Gato Persa: veja características, dicas e como cuidar da raça
Bastante carinhosa, raça oriunda na Pérsia é uma das mais populares do mundo
Pelagem densa, cabeça achatada e uma personalidade amorosa: a união dessas características no gato Persa é o que faz a raça uma das queridinhas dos criadores de felinos e uma das mais populares do mundo.
Segundo a médica veterinária Michelle Rabelo*, criadora da raça há nove anos, o Persa pode variar de 3,5 a seis quilogramas (kg), podendo ter aproximadamente 25 centímetros (cm) de altura.
Apesar de não ser considerado de grande porte, o gato tem a ampla proximidade com o dono como um de seus diferenciais. Quando não está dormindo — o que ocorre na maior parte do dia —, o bicho costuma brincar e interagir com o tutor.
Origem do gato persa
Como o nome sugere, a raça surgiu no território da Pérsia, atual Irã, por volta do século XVII. Segundo o site Persian Cat Corner, comunidade voltada à raça, a história exata do animal é um mistério, apesar de muitos gatos de pelo longo terem sido vistos em hieróglifos.
No entanto, a raça começou a ganhar popularidade após ser introduzida na Europa, especialmente na Itália e na França, devido às características físicas.
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Ainda conforme a publicação, o gato Persa foi apresentado à sociedade na primeira exposição voltada aos animais, organizada em Londres, na Inglaterra, em 1871. Já a partir dos anos 1900, a raça foi levada aos Estados Unidos, espalhando-se ao redor do mundo.
Características físicas
Michelle Rabelo aponta que o gato é bastante conhecido por sua pelagem longa e por ser braquicefálico, o que o deixa com o focinho achatado e curto se comparado a outras raças, como Siamês e Maine Coon.
"A braquicefalia não é um defeito genético; é uma característica morfológica", explica a profissional, acrescentando que alguns exemplares podem ter problemas respiratórios devido à condição. No entanto, o crânio braquicefálico não está presente em todos os tipos da raça.
A médica veterinária destaca também que existem dois tipos de persa no mercado: o pet e o show. "O persa pet é aquele que o narizinho é um pouquinho mais pra frente. O show é o com narizinho mais achatado", diferencia.
"A gente classifica mais ou menos nesses dois tipos, mas não tem nomenclatura — no pedigree não se fala 'é um persa pet ou um persa show'".
Outros aspectos próprios da raça são os olhos grandes e arrendondados, as orelhas pequenas e o rabo curto com pelo longo.
Cores do gato persa
Se, por um lado, o persa tem apenas dois tipos no mercado, por outro, as cores são muito mais diversas. A criadora da raça afirma que a variedade de colorações da pelagem do gato é ampla, podendo chegar a mais de 100 tons, os quais são classificados em cores sólidas, diluídas, douradas, prateadas, tigradas, bicolores ou tricolores.
No caso de cores sólidas, indica a especialista, o gato não possui nenhum tipo de mistura em sua coloração, ficando com os mesmos tons da raiz dos pelos às pontas. As cores mais comuns são branco, chocolate, preto e vermelho ou alaranjado.
Já os felinos de cores diluídas têm uma das cores sólidas já mencionadas, mas com tonalidade mais clara. Nessa linha, os persas podem ter as cores bege, azul, marrom claro e fulvo. O branco não se aplica em tal aspecto.
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Os dourados são mais voltados para o amarelo, mas não necessariamente nas cores bege ou vermelho, o que dispõe um meio termo aos exemplares da raça. Tal ponto intermediário também é observado nos gatos de cor prateada, derivada de uma mistura entre o branco, o preto e/ou o azul.
A aparência mais colorida da raça também possui algumas variações. Entre elas, há a tigrada, na qual o gato tem listras ou pequenos riscos ao longo do corpo, deixando-o com aparência similar à de um tigre.
O gato bicolor pode ter diversas combinações de tonalidades diferentes, divididas entre o par. Já o tricolor normalmente possui mistura entre as cores branco, preto e laranja. O escaminha tem um padrão confundível com o de um gato tricolor, mas normalmente ocorre com os tons de preto e laranja.
Personalidade
Michelle Rabelo relata que as pessoas buscam mais o gato persa devido à tranquilidade do animal. "É um gato super dócil, carinhoso, calmo e amoroso", pontua, avaliando que a raça é ideal para viver em um apartamento.
"Hoje em dia, as pessoas tão cada vez mais morando em casas pequenas e em apartamentos, e as pessoas sentem a necessidade de ter um animalzinho. Então é muito do temperamento do gato persa que eu acredito que as pessoas buscam".
O Persa também é descrito como excessivamente carinhoso, chegando a ser "pegajoso", de acordo com a criadora da raça. "Tenho uma filha e 20 gatos, e ela pega em todos os meus gatos. Vão pro colo dela, ela pega e nunca sofreu um arranhão na vida", conta. "Pra um gato Persa atacar alguém, é questão, assim, de exceção mesmo. É uma raridade".
Além disso, a criadora destaca que o bicho é tão apaixonante que propicia uma dificuldade aos donos: ter apenas um gato da raça. "Normalmente, quando você tem um, você quer ter outro, porque ele encanta, ele apaixona a pessoa com suas características e o seu jeitinho", assegura.
Cuidados básicos
Independentemente da quantidade, o gato Persa requer cuidados específicos — e mais dispendiosos ao tutor, segundo a médica veterinária.
"A gente tem de lembrar que tá cuidando de um gato de pelo longo, então é claro que não vai ser o mesmo que ter um gato de outra raça", frisa, pontuando que a atenção extra é ocasionada pela pelagem espessa. "Querendo ou não, o gato Persa dá mais trabalho, sim, a gente não precisa mentir porque realmente é a realidade".
A indicação da veterinária é de que o gato seja banhado pelo menos uma vez por mês, a depender da higiene do animal. A periodicidade, se comparada à de outras raças, é bem mais frequente.
A manutenção da pelagem também pode contar com o auxílio de vitaminas específicas, disponíveis em clínicas veterinárias.
Já a escovação do pelo e a limpeza dos olhos, por sua vez, têm de ser feitas diariamente, recomenda a profissional. O tutor deve, inclusive, prestar atenção às vacinas virais, à da raiva e à vermifugação.
Problemas de saúde
A condição braquicefálica do animal, presente na morfologia dele, pode suscitar alguns problemas ao gato Persa. Entre eles, há a possibilidade de distúrbios respiratórios, provocados pelo nariz menos pronunciado.
Michelle Rabelo afirma que, apesar dos problemas respiratórios, o gato não tem o movimento afetado nem respira com ofegância ou dificuldade por ser braquicefálico. "No entanto, se eles pegam uma gripe, eles vão ter mais dificuldade que outro gato", ressalta.
A braquicefalia também pode provocar maior acúmulo de sujeira na cabeça do felino, dada a maior saliência pela face achatada. Em razão disso, o Persa é suscetível a quadros de glaucoma, lacrimejamento, entrópio — uma inversão de cílios para dentro — e sequestro da córnea, provocado pela degeneração de colágeno. Assim, a limpeza frequente dos olhos se torna uma aliada à prevenção de problemas.
Além dessas, o gato pode ter, ainda, condições como luxação de patela e displasia coxofemoral — as quais são mais comuns nos Maine Coon —, dermatites e desordens renais, como rim policístico, ou gastrointestinais, algumas associadas a bolas de pelos pela higiene feita pelo próprio animal.
A médica veterinária ressalta que, para evitar problemas de saúde, o interessado deve buscar criadores responsáveis. "Estes têm todos os seus animais testados, pois é muito importante o controle".
Quantos filhotes pode ter
Conforme Michelle, uma fêmea Persa pode ter, em média, três filhotes por ninhada, as quais podem ocorrer entre uma e duas vezes por ano, no máximo.
"As associações felinas respeitam muito o bem-estar dos animais, então restringem a quantidade de ninhadas por matriz para, dessa forma respeitar o descanso da fêmea e não fragilizar a mesma", enfatiza.
Quanto custa e expectativa de vida
O gato persa vive, em média, 18 anos, e tem variações de preço a depender da linhagem, podendo custar de R$ 3,5 mil a R$ 5 mil. "Filhos ou descendentes de campeões de exposições nacionais são mais caros, da mesma forma que os cães", explica. "Nessas competições, ganha o gato com melhor padrão morfológico, com vários requisitos".
*Michelle Girão Rabelo é médica veterinária e pós-graduada em Clínica e Cirúrgica de Pequenos Animais. Atualmente, cursa pós-graduação em clínica de felinos.