Goiano deportado dos Estados Unidos beija chão de aeroporto ao chegar em Minas Gerais: 'muita tristeza'

Os 111 brasileiros repatriados chegaram ao Brasil por Fortaleza e a maior parte deles seguiu para Belo Horizonte, em avião da Força Aérea Brasileira (FAB)

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Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 15:23)
Homem entra em aeroporto e beija o chão
Legenda: O corretor de imóveis goiano César Diego Justino era um dos repatriados que chegaram a Belo Horizonte da noite de sexta-feira (7)
Foto: Henrique Campos/TV Globo

Quando chegou em Minas Gerais na noite da última sexta-feira (7), o corretor de imóveis goiano César Diego Justino beijou o chão do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte. Ele estava no voo que trouxe 111 brasileiros deportados dos Estados Unidos e havia pousado no Aeroporto de Fortaleza por volta das 16h.

Justino foi para os Estados Unidos no ano passado e chegou ao país no dia 1º de outubro com intenção de trabalhar. Porém, entregou-se às autoridades para “fazer o praxe, tudo certinho, mas não deu certo”.

“Lá está muito difícil. Eu não aconselho ninguém a fazer isso [migrar ilegalmente]. Está muito sofrido. Quatro meses detido e não aconselho ninguém a fazer isso. Lá está com muito problema, deportando todos”, disse, segundo informações do g1 Minas Gerais.

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Ele também falou sobre as condições do voo entre Alexandria, no estado da Louisiana, e a capital cearense. “Todos algemados, mais de 24 horas algemados, cara, muito sofrimento. Sem comida, sem água. Muita tristeza”, afirmou.

Só em Fortaleza que eles receberam um tratamento melhor, segundo o relato. Após toda a situação, Justino afirma que não pretende mais sair do País. “Nós somos ricos e não sabemos, de verdade. A riqueza nossa está aqui no Brasil”, concluiu.

Da capital cearense, a maior parte dos brasileiros repatriados foram para Belo Horizonte, em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB).

Chegada ao Brasil

A secretária dos Direitos Humanos do Ceará, Socorro França, concedeu entrevista coletiva após a chegada do avião e afirmou que os repatriados chegaram ao Brasil “acorrentados, com algemas”, e muitos estavam “machucados emocionalmente”. Após o pouso, eles foram atendidos por psicólogos e assistente social.

Também em entrevista coletiva, o defensor público federal Edilson Santana afirmou que a Defensoria Pública “vê com preocupação” as condições em que as pessoas foram conduzidas dos Estados Unidos para o Brasil. Ele confirmou, ainda, que as crianças e seus acompanhantes não vieram algemados durante o voo.

“A Defensoria Pública está atenta a eventuais violações de direitos humanos que possam ter ocorrido e estamos à disposição, individualmente, de cada pessoa que chegou, mas também através da nossa atuação coletiva para que posamos prestar assistência jurídica”, declarou.

Pessoas repatriadas aguardam para subir no avião da FAB
Legenda: A titular da Secretaria dos Direitos Humanos do Ceará (Sedih), Socorro França, afirmou que os repatriados foram atendidos por psicólogos e assistente social
Foto: Thiago Gadelha

Em Belo Horizonte, os repatriados foram recebidos por uma comitiva que incluiu servidores da Prefeitura, do Governo do Estado e da União, incluindo a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo.

Segundo o g1 Minas Gerais, a Fecomércio, responsável pelo Sistema S, divulgou que vai oferecer transporte, alimentação e hospedagem aos deportados, na unidade do Sesc Venda Nova, por dez dias. Também será disponibilizada capacitação profissional para os que tiverem interesse.

Na madrugada deste sábado (8), o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) divulgou o perfil dos 111 brasileiros deportados. Entre eles estavam 8 crianças de até 10 anos e mais 11 crianças e jovens até 20 anos.

Segundo dados da Polícia Federal (PF), a maioria dos repatriados são homens e jovens. A pessoa mais velha tem 53 anos. Confira os perfis detalhados:

Por sexo:

  • 85 homens (dos quais 71 estavam desacompanhados); 
  • 26 mulheres (das quais 12 estavam desacompanhadas).

Por idade:

  • 8 pessoas têm até 10 anos de idade; 
  • 11 pessoas têm entre 11 e 20 anos;
  • 38 pessoas têm entre 21 e 30 anos;
  • 33 pessoas têm entre 31 a 40 anos;
  • 17 pessoas têm entre 41 a 50 anos;
  • 4 pessoas têm 51 anos ou mais (sendo o mais velho do grupo com 53 anos de idade).

Uma mulher transgênero, que estava acompanhada do marido, foi recebida pela Secretaria da Diversidade do Ceará, a pedido da Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+.

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