Como é na prática, no Natal, cuidar das pessoas e salvar vidas
É no cotidiano que se conhece a profundidade do compromisso de médicos e enfermeiros que, nas festas de fim de ano, assistem os pacientes nos hospitais
Cuidar das pessoas. Este é o compromisso que os profissionais da saúde assumem desde o momento em que, na juventude, optam pelo que farão na idade adulta. E, no universo da saúde, ninguém cuida melhor das pessoas do que os médicos e os enfermeiros, e esta coluna o provou nos festivos dias do Natal de 2024 e do Réveillon de 2025, observando nos mínimos detalhes – na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Antônio Prudente – o seu árduo e, ao mesmo tempo, apaixonante trabalho de salvar vidas.
Este colunista acompanhou, fisicamente, o drama de um familiar que, depois de muitos exames, foi submetida a uma laparoscopia, (procedimento minimamente invasivo indicado para o tratamento de diversas patologias que afetam os órgãos da região abdominal), que detectou uma hérnia, seguida de uma laparotomia (procedimento cirúrgico que consiste na abertura da cavidade abdominal por uma incisão na parede abdominal, segundo o Google), a qual, também, identificou perfurações no intestino grosso.
Por causa do que acima está descrito, o editor desta coluna, antigo admirador dos profissionais da medicina e da enfermagem, abriu os olhos e aguçou os ouvidos para ver e ouvir melhor o difícil e divino ofício dos intensivistas.
Livre das dores que a fizeram internar-se no hospital, a protagonista desta história – mesmo amarrada a fios e cabos que, na UTI, controlavam todos os seus sinais vitais e por meio dos quais recebia medicação, principalmente antibiótica, e alimentação parenteral intravenosa – abriu no rosto um largo sorriso de felicidade.
Ao visitá-la menos de 24 horas após realizar a cirurgia, o Dr. Jansen de Souza Gomes – considerado pelos seus próprios colegas como um dos melhores cirurgiões gerais do Ceará – também sorriu, mas a advertiu:
“Está tudo bem, mas temos de viver um dia de cada vez”.
Na véspera do Natal, o Dr. Jansen operou, com êxito, de uma apendicite, o filho do CEO do Grupo Hapvida, Jorge Pinheiro, que poderia ter escolhido um dos 90 hospitais administrados pelo grupo no país, alguns dos quais estão em São Paulo, mas optou por fazê-lo na unidade e na cidade que deram origem ao que é hoje o maior plano de saúde do Brasil. Este é um registro importante.
No dia 31 de dezembro, ao mesmo tempo em que se aproximava – do lado de fora do Hospital Antônio Prudente – a festa do Réveillon, do lado de dentro seu time de médicos e enfermeiros revezava-se nos cuidados de assistir cada um dos que, homens e mulheres, lotavam a UTI. Houve um momento em que o acesso de parentes aos leitos da UTI foi proibido por causa de uma intercorrência, logo solucionada.
E no exato instante em que os fogos de artifício no Aterro da Praia de Iracema anunciavam a chegada do Ano Novo, o silêncio fazia-se ouvir nos diversos setores do Hospital Antônio Prudente, o mesmo que se ouve em qualquer hospital digno do nome.
Silenciosos, os médicos e enfermeiros intensivistas abraçavam-se, desejando-se, mutuamente, um Ano Novo feliz e próspero.
Nos quartos do hospital, dormiam dezenas de pacientes que se recuperavam de cirurgias de alta complexidade.
Ontem, quarta-feira, dia primeiro de janeiro, o Dr. Jansen de Souza Gomes – que, pelos longos anos dedicados à cirurgia geral e à relação com seus pacientes, se descobriu também um psicólogo – visitou os seus vários pacientes no Hospital Antônio Prudente, transmitindo-lhes um comentário e uma informação adequados à situação de cada um. Este é o outro lado – o lado humano – do profissional da saúde, o comprometido a cuidar das pessoas, a salvar vidas, do qual nada se ouve falar.
Imaginem que, enquanto 1 milhão de pessoas dançavam, cantavam e trocavam abraços pela chegada do Ano Novo, uma enfermeira no primeiro andar o Hospital Antônio Prudente, onde ficam os que se recuperam de cirurgias, limpava a bolsa que colhe as fezes de uma paciente colostomizada. E o fazia com a naturalidade de quem lava as mãos. A enfermeira mostrava, na prática, o compromisso com seu juramento.
Em um raro momento de descanso entre uma cirurgia e outra, o Dr, Jansen de Souza Gomes conversou com este colunista. E disse, com outras palavras, o que se segue:
“Quando decidi dedicar-me à medicina, estava ciente de todos os desafios que ela encerra. Hoje, posso dizer que, entre a teoria acadêmica e a prática cotidiana do seu exercício, há uma grande diferença, que é o lado humano de ver e decidir sobre cada caso. A tecnologia nos diferentes ramos da ciência médica evoluiu e segue evoluindo, porém ela, para chegar aos 100% de êxito em cada procedimento, tem de contar com a sensibilidade humana, por meio da qual casos complicados se tornam mais fáceis de resolver. E quando há a perfeita interação médico-paciente, este lado do exercício prático da medicina, no seu aspecto cirúrgico, onde eu atuo, é um incentivo, um estímulo a mais para o sucesso do que se mostrava muito complexo”.
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