Lygia Fagundes Telles: veja os principais livros e contos da escritora

Ícone da literatura brasileira, Lygia faleceu aos 98 anos em São Paulo

Escrito por Diário do Nordeste e Ubiratan Brasil/Estadão Conteúdo ,
Lygia Fagundes Telles
Legenda: Lygia integrava a ABL desde a década de 1980
Foto: Divulgação

Lygia Fagundes Telles, escritora modernista que morreu de causas naturais aos 98 anos neste domingo (3), em São Paulo, deixou uma "gigantesca e exuberante obra" para a literatura brasileira, segundo nota de pesar da Academia Paulista de Letras. 

Entre as obras da paulistana, destacam-se:

  • As Meninas (1973)
  • As Formigas
  • A Caçada
  • O Moço do Saxofone
  • O Segredo
  • A Disciplina do Amor
  • O Encontro

Autora de uma obra de estilo elegante, ecos machadianos e um permanente estado de espírito que permite manipular a escrita com firmeza e serenidade, Lygia sempre ofereceu ao leitor a oportunidade de pensar sobre suas existências. E seus personagens, especialmente os femininos, exibiram a pluralidade das vozes das mulheres, tornando-se símbolo da luta contra a hipocrisia da sociedade.

A escritora Lygia Fagundes Telles descobriu a força que seus personagens exerciam sobre os leitores quando publicou a seleção Meus Contos Preferidos, lançada em 2004.

Muitos de seus livros se tornaram clássicos, como o romance As Meninas, de 1973, obra inspiradora, pois reflete o impasse de jovens que viveram numa época obscura. 

Biografia

Lygia de Azevedo Fagundes nasceu no dia 19 de abril de 1923, na rua Barão de Tatuí, no bairro de Santa Cecília, em São Paulo. Era a quarta filha de uma pianista, Zazita, e do procurador promotor público Durval de Azevedo Fagundes. Por conta da profissão do pai, ela e a família se mudaram para várias cidades paulistas. Se da mãe herdou a vocação artística, de Durval, Lygia descobriu uma de suas profissões.

Seu primeiro livro, Porão e Sobrado, foi publicado em 1938, em edição financiada pelo pai. Já o segundo, Praia Viva, saiu em 1944, um ano antes de seu bacharelado. Em 1949, três anos depois do término do curso de Direito, a escritora publicou seu terceiro livro de contos, O Cacto Vermelho, pelo qual recebeu o Prêmio Afonso Arinos da Academia Brasileira de Letras.

Do casamento com Gofredo da Silva Telles Júnior, em 1947, adquiriu o sobrenome e teve um filho que muito amou, o cineasta Goffredo Telles Neto, que morreu em 2006, aos 52 anos. Foi na década de 1950 que Lygia escreveu seu primeiro romance, Ciranda de Pedra (1954), que a tornou nacionalmente conhecida pelo público e reconhecida pela crítica - Antonio Cândido, por exemplo, considerava essa obra o marco de sua maioridade como escritora.

O segundo romance, Verão no Aquário, foi lançado em 1963, mesmo ano em que se casou com o crítico cinematográfico Paulo Emílio Sales Gomes. Na verdade, foi um escândalo, pois ela continuava oficialmente casada com Gofredo - a lei brasileira não admitia ainda o divórcio. Em meio a uma grande maledicência, o casal viveu bem e feliz, até a morte dele, em 1977.

Perfil literário

Nos contos, Lygia também exibia um talento único, como comprovam Antes do Baile Verde (1970), Seminário dos Ratos (1977), A Estrutura da Bolha de Sabão (1978), A Disciplina do Amor (1980), Mistérios (1981), A Noite Escura e Mais Eu (1998) e Invenção e Memória (2000). O que os torna tão intensos é a busca da escritora, a partir de seus personagens, das respostas que dão sentido à vida e que permitem às pessoas descobrir a melhor forma de interagir com o mundo externo. Lygia também cria seres que não se livram da memória, vivendo imersos na temporalidade.

Em 1985, ela foi eleita para ocupar a cadeira 16 da Academia Brasileira de Letras, iniciando uma fase de reconhecimento internacional, como se consagrando Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal (1987) e, principalmente, com o recebimento, em 2005, do Prêmio Camões, o mais importante da literatura em língua portuguesa, pelo conjunto da obra.
 

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