Camilo reconhece importância de pensar volta às atividades, mas admite não haver datas para retomada

Pressionado, governador criou grupo estratégico para debater com setor produtivo, mas exclusão de alguns setores gerou insatisfação de empresários

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(Atualizado às 23:56)
Legenda: O governador Camilo Santana falou sobre as medidas de combate ao coronavírus durante entrevista ao SVM
Foto: Foto: Kid Júnior

A retomada da economia no Ceará já começa a ser planejada pelo Governo do Estado, mas ainda sem uma definição. Em entrevista exclusiva ao Sistema Verdes Mares, na manhã de ontem, o governador Camilo Santana mencionou a criação de um grupo de trabalho para planejar a voltas às atividades, mas disse que ainda não há prazos para o início da reabertura da economia. Apesar de reconhecer a importância de todos os setores, o governador garantiu que as datas de divulgação e início do plano de retomada deverá seguir as recomendações dos especialistas da área de saúde e dos cientistas consultados.

O grupo de trabalho conta com a presença de representantes de várias secretarias estaduais, do Ministério Público Estadual e Federal, das entidades de classes dos setores econômicos e da sociedade civil.

"O plano (de retomada) será construído por esse grupo, mas ainda não podemos definir uma data para implemen-tação. Quem vai definir isso são os técnicos e os especialistas, que vão definir o momento certo. Eu sei que esse momento traz angústias e sei dos impactos que esse momento tem na economia, mas isso está acontecendo no mundo inteiro", disse Camilo.

O governador ainda defendeu que as medidas de isolamento social foram tomadas para garantir a segurança e saúde da população do Estado. Contudo, o Estado já trabalha com uma previsão de retração do Produto Interno Bruto (PIB) para a economia cearense. Apesar de economistas apontarem que poderá haver uma queda de até 3% das riquezas geradas no Ceará em 2020, o governador Camilo disse que ainda é cedo para prever o impacto da crise do novo coronavírus.

Além disso, o chefe do executivo estadual ressaltou que o tamanho da redução poderá ser minimizado com a implementação de medidas por parte do Governo Federal. Segundo Camilo Santana, é preciso que haja injeção de recursos nos setores privado e público para garantir um processo de retomada mais tranquilo para o País.

"O tamanho dessa retração vai depender da ação do Governo Federal. Se o Governo estimula as empresas e a atividade econômica com recursos, e o momento da retomada vai ser importante, e tivermos recursos injetados no setor privado e no setor público para que tenhamos investimentos podemos reduzir o impacto", disse o governador.

Camilo ainda destacou algumas ações do Ministério da Economia até aqui, como o auxílio de renda emergencial de R$ 600 e as linhas de crédito oferecidas às empresas para a manutenção de empregos.

"O Ministério da Economia tem tomado ações importantes, mas tudo isso vai depender das ações durante a pandemia e na hora da retomada, que dependerá das políticas de estímulo e incentivo dos governos Federal e Estadual, mas o Governo Federal tem muito mais força do que o Estado, por conta das políticas monetária e fiscal", disse.

Setor produtivo

Durante a entrevista, Camilo também reforçou que está aberto ao diálogo e que vem discutindo com empresários as estratégias para reabertura da economia, assim como as medidas de apoio às empresas no Estado. Apesar da disposição, ele demonstrou resistência à demanda da suspensão da cobrança total do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Camilo destacou que os pleitos relacionados a tributos estaduais serão analisados setor por setor, uma vez que, mesmo durante a crise, algumas empresas mantiveram os níveis de atividade e poderão registrar crescimento, ainda que estejam longe de ser maioria do total do números de negócios no Estado.

O governador ainda destacou que os impostos têm sido importante para manter o caixa do Governo para garantir os investimentos na saúde, como a compra de respiradores e equipamentos de proteção individual, e para a ampliação de leitos hospitalares para atender os casos da Covid-19, seja com leitos normais ou de unidades de terapia intensiva.

Vale-gás

Na manhã de ontem, o governador também anunciou que o programa de auxílio de entrega de botijões de gás a famílias de baixa renda no Ceará deverá começar até a próxima segunda-feira, com a distribuição de vales. O projeto é uma parceria com a Nacional Gás e deverá atender mais de 247 mil famílias em todo o Estado.

Por três meses, beneficiários do Cartão Mais Infância Ceará, do Bolsa Família (com renda "per capita" igual ou inferior a R$ 89,34) e famílias com jovens inscritos no Programa Superação deverão receber o vale-gás.

 

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