Em 2025, PIB cairá de 3,5% para 1,5%, prevê o Banco Safra
O ciclo de alta dos juros deverá arrefecer o crescimento econômico em 2025 e contribuir para o processo de desaceleração da inflação a médio prazo
Relatório da macroeconomia elaborado pelos economistas do Banco Safra e distribuído aos seus clientes prevê que o crescimento do PIB brasileiro neste ano novo de 2025 deverá cair dos 3,5% do ano passado de 2024 para 1,5%. E a culpa seguirá sendo dos juros altos que inibem o investimento. Mas a lavoura do PIB será, mais uma vez, salva pelas exportações, que produzirão mais um superávit na balança comercial.
Um resumo dessas previsões está contido em um informe publicado pelo Safra no site “O Especialista”, administrado pelo banco, cujo conteúdo é o seguinte:
“As exportações de commodities deverão crescer substancialmente em 2025, respondendo pela maior parte do crescimento do PIB do Brasil no ano que se inicia, de acordo com as novas projeções do Banco Safra. A previsão é de um crescimento real do PIB de 1,5% em 2025, o que representa uma desaceleração significativa em relação aos 3,5% previstos para 2024.
“O banco estima que a safra de grãos deverá crescer 8% em 2025, com destaque para o crescimento da soja em torno de 13%. A produção de petróleo pode crescer até 15%, contribuindo para as vendas ao exterior, o que também deverá mover o setor de mineração que se prepara para o grande aumento da demanda por minerais associados à transição energética (cobre, níquel, grafite, terras raras etc.).
“Assim, as exportações poderão crescer mais de 6% em 2025, o que representa a absorção de mais de 70% do crescimento do valor agregado da economia brasileira no ano que está começando
“O forte e contínuo crescimento das exportações continuará a ser o principal motor do crescimento do PIB brasileiro, como observado nos últimos cinco anos, com reflexos nas estimativas do crescimento potencial do PIB brasileiro e dos efeitos sobre o equilíbrio entre oferta e demanda de flutuações no consumo das famílias e na ocupação da população em idade de trabalhar.
“Segundo o Safra, o ciclo de alta dos juros deverá arrefecer o crescimento econômico em 2025 e contribuir para o processo de desaceleração da inflação a médio prazo, ajudando a absorver parte das pressões causadas pela acentuada depreciação da moeda desde abril de 2024.
“Essa desvalorização do real frente ao dólar e a resposta da política monetária para garantir o cumprimento das metas de inflação deverão ter efeito diferenciado entre os setores da economia.
“A demanda doméstica deverá crescer abaixo de 1%, já considerado o carrego estatístico trazido de 2024. Já as exportações de commodities, que contam com custos de produção competitivos, tributação mais leve e demanda estável no exterior, deverão crescer 6% ou mais, dependendo do impulso que o nível de câmbio dê à venda de certos produtos.
“Essa dinâmica fortalecerá a balança comercial, mantendo-a superavitária entre US$ 70-80 bilhões, também à sombra do arrefecimento das importações em consequência da redução do ritmo de crescimento da demanda doméstica.
“Em conjunto, o crescimento real do PIB brasileiro deverá desacelerar dos 3,5% em 2024 para 1,5% no próximo ano”, informa o relatório de macroeconomia distribuído pelo Banco Safra aos clientes.”
Nas últimas duas semanas, a respeito do tema, esta coluna tem feito comentários que estão em linha com a análise dos economistas do Safra. Este será um ano difícil para a economia brasileira. A fragilidade da política fiscal, desacreditada pelo mercado, afeta muito a política monetária, e o resultado está aí: juros muito elevados, real desvalorizado, crédito mais caro, afetando toda a atividade econômica e, também, o consumo das famílias, uma vez que, com prestações em curva ascendente, as vendas do varejo tendem a cair – como ensina o manual.
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