Campanha para "adoção de restaurantes" é estratégia do setor para sobreviver às restrições

Setor teme que 50% dos estabelecimentos da Capital fechem as portas definitivamente

Escrito por Ingrid Coelho , ingrid.coelho@svm.com.br
Legenda: Com o decreto, estabelecimentos só podem ficar abertos até as 20h
Foto: Helene Santos

Diante das novas restrições impostas pelo último decreto do Governo do Ceará e com a preocupação em torno da taxa de 'mortalidade' entre os bares e restaurantes de Fortaleza, o setor se prepara para lançar uma campanha para incentivar a população da Capital a consumir produtos e serviços de estabelecimentos em seus respectivos bairros.

A ideia, de acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE), Taiene Righetto, é lembrar aos clientes que cada um desses negócios representa uma ou várias famílias.

"De famílias para famílias"

"Nós precisamos agora que a sociedade entenda que o bar e o restaurante não se tratam de uma megaempresa, não são negócios que conseguem se sustentar tranquilamente nessa situação. São famílias que geram emprego para famílias, então se essa família não for 'adotada', ela não vai sobreviver", argumenta o presidente da Abrasel-CE.

"O setor de bares e restaurantes é muito grande, mas ele é pulverizado em pequenos estabelecimentos que não têm tanque reserva", lamenta.

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De acordo com Righetto, a mortalidade dos bares e restaurantes da Capital cearense - antes estimada em 40% dos 6 mil estabelecimentos que existiam antes do avanço do coronavírus no Ceará - agora deve chegar a 50% após o novo horário de funcionamento estabelecido pelo decreto.

"O fato de proibir ou restringir o horário noturno da forma que foi feito é mesmo que proibir o funcionamento. Ninguém vai abrir às 18h para fechar às 20h. Cerca de 70% do nosso setor trabalha à noite; músicos trabalham à noite, a parte de entretenimento, buffets. Então nós retornamos para a fase mais restritiva do lockdown. A gente não tem mais como sobreviver", pontua Righetto.

Manifestação

A decisão em relação ao setor motivou uma manifestação dos bares e restaurantes em Fortaleza na manhã de hoje (4). Cerca de mil pessoas se reuniram em frente à Assembleia Legislativa de Fortaleza, entre donos de estabelecimentos, músicos, garçons e cozinheiros.

Flávio Renan Marinho, proprietário de restaurante em Fortaleza e um dos organizadores da manifestação reforça que os bares e restaurantes da Capital têm muitos clientes fiéis e que essa clientela deve ajudar o setor a suportar o momento difícil. "Nós vamos começar essa campanha para que o fortalezense adote um restaurante e nós sobrevivamos", diz.

"A gente só quer sobreviver. Ainda estamos tentando não demitir os nossos funcionários. Eu também tenho família para sustentar e eu sei que esse funcionário precisa sobreviver. A gente não quer demitir ninguém", detalha Marinho.

O setor pediu que o governador Camilo Santana reavalie o decreto e deixe que as empresas retomem o funcionamento até as 23h.

Diário do Nordeste entrou em contato com o Governo do Estado para obter posicionamentos sobre o caso, mas ainda não obteve retorno.

Conforme o último decreto, que vale até o dia 17 deste mês, bares e restaurantes estão no rol de atividades econômicas cujo funcionamento fica restrito ao horário de 6h às 20h. Esses estabelecimentos podem continuar funcionando fora dessa faixa de horário no modelo delivery.

Confira o que pode abrir antes das 6h e após 20h:

1 - serviços públicos essenciais;

2 - farmácias;

3 - supermercados/congêneres;

4 - postos de combustíveis;

5 - hospitais e demais unidades de saúde e de serviços odontológicos e veterinários de emergência;

6 - laboratórios de análises clínicas;

7 - segurança privada;

8 - imprensa, meios de comunicação e telecomunicação em geral;

9 - funerárias.

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