Construção civil espera crescer 3% e vender R$ 2 bi em imóveis no CE

Novos lançamentos devem começar com mais intensidade no segundo semestre, segundo estima o novo presidente do Sinduscon-CE, Patriolino Dias. Ele avalia que os incorporadores estão com mais apetite para investir

Escrito por Bruno Cabral , bruno.cabral@svm.com.br
Legenda: Com retomada dos lançamentos, há grande potencial de geração de postos de trabalho
Foto: Foto: Thiago Gadelha

Diante do atual cenário de juros baixos, inflação sob controle e retomada da economia, o setor da construção civil no Ceará projeta um crescimento de 3% para 2020 em relação ao ano passado, movimentando cerca de R$ 2 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV). “Acreditamos que, no segundo semestre de 2020, o mercado imobiliário volte a lançar com maior intensidade”, disse Patriolino Dias, presidente eleito do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), durante visita ao Sistema Verdes Mares, na manhã de ontem (3).

“Com a estabilidade da economia, redução das taxas de juros, criou-se um ambiente propício para que haja retomada. O mercado de São Paulo já virou, com um crescimento exponencial. E a gente acredita que em mais um ano isso chega aqui”, aponta Dias, que tomará posse da presidência do sindicato na próxima quinta-feira (6). 
Com poucos lançamentos nos últimos quatro anos, o estoque de imóveis no Ceará recuou de 13 mil unidades, em 2016, para 8,5 mil. “Hoje, estão sendo consumidas 2 mil unidades por ano, mas com essa redução de juros, a gente acredita que esse número será maior”, prevê.

Com relação à confiança do empresariado, Patriolino Dias destaca que os incorporadores estão com maior apetite para investir. “Há alguns anos, você tinha uma Selic de 14%, então nada do que você lançasse gerava um resultado superior ao rendimento do CDI, por exemplo, que é uma aplicação com risco muito baixo. Hoje, com a Selic a 4,5% e inflação a 3%, você tem um juro real de 1,5%, então a expectativa é de que os incorporadores voltem a investir”.

Legenda: Patriolino Dias, novo presidente do Sinduscon-CE, toma posse dia 6
Foto: Foto: Thiago Gadelha

Em janeiro, o Índice de Confiança da Construção (ICST), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), subiu 2,1 pontos, ficando em 94,2 pontos, maior nível desde maio de 2014, quando estava em 94,6 pontos. Essa foi a quarta alta mensal consecutiva do indicador. Em nota, a FGV informou que o resultado de janeiro sinaliza a tendência para 2020 e reflete as vendas dos lançamentos realizados ao longo do ano passado.

Crédito

A redução dos juros também vem favorecendo o setor imobiliário, seja pelo maior acesso a crédito por parte dos consumidores, como pelo potencial de retorno para os investidores. “As pessoas tendem a migrar o que estava aplicado em renda fixa para vários mercados, dentre os quais o imobiliário. Além disso, os bancos estão com mais apetite para financiar imóveis”, diz o presidente do Sinduscon-CE.

Na semana passada, o presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, informou que o banco irá lançar, nas próximas semanas, uma linha de financiamento imobiliário com taxa pré-fixada. A expectativa do setor é de que os bancos privados também passem a oferecer essa modalidade de crédito. “Você saber o valor de todas as prestações será excepcional para o consumidor”, avalia Dias. “Esse é o melhor momento para o consumidor comprar um imóvel”.

MCMV

Mesmo com a recuperação do setor imobiliário, em geral, as empresas voltadas para o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) ainda enfrentam problemas relacionados a atrasos nos repasses do Governo Federal. Segundo Patriolino Dias, no Ceará, há aproximadamente R$ 12 milhões de repasses atrasados, entre 30 e 45 dias. “Os atrasos diminuíram, mas estamos vigilantes para que não ocorra mais. O Governo tem que entender que o Minha Casa Minha Vida deve ser um projeto de Estado, e não de governo. Porque a classe menos favorecida não consegue comprar um imóvel sem um subsídio e temos um déficit habitacional gigantesco”, disse.

Hoje, em torno de 700 empresas no Estado que atuam no segmento do MCMV geram mais de 70 mil empregos diretos. Patriolino avalia que, diante da capacidade da indústria da construção civil e do atual nível de atividade do setor, ainda há um grande potencial de geração de postos de trabalho, principalmente de serventes e mestres de obras. 

“Em 2014, nós tínhamos 100 mil trabalhadores no setor da construção civil no Ceará. Em 2018, esse número baixou para 60 mil, então há um espaço grande para crescer o número de empregos”, destaca o presidente.

Com os lançamentos esperados para o segundo semestre deste ano, a expectativa é de que a geração de empregos no setor comece a mostrar mais força a partir do primeiro semestre de 2021. “Acreditamos que será um ano de retomada na geração de empregos”, afirmou Dias.

Quando foi eleito para a presidência do Sinduscon-CE, em outubro do ano passado, Patriolino Dias disse que a entidade irá trabalhar juntamente com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) para fortalecer o MCMV. A Cbic também espera a aprovação do projeto de lei 888/2019, que prevê a restauração do Regime Especial de Tributação (RET) para a incorporação de unidades residenciais de até R$ 100 mil, encerrado em 2018.

Tributação

Outro ponto que Patriolino destaca que terá prioridade em sua gestão é a taxação do ICMS sobre insumos adquiridos pelas construtoras em outros estados. O Sinduscon-CE argumenta que não deve pagar os 11% do ICMS interestadual, uma vez que não adquire os produtos para consumo e sim como insumos da construção dos imóveis. 

Para o Governo do Estado, a Emenda Constitucional Federal (EC) nº 87/2015, que passou a vigorar em 2016, permitiria a cobrança tanto para compras de insumo como para o consumo.

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