Afinal, quando os preços da gasolina e do diesel vão baixar?
Os preços da gasolina e diesel são diretamente influenciados pelo valor do barril de petróleo e pela cotação do dólar, ambos fatores desfavoráveis no momento
A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (25) mais um aumento nos preços da gasolina e do diesel, de 7% e 9%, respectivamente. O aumento segue uma tendência de altas durante todo o ano de 2021; a gasolina já chega a custar R$ 7,10 nos postos cearenses, conforme o último levantamento da ANP.
Segundo o consultor na área de petróleo Bruno Iughetti, a alta que passa a valer a partir desta terça-feira (26) trará um aumento em torno de 7% nas bombas, cerca de R$ 0,21 a mais para a gasolina e R$ 0,28 para o diesel.
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As altas constantes no preço dos combustíveis ocorrem em concordância com a Política de Paridade Internacional (PPI) adotada pela Petrobras, que alinha os preços das refinarias ao custo dos combustíveis no resto do mundo.
Dessa forma, o valor que chega à bomba depende diretamente de duas variáveis que têm tido uma trajetória ascendente neste ano: o dólar e o barril de petróleo.
A alta anunciada hoje já era esperada pelos especialistas em combustíveis devido à defasagem entre os preços praticados pela Petrobras e pelo mercado internacional. Mas quando o consumidor poderá respirar aliviado com uma redução do preço dos combustíveis?
Aumento no barril do petróleo
Quando a pandemia começou, em março do ano passado, o barril de petróleo experenciou uma queda brusca. O barril de petróleo Brent chegou ao patamar dos US$ 20 em meio à paralisação das atividades econômicas em todo o mundo e consequente menor necessidade do combustível.
Com a volta da aceleração da economia, os produtores de petróleo estão reprimindo a produção para conseguir recuperar os prejuízos do ano passado. Nesta segunda, a cotação do mesmo barril de petróleo está em US$ 85.
Isso somado à alta da cotação do dólar, hoje em R$ 5,56, motivou o atual ajuste realizado pela Petrobras. E, conforme o advogado e economista Alessandro Anzzoni, a alta divulgada hoje sequer concretiza a paridade internacional.
“Provavelmente esse reajuste de ainda está falando se referindo ao barril em 78 dólares, acredito que ainda nem tenha chegado a 80 [dólares]. A previsão é de mais aumentos”, pontua.
Apesar de considerar o patamar do atual ajuste alto, Iuguetti espera que novas altas venham durante o mês de novembro.
A tendência não é muito otimista porque o petróleo continua em alta e nós estamos tendo um problema sério na variação cambial. Com esses dois fatores conjugados, podemos ter em novembro mais uma alta nos preços. A volatilidade do real tá muito alta, somado ao reajuste do petróleo no mercado internacional, ensejará provavelmente mais uma alta no mês de novembro”
Redução pelo ICMS
A Câmara dos Deputados aprovou há duas semanas um projeto de lei que prevê a aplicação de um valor fixo de ICMS sobre os combustíveis, com o objetivo de trazer uma redução de 7% a 8% no valor da gasolina e de 3,5% a 4% no diesel.
Alessandro Anzzoni considera que a medida não deve passar sem mudanças pelo Senado, já que há um prejuízo na arrecadação dos estados. O tema também pode acabar parando no STF para discutir a judicialidade da mudança, já que não cabe aos deputados decidirem sobre um imposto estadual.
Para o economista, mesmo que a medida passe pelo Senado, os efeitos serão reduzidos para o consumidor e demorarão pelo menos 90 dias para serem sentidos.
“Mas com o dólar batendo 6 reais, mesmo que não aumente o preço do petróleo, a gente já perderia essa redução de 7% a 8% do ICMS, ainda tendo prejuízo para os estados. Se mexeria em uma cadeia tão grande para ter um efeito pequeno em curto prazo”, argumenta.
Gasolina mais barata
Para Anzzoni, é difícil prever quando o consumidor poderá ter uma redução dos preços dos combustíveis. Essa baixa depende, sobretudo, de um aumento da oferta do produto no mercado internacional, algo que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) deve fazer de forma gradual para se recuperar dos prejuízos da pandemia.
Bruno Iughetti afirma que não há como ter uma redução imediata no preço, a não ser com a redução do ICMS – que, ainda assim demoraria até dois meses e serviria apenas de forma paliativa.
Ele explica que o preço da gasolina e do diesel está intrinsecamente ligado ao movimento econômico dos Estados Unidos e dos países da Europa. A maior demanda com a retomada da economia puxa para cima os preços internacionalmente, afetando inclusive o Brasil.
O consultor destaca que uma forma efetiva de controlar os preços seria a implantação de um fundo equalizador de preços, formado com base na alimentação de royalties, que funcionaria como um colchão para o aumento dos preços.
“Precisaria ser aprovado pelo Governo Federal, que mencionou, mas não voltou mais ao assunto. Seria uma medida conciliadora da variação de preços sem efeitos negativos para a formação dos preços finais. Precisa que o Governo abra essa questão”, cobra.