A Polícia Civil de São Paulo concluiu o inquérito que investiga o acidente envolvendo um Porsche na madrugada do dia 31 de março e pediu pela terceira vez a prisão do condutor do carro de luxo, o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos. A colisão do veículo com a traseira de um Renault Sandero causou a morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos. O acidente aconteceu na Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé, na zona leste da capital paulista.
Anteriormente, outros dois pedidos de prisão, sendo um temporário e outro preventivo, foram negados pela Justiça. Procurada, a defesa de Andrade Filho não se manifestou até a última atualização desta reportagem.
A Secretaria da Segurança Pública informou, em nota, que o 30° Distrito Policial (Tatuapé) concluiu as investigações do caso e relatou o inquérito policial à Justiça nesta quarta-feira (24), com novo pedido de prisão preventiva do autor. Agora, o Judiciário decidirá se decreta ou não a prisão do motorista.
O empresário estava sendo investigado pelos crimes de homicídio, lesão corporal - por conta dos ferimentos causados ao amigo que estava com ele no carro - e fuga do local do crime. Fernando não prestou socorro e não fez teste do bafômetro.
Além da morte de Viana, o acidente resultou na internação do estudante Marcus Vinicius Rocha, de 22 anos, que chegou a passar por procedimento cirúrgico para retirar o baço.
Empresário se apresentou quase 40 horas depois
Outro ponto é que o acidente foi registrado na madrugada do domingo de Páscoa, mas Andrade Filho se apresentou no 30º DP quase 40 horas após a ocorrência, em 1° de abril, no mesmo dia em que Viana foi enterrado em Guarulhos, na Grande São Paulo. Na ocasião, a defesa de Andrade Filho negou que o cliente tenha fugido do local do acidente e afirmou que ele apenas se "resguardou de linchamento".
Com a conclusão do inquérito, cabe ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) decidir se irá denunciar Andrade Filho pelos três crimes, além de concordar ou não com o novo pedido de prisão. Recentemente, o órgão informou que solicitou perícia scanner em 3D para elucidar o acidente em detalhes.
O Porsche 911 Carrera GTS conduzido pelo empresário Andrade Filho estava a 156 km/h pouco antes do acidente que matou o motorista de aplicativo Viana, segundo laudo da Polícia Técnico-Científica. A velocidade representa mais do que o triplo do que os 50 km/h permitidos para a Avenida Salim Farah Maluf, onde a colisão ocorreu.
Segundo sindicância da Polícia Militar, os agentes que atenderam a ocorrência erraram ao não fazer o teste do bafômetro em Andrade Filho após o acidente. "Testemunhas dizem que ele apresentava voz pastosa, andar cambaleante", disse, no último dia 6, o delegado Carlos Henrique Ruiz, da 5ª Delegacia Seccional (Leste).
Um dos pontos que embasaram o último pedido de prisão, feito pela Polícia Civil na época da declaração do delegado, é que Andrade Filho aparentava estar "alterado" naquela madrugada, segundo testemunhas ouvidas na investigação. Ele tinha acabado de sair de uma festa com bebida liberada quando se envolveu no acidente.