André Marinho pede demissão da Jovem Pan uma semana após irritar Bolsonaro em entrevista
Marinho questionou Bolsonaro sobre rachadinhas na semana passada e o presidente acabou abandonado entrevista
O humorista André Marinho, do "Pânico", pediu demissão da Jovem Pan nesta quinta-feira (4), uma semana após fazer perguntas que irritaram o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o fizeram abandonar entrevista. A emissora informou que não comentará o caso.
"Foram dois anos dedicados ao programa de humor mais longevo da rádio brasileira. Sou muito grato ao Emílio Surita, demais membros do Pânico e toda direção da empresa por terem me proporcionado essa oportunidade que representou um inestimável crescimento pessoal e profissional", disse Marinho em nota ao jornal O Globo.
"Decisão de carreira"
Marinho não confirmou se o pedido de demissão foi por conta do atrito com Bolsonaro. Segundo ele, foi uma "decisão de carreira" em um momento de "buscar novos ares".
Emílio Surita, apresentador do "Pânico", comentou na edição desta quinta que André estava se sentindo pressionado, mas disse que as portas ficaram abertas para ele se decidir.
"O Marinho estava chateado. Ontem ele me procurou, disse que está sofrendo a pressão. Ele ficou no fogo cruzado. Ele está nessa coisa, e tem a rede social que amplifica. Você sabe como é histérico o negócio. Eu falei que se ele quiser ficar, ele fica", comentou.
Discussão com Bolsonaro
Durante participação no "Pânico" do último dia 27 de setembro, Bolsonaro abandonou a entrevista que após questionado por André Marinho sobre a prática da 'rachadinha' no Rio de Janeiro.
O filho mais velho do presidente, senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), é investigado por supostamente promover o esquema e enriquecer, desviando salário de assessores quando era deputado estadual no Rio.
André Marinho, filho do empresário Paulo Marinho, ex-aliado e hoje desafeto do presidente, sobre acusações indiretas contra Flávio.
"Vários deputados nos seus gabinetes, PSB, PSOL, PT que estão roubando a torto e direito o salário de assessor e botando no próprio bolso, desviando dinheiro público. O PT inclusive é campeão deste ranking de peculato. Então presidente, eu te pergunto: rachador tem que ir para a cadeia ou não?", perguntou o humorista, com ironia.
Irritado, Bolsonaro rebateu. "Marinho, você sabe que sou presidente da República e respondo pelos meus atos. Então, não vou aceitar provocação sua. Você recolha-se ao seu jornalismo", disse, acrescentando que Paulo Marinho, pai do humorista, "é o maior interessado" na vaga de Flávio no Senado. Marinho é suplente de Flávio. "Não tem mais conversa contigo", endossou o presidente.