Construtoras aguardam R$ 120 mi
Empresários do setor ameaçam, novamente, parar obras do MCMV, caso os pagamentos não sejam efetuados
Após novos atrasos de pagamento às empresas participantes do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), o governo federal voltou a fazer pequenos repasses às construtoras no fim da semana passada. A expectativa do presidente do Sindicato das Construtoras do Ceará (Sinduscon-CE), André Montenegro, é que até a próxima segunda-feira (19) cerca de R$ 120 milhões restantes sejam pagos às empresas no Estado. Há casos de atrasos de até 90 dias.
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Os sucessivos adiamentos nos repasses têm afetado as cerca de 35 mil unidades em obras no Ceará, cujas entregas estão atrasadas. "Desde sexta-feira, eles (governo) vêm pagando alguma coisa", disse Montenegro, sem especificar o valor.
"Mas, na semana passada foi aprovado, no Ministério do Planejamento, os pagamentos atrasados e disseram que até segunda-feira pagam o restante". No início de setembro, o governo já havia pago R$ 30 milhões de R$ 160 milhões. Os atrasos, diz André Montenegro, estão restritos à faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida, destinada a famílias com renda mensal de até R$ 1.800, para financiamento de imóveis de até R$ 170 mil.
"Esse problema tem afetado a faixa 1, porque ela depende de recursos do Tesouro, enquanto na faixa 2 o recurso é do FGTS", acrescenta. Desde que os atrasos começaram, em outubro de 2014, o setor registrou a demissão de cerca de sete mil trabalhadores que atuavam no MCMV no Ceará. Atualmente, o programa emprega aproximadamente 20 mil pessoas no Estado.
Paralisação
Conforme informou a reportagem na semana passada, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, disse que alguns empresários ameaçaram paralisar obras se o problema não fosse solucionado. Segundo Montenegro, por hora, não há intenção de suspender as obras. Ele disse que a questão deve ser avaliada na próxima semana.
A estimativa do presidente da Cbic é que, em todo o País, o volume em atraso esteja entre R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão. Segundo Montenegro, inicialmente, os pagamentos aos construtores eram efetuados em até cinco dias após a entrega dos imóveis, mas, após outubro do ano passado, passaram de dois meses. Esses atrasos, diz o presidente do Sinduscon-CE, torna a participação no programa inviável principalmente para as pequenas construtoras.
Em setembro, o Ministério do Planejamento apresentou uma nova faixa para o Minha Casa, Minha Vida, intermediária entre as faixas 1 e 2, para famílias com renda entre R$ 1.800 e R$ 2.350, com juros de 5% ao ano. As novas regras valem apenas para novos contratos.
Procurado, o Ministério das Cidades não confirmou a aprovação do pagamento na próxima semana e informou que quem acompanha o tema é o Ministério das Cidades, que, por sua vez, não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta matéria.