Com preço em queda, vale a pena vender seu carro usado agora? Veja análises

Após período atípico de valorização de carros usados devido à pandemia, alguns modelos voltam ao ritmo natural de desvalorização ao longo dos anos

Escrito por Redação ,
Legenda: Considerando apenas o mês de março, foram 15,4 mil veículos auto comercializados, alta de 15,6% na comparação com março do ano passado
Foto: José Leomar/SVM

Durante a pandemia, teve quem conseguiu lucrar vendendo carros usados, inclusive por um valor maior até do que ele foi comprado. Agora, com a regularização de fornecimento no mercado automobilístico, o evento atípico de valorização dos seminovos está começando a passar. 

Apesar do cenário de desvalorização, especialistas apontam que esse ainda é um momento propício, tanto para compra como para a venda. Para quem quer comprar, a decisão entre um veículo novo ou seminovo deve levar em conta a taxa de juros e possíveis promoções no mercado. 

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Valorização na pandemia 

A crise global ocasionada pela pandemia gerou um fenômeno raro de valorização de automóveis usados, que normalmente perdem valor ao longo do tempo e do uso, à medida que novos modelos são lançados. 

O economista Alex Araújo explica que o evento ocorreu devido a uma sincronia de demanda por peças e componentes no mercado mundial. 

“Com a retomada simultânea da atividade, diversos setores passaram a competir por peças eletrônicas, chips e pelo espaço no transporte marítimo, fazendo com que a produção de veículos novos e diversos outros produtos fosse afetada”, explica. 

Dessa forma, sem novos veículos para repor o mercado, a demanda por seminovos aumentou, fazendo com que os preços subissem"
Alex Araújo
Economista

Ele aponta que a regularização desse mercado é um dos principais fatores para a volta da desvalorização dos veículos seminovos, mas a taxa de juros também desempenha um papel nessa queda de preços. Isso porque a venda de veículos depende muito da disponibilidade de financiamento, que ficou mais caro com o aumento da Selic. 

“É relevante o aumento dos juros e a redução da renda disponível, pelo processo recente de inflação acelerada no Brasil e pelo elevado patamar de endividamento do consumidor. Nesta situação, o consumidor tem preferido se restringir ao consumo de itens essenciais, fazendo com que a procura por veículos novos e usados caia, afetando os preços”, esclarece. 

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Essa desvalorização que volta a ocorrer é variável de acordo com o modelo e grau de conservação do veículo. Conforme Araújo, a perda de valor ocorre em uma razão entre 8% e 15% ao ano. 

O gerente de marketing e comunicação da Webmotors, Rodrigo Ferreira, enfatiza que os modelos mais desejados tendem a ter uma desvalorização mais lenta. 

“Isso é uma regra ainda um pouco do mercado, carros mais buscados tendem a desvalorizar menos. Os SUVs são os queridinhos, hoje representam quase a maior parte entre os 0km. Eu entendo que mesmo havendo desvalorização, os veículos mais buscados e SUVs devem ter uma desvalorização menor em relação a outras carrocerias”, coloca. 

Vale a pena vender ou comprar? 

Para Ferreira, o cenário é ideal tanto para quem quer vender como para quem busca comprar um seminovo. No caso da venda, ainda é possível surfar na valorização no caso de alguns modelos.  

Já para quem quer comprar, os veículos estão mais baratos do que no pico dos últimos anos. Ele cita uma pesquisa da Webmotors que mostra que 65% dos consumidores estavam em busca de um usado para comprar, sendo que 77% pretendiam dar um seminovo em troca.  

Janeiro, fevereiro e março, com pagamento de IPVA, às vezes a pessoa quer vender para não pagar IPVA. A procura está se aquecendo e é uma tendência. Se você quer vender seu veículo é um bom momento e se você quer comprar é bom porque já passou aquele pico de preços muito altos
Rodrigo Ferreira
Gerente de marketing e comunicação da Webmotors
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Ele considera que as expectativas do mercado são positivas. De acordo com a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), é esperado um crescimento de 12,7% no número de carros usados vendidos neste ano em relação ao ano passado, de 13,3 milhões em 2022 para 15 milhões em 2023. 

Alex Araújo ressalta que a decisão de comprar ou vender um veículo deve partir muito mais da necessidade e desejo do consumidor do que das flutuações de mercado. Ele considera que esse momento pode ser bom inclusive para quem quer comprar veículos novos. 

“Há que se levar em conta que, com a maior oferta de veículos novos, muitos fabricantes estão oferecendo promoções ou condições mais facilitadas para a aquisição, tornando a competição mais acirrada, o que favorece o comprador, principalmente do veículo novo que pode contar com financiamento de bancos e financeiras associados ao fabricante”, diz. 

 

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