrica da Eternit no Ceará deve dobrar de tamanho
Localizado em Caucaia, empreendimento tem investimento de R$ 187 milhões e produção média de 6 mil toneladas por mês
Inaugurada nesta quarta-feira (6), a primeira fábrica de telha de fibrocimento da Eternit no Ceará tem capacidade atual de produção de 6 mil toneladas por mês, em média, podendo chegar a até 80 mil toneladas no primeiro ano. Para 2025, dependendo da movimentação do mercado, a fábrica já tem projeto de duplicação da linha de produção, podendo chegar a 160 mil toneladas/ano.
Segunda fábrica instalada na região Nordeste (a primeira foi na Bahia na década de 1960) e sétima do grupo, a unidade recebeu o investimento de R$ 187 milhões e está localizada no Complexo Industrial do Pecém, em Caucaia. O local foi escolhido como ponto estratégico para atender aos mercados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Piauí, Maranhão e parte do Pará.
Segundo Paulo Andrade, presidente da companhia, o grande gargalo do mercado de telhas de fibrocimento é o frete. Assim, cada vez mais a empresa busca ter unidades de produção que possam diminuir as distâncias com os compradores. "O nosso produto tem restrições de logística, se viaja muito, não fica competitivo. Então, para Belém do Pará, por exemplo, estamos estudando o transporte por cabotagem e outras maneiras de vender."
Por estar instalado no Pecém, Andrade comenta que a está sendo estudada a viabilidade de um projeto de exportação por via marítima. "Mas o concreto, agora, é dizer que vamos trabalhar no Ceará e estados limítrofes e por caminhão, ou seja, via rodoviário."
A fábrica, com 40 mil metros quadrados operacionais e 300 mil metros quadrados de área total, possui uma linha de produção completa e com o espaço já pronto para uma segunda linha. A unidade gerou 83 empregos diretos e mais de 400 indiretos na região. Em parceria com o Instituto Federal do Ceará (IFCE), a empresa investiu em cursos de formação para operação e manutenção de processos industriais, de modo a formar profissionais para atuação na fábrica.
“Foi muito interessante essa parceria. O IFCE foi muito ágil em atender a nossa demanda e deu muito certo. Tanto que a gente está pensando em exportar esse modelo para as outras unidades. Claro que não para ter um efetivo inicial, mas para requalificação e substituição de postos de trabalho que são naturais do mercado", afirma Vitor Mallmann, diretor Financeiro, RH e Relação com Investidores da Eternit.
Telhas fotovoltaicas serão feitas na unidade de Caucaia
Uma das novas apostas da Eternit é a produção de telhas fotovoltaicas. A empresa desenvolveu a primeira geração desse produto do país aprovada pelo INMETRO, com células de captação de energia do sol aplicadas diretamente no formato ondulado da telha de concreto (Tégula Solar) e de fibrocimento (Eternit Solar).
A comercialização do primeiro modelo foi iniciada no segundo semestre de 2021 e do segundo no primeiro semestre de 2023. Atualmente, esses modelos de telha são fabricados apenas na unidade de Atibaia, em São Paulo, mas para o ano que vem o grupo pretende manter a produção dos kits fotovoltaicos nessa unidade e distribuí-los para as demais, incluindo a de Caucaia, que faria a montagem do sistema na telha.
"Isso reduziria muito o custo, já que os componentes fotovoltaicos são de fácil transporte pelo tamanho e peso. Então, com a montagem descentralizada, chegaríamos com esse produto em muito mais localidades brasileiras", reforça Paulo, lembrando que o produto tem foco no consumidor final, que já tem uma estrutura e pode trocar parte das suas telhas de fibrocimento tradicionais pelas novas, com geração de energia, sem ter o ônus do peso das placas que existem atualmente no mercado.
Para esse produto, a empresa tem a região Nordeste como grande potencial de venda. Dando exemplo de uso, a fábrica de Caucaia conta com 2.160 telhas fotovoltaicas na cobertura, com capacidade de gerar 41,2 MWh/mês de energia limpa e renovável, o suficiente para abastecer 300 casas.
Relação entre a Eternit e o Ceará
Desde 2016 o Grupo Eternit, por meio da então Companhia Sul-Americana de Cerâmica (CSC), possuia área no Complexo Industrial do Pecém. Por estar em recuperação judicial desde 2018, em novembro de 2020 o investimento em cerâmica foi descontinuado e vendido ao Grupo Roca, de capital espanhol.
Porém, a área foi desmembrada e o grupo Eternit, de posse de um CNPJ com incentivos do Estado do Ceará, em 2022 resolve construir uma unidade de telha de fibrocimento, que é seu carro-chefe e, assim, ampliar o atendimento nas regiões Nordeste e Norte.