Cantor Netinho de Paula fez empréstimos com agiota do PCC, diz Ministério Público

Diálogos resgatados pela Promotoria de São Paulo mostram ligação entre pagodeiro e Ademir de Andrade, apontado como operador financeiro da facção

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Redação producaodiario@svm.com.br
Foto: Reprodução Instagram

Uma denúncia do Ministério Público de São Paulo revelou que o cantor de pagode e ex-vereador Netinho de Paula fazia empréstimos com Ademir Pereira de Andrade, agiota do Primeiro Comando da Capital (PCC). Netinho ainda não é investigado pelo MP, mas foi citado na denúncia.

Na investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), 12 pessoas foram denunciadas, incluindo Ademir e oito policiais civis, por envolvimento com a facção, lavagem de dinheiro, tráfico, corrupção e diversos outros crimes.

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Segundo a apuração do Gaeco, os 12 acusados atuavam em conluio com o PCC, usando a estrutura do Estado para favorecer a facção criminosa.

O Ministério Público aponta a existência de um esquema criminoso envolvendo policiais civis e empresários que usavam a estrutura do Estado para obter vantagens ilícitas. 

Segundo o MP, delegados e investigadores se uniram a criminosos para tornar órgãos como a Polícia Civil em instrumento de enriquecimento ilícito e proteção ao crime organizado.

Relação de Netinho

Ademir atuava como operador financeiro da facção criminosa e era chamado de "Banco da gente" pelo cantor de pagode, Netinho.

Os diálogos entre Ademir e Netinho, aos quais o MP teve acesso, segundo a investigação, "evidenciam a prática criminosa de empréstimo a juros". 

O conteúdo foi obtido após quebra de sigilo do celular do agiota que foi apreendido pela polícia.

Em uma das mensagens, Netinho fala sobre o pagamento de um empréstimo de R$ 500 mil e outro de R$ 2 milhões. "As questões dos juros eu vou pagando para você o que for dando aí, pode ficar tranquilo tá bom?", escreveu ao agiota em 12 de maio de 2023.

Outro trecho da denúncia indica uma articulação entre o operador financeiro do PCC e o pagodeiro para favorecer integrantes da facção que estavam presos. 

Em mensagens trocadas entre julho e agosto de 2023, Netinho e Ademir planejavam um encontro com um "amigo", cuja identidade não foi revelada.