Cidades cearenses registram 67 colisões de aviões com pássaros em 10 anos; veja locais

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Legenda: Autoridades afirmam que seria possível a colisão com pássaros ser um fator contribuinte para o acidente na Coreia do Sul
Foto: Jung Yeon-je / AFP

A aviação cearense enfrentou pelo menos 67 colisões com pássaros nos últimos 10 anos, segundo dados do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer), ferramenta desenvolvida pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira (FAB). 

Essas 67 colisões ocorreram em 4 municípios do Ceará, sendo 55 registros em Fortaleza, 1 em Aquiraz, 10 em Juazeiro do Norte e 1 em Tauá. 

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As colisões resultaram em ocorrências classificadas como incidentes, o que as enquadram em um grau de criticidade menor, ou seja, não feriu gravemente ninguém, ou representou grandes danos à aeronave.

Há vários casos em que, após a colisão, a aeronave voa tranquilamente. 

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Vale ressaltar que o que ocorreu na Coreia do Sul segue em investigação. No entanto, autoridades aeroportuárias afirmam que seria possível a colisão com pássaros ser um fator contribuinte para o acidente. Tal fato poderia, ainda, ocasionar problemas com o acionamento do trem de pouso, que não retraiu para o pouso.

Os incidentes no geral causam na média apenas danos materiais leves à aeronave.

Número de ocorrências por cidade do Ceará

  • Fortaleza: 55
  • Aquiraz: 1 
  • Juazeiro do Norte: 10
  • Tauá: 1

Nordeste registra 404 casos de incidentes com aves

No Nordeste, em 10 anos foram registrados 404 casos de colisões de aeronaves com pássaros.

Nenhum registro foi classificado como incidente grave. 

Veja números de ocorrências por estado

  • Alagoas: 21
  • Bahia: 122
  • Ceará: 67
  • Maranhão: 30
  • Paraíba: 26
  • Pernambuco: 85
  • Piauí: 33
  • Rio Grande do Norte: 7
  • Sergipe: 13

Assim, no Ceará e no Nordeste, nos últimos 10 anos, colisão com pássaros (birdstrike) não representou item crítico à segurança da aviação.

É bem verdade que esse dado não é coincidência, uma vez que no programa de certificação de aeronaves, pode-se exigir que partes estruturais e motores das aeronaves resistam a colisões com pássaros de até 4kg, segundo regulamentos americanos e europeus.

São realizados testes de bancada em solo, em que os pássaros são lançados contra as partes de aeronave para garantir a eficácia da certificação.

Assim, de fato, o item bird strike representa nenhum ou pouco efeito na segurança contínua de voos, tanto estatisticamente, quanto teoricamente.

Quanto mais voamos, nós viajantes temos essa noção. 

Apesar disso, há raro número de reportes de encontro de aeronaves com uma massa, conjunto, de pássaros que podem causar danos tão severos a motores, que a continuação do voo não é possível.

Um caso raro, escasso, tornou-se filme, relacionado ao Milagre do Rio Hudson: quando um Airbus 320, Voo US Airways 1549, logo após decolagem do aeroporto de La Guardia, em Nova Iorque-EUA, se chocou contra dezenas de gansos-do-canadá e perdeu seus dois motores, ainda que não tenha havido nenhum problema estrutural.

Sem os motores, a aeronave estaria fadada a cair e, pela baixa altura, não conseguiu retornar a um aeroporto planando. A solução do Comandante Sullenberger, foi pousar a aeronave no Rio Hudson-EUA, algo incrível e que salvou todos a bordo sem maiores consequências.

O caso da US Airways mostra que o encontro com muitos pássaros pode sim ser perigoso e pode estar ligado, segundo relatos da mídia Coreana, à tragédia ocorrida com a companhia Jeju Air.

É muito cedo para relacionar o acidente à colisão com pássaros, mas houve reportes preliminares de um evento desse tipo por observadores da aeronave.

Qual a diferença de incidente e acidente aéreo?

Segundo o Sipaer, nos últimos 10 anos, estão consolidadas mais de 8 mil ocorrências classificadas como: Incidente, Incidente grave e Acidente.

De acordo com o Decea, Departamento de Controle de Espaço Aéreo, o Acidente aeronáutico está ligado a ocorrências que resultem em lesão grave ou morte de pessoa; dano ou falha estrutural de aeronave, de forma que exija a substituição de grandes componentes ou grandes reparos.

O incidente grave está relacionado a ocorrido sob circunstâncias em que um acidente quase ocorreu. A diferença entre o incidente grave e o acidente está apenas nas consequências.

Por fim, o incidente é “Toda ocorrência, inclusive de tráfego aéreo, associada à operação de uma aeronave, havendo intenção de voo, que não chegue a se caracterizar como um acidente, mas que afete ou possa afetar a segurança da operação”. É uma ocorrência de menor potencial e deve ser comunicada à Agência Nacional de Aviação Civil em até 48h, segundo o Regulamento Brasileiro de Aviação Civil 153.

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*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.

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