Castanha-do-Pará, da Amazônia ou do Brasil? Alane critica fala de ator e gera discussões sobre o real nome do fruto
Além do nome científico, Bertholletia excelsa, a castanha é conhecida por diferentes denominações, dependendo do local
Ao ensinar a receita da tapioca caboquinha no programa "É de Casa", da TV Globo, o ator manauara Adanilo, que interpreta Sidney na novela “Volta por cima”, gerou uma discussão na internet sobre o nome de um dos ingredientes. O prato típico da culinária amazonense leva “goma de tapioca misturada com castanha, a castanha-da-Amazônia, para dar aquele toque especial”, explicou o ator. Em seguida, a apresentadora Talitha Morete afirma que, na região Sudeste, o item é conhecido como castanha-do-Pará.
O episódio ganhou repercussão nas redes sociais. Bailarina e modelo paraense, a ex-BBB Alane Dias publicou um vídeo no Tik Tok defendendo que é castanha-do-Pará. “Estou falando o óbvio, porque às vezes o óbvio precisa ser dito. Não é ‘castanha-do-Brasil’, não é ‘castanha-da-Amazônia’, é muito simples: P - A - R - Á. Não é difícil falar Pará”, disse. Além disso, no X, antigo Twitter, o ator foi acusado de xenofobia.
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Apesar de o fruto ser popularmente conhecido como castanha-do-Pará, documentos oficiais do Governo Federal referem-se a ele como castanha-do-Brasil. E, no exterior, é conhecido como “Brazil nut” (noz do Brasil).
“Também conhecida como castanha-do-pará, castanha-da-terra e castanha-da-amazônia, dentre outras denominações, a Bertholletia excelsa, da família Lecythidaceae, assume nomes indígenas, como juvia, tururi e tocari, na Amazônia, onde está concentrado o maior volume de produção no País”, diz a publicação “Castanha-do-Brasil, boas práticas para o extrativismo sustentável orgânico”, do Ministério do Meio Ambiente.
Além disso, a publicação contextualiza que a castanha-do-Brasil está presente em praticamente toda a floresta amazônica brasileira e de países fronteiriços: Bolívia, Peru, Venezuela, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Venezuela, na região do rio Negro. No Brasil, ela é encontrada no Amazonas, no Pará, no Acre, em Rondônia,
em Roraima, no Amapá e em Mato Grosso.
Produção e tradição
Além do nome científico, Bertholletia excelsa, a castanha é conhecida por diferentes denominações, dependendo do local. Segundo publicação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o primeiro registro em literatura data de 1596, em em carta de Juan Alvarez Maldonado, na região de Madre de Dios, no Peru, e a denominação era “Amêndoa dos Andes”.
A mesma publicação aponta que, em maio de 1992, durante a Terceira Convenção Mundial de Frutos Secos, em Manaus, convencionou-se que o nome castanha-da-amazônia substituiria o termo castanha-do-Pará.
Dados da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o Amazonas foi o maior produtor dessa castanha em 2023. Confira o ranking:
- Amazonas: 11.291 toneladas
- Acre: 9.473 toneladas
- Pará: 9.390 toneladas
- Roraima: 1.910 toneladas
- Mato Grosso: 1.900 toneladas
- Rondônia: 1.003 toneladas
- Amapá: 384 toneladas