Economia com carro elétrico chega a R$ 9 mil ao ano; veja comparação com veículo à gasolina
Trocar gastos com gasolina por eletricidade pode gerar economia de 84%
Com a volatilidade do preço da gasolina, migrar para um carro elétrico pode significar uma redução nos gastos fixos dos motoristas. O cálculo da economia a longo prazo deve considerar, entretanto, o investimento na estrutura de carregamento dos veículos eletrificados.
Considerando apenas o valor necessário para o carro funcionar, substituir a gasolina pela eletricidade permite uma redução cerca de 84% no gasto mensal, segundo levantamento da NeoCharge. A comparação considerou o elétrico BYD Dolphin e o Volkswagen T-Cross, movido à gasolina.
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Os dois veículos tem a mesma faixa de preço, cerca de R$ 140 mil. O Dolphin roda uma média de 8,3 quilômetros por quillowatt-hora de energia, que custa R$ 0,72 no Ceará.
Já o T-Cross roda 11,9 quilômetros por litro de gasolina, que custa em média R$ 6,38 no Ceará, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil (ANP), de 27 de julho de 3 de agosto.
Ou seja, um quilômetro rodado no elétrico custa apenas 16,04% do quilômetro rodado no carro a combustão. Em um ano, considerando 20 mil quilômetros, a economia com os gastos pode ser de cerca de R$ 9 mil.
O levantamento considera que a vantagem sobe para motoristas que rodam mais quilômetros. “Para motoristas de aplicativo, que rodam em média 60 mil km por ano, a economia anual com o Dolphin sobe para impressionantes R$ 24 mil”, aponta.
A economia se mantém mesmo em cenário de uso exclusivo em estrada, onde o elétrico tem um consumo médio maior (6,4 km/kWh) e o convencional menos (14,3 km/L), segundo análise da NeoCharge.
“A vantagem do elétrico se mantém ampla, com uma economia anual de 73%: R$ 6.047,98 para quem roda 20 mil km, e R$ 18.143,95 a mais no bolso para quem roda 60 mil km”, aponta.
INSTABILIDADE DO PREÇO DA GASOLINA
Além da redução nos gastos fixos, a eletromobilidade pode ser vantajosa por não ter grande variação de preço, destaca o economista e vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Estado do Ceará (Corecon-CE), Wandemberg Almeida.
As tarifas de energia são reajustadas pelas empresas distribuidoras uma vez ao ano, após deliberação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e variam proporcionalmente ao consumo.
Os únicos casos de encarecimento fora do previsto são nos acionamentos das bandeiras tarifárias amarela e vermelha, que encarecem o preço do quilowatt-hora em até R$ 0,078 em todo o país.
Já o preço dos combustíveis nos postos é definido pelo livre mercado e sofre variação por flutuações no dólar, preço dos combustíveis internacionais e a demanda dos consumidores. O Brasil segue o regime de liberdade de preços em toda a cadeia de derivados do petróleo desde 2002.
Em julho, por exemplo, o preço médio da gasolina subiu R$ 1,12 em Fortaleza, após um reajuste de R$ 0,20 aplicado pela Petrobras às distribuidoras. Mesmo sem reajuste, o preço do etanol aos consumidores também sofreu alta.
Wandemberg destaca que a essa economia é ainda mais vantajosa a longo prazo, principalmente quando o veículo for quitado. A redução nos gastos pode rapidamente compensar um investimento maior em um eletrificado, segundo o economista.
“Ninguém compra um carro para passar dois meses, um ano. O carro é sempre utilizado com um prazo um pouco maior, então aquilo que você fez para adquirir um veículo, acaba tendo recomposição e cobrindo custos. A longo prazo, fica mais vantajoso, reduz e traz impacto positivo para o bolso do consumidor”, afirma.
PARTICULARIDADES DOS ELÉTRICOS
Ao comparar gastos entre carros eletrificados e a combustão, também é preciso considerar algumas particularidades dos carros elétricos. Quem não quer depender de carregadores em estabelecimentos públicos e privados, precisa investir na instalação do próprio equipamento na residência.
Como a eletromobilidade ainda é relativamente recente, os serviços de manutenção e conserto podem ter custo mais elevado, pondera Wandenberg Almeida. O economista explica que essa tendência deve se atenuar com o amadurecimento do setor, à medida que os carros elétricos também ficam mais baratos.
“Todo veículo novo, quando entra no mercado, entra com taxa um pouco mais alta. Gera um certo incomodo inicialmente, mas depois que o mercado começa a entender o funcionamento, começa a baratear o serviço prestado ao fornecedor e ao consumidor”, explica.
Para o serviço de seguro para carros, essa também é a realidade. A franquia do Volkswagen T-Cross é de cerca de R$ 14 mil, enquanto a do BYD Dolphin gira em torno de R$ 22 mil, 58% mais cara, segundo cotação no site Minuto Seguros.
A simulação considerou as mesmas características para os dois veículos - seguro de cobertura intermediária para motorista de 30 anos, com estacionamento próprio e deslocamento para destinos de até trinta quilômetros.
Já em relação ao Imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA), os motoristas de elétricos tem vantagens e recebem isenção em nove estados. No Ceará, a alíquota do tributo para os carros eletrificados tem desconto é fixa em 2%.
A maioria dos automóveis movidos a combustíveis tem alíquota de 3% no Estado. O IPVA do Volkswagen T-Cross em 2024 é de R$ 3.477,60, enquanto o do BYD Dolphin é de R$ 1.666.