Correios anunciam plano contra crise com venda de imóveis e fechamento de agências

Empresa captou R$ 10 bi para conter crise financeira

Escrito por
Redação producaodiario@svm.com.br
Agência dos Correios em São Paulo.
Legenda: Agências em diferentes regiões do país serão fechados.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os Correios anunciaram a captação de R$ 12 bilhões em crédito como medida central do Plano de Reestruturação 2025–2027, que busca conter a crise financeira da estatal, garantir liquidez imediata e viabilizar mudanças estruturais. O plano prevê redução expressiva de despesas, incluindo corte de gastos com pessoal e alienação de imóveis sem uso operacional.

Está previsto também o fechamento de cerca de mil agências em todo o país.

O anúncio foi feito pelo presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, durante entrevista coletiva em Brasília. Do total captado, R$ 10 bilhões serão liberados até 31 de dezembro de 2025 e outros R$ 2 bilhões até 30 de janeiro de 2026.

Segundo a direção da empresa, os recursos garantirão a normalização do fluxo de caixa, a quitação de compromissos em atraso e a recuperação da credibilidade junto a fornecedores, empregados e clientes.

A captação integra a primeira fase do plano, voltada à estabilização emergencial da estatal. Um diagnóstico interno apontou déficit estrutural superior a R$ 4 bilhões por ano, patrimônio líquido negativo de R$ 10,4 bilhões e prejuízo acumulado de R$ 6,057 bilhões até setembro de 2025, além de queda nos indicadores de qualidade e liquidez.

“O crédito nos permite interromper a espiral negativa herdada e avançar com segurança na reestruturação. É o ponto de virada para recolocar os Correios em uma trajetória sustentável”, afirmou Rondon.

Venda de imóveis pode render R$ 1,5 bilhão

Entre as principais medidas estruturais está a venda de imóveis sem função operacional, após a revisão da carteira imobiliária da empresa. A expectativa é arrecadar cerca de R$ 1,5 bilhão em receitas extraordinárias, reduzindo custos de manutenção e ajudando no reequilíbrio financeiro.

O plano também prevê o fechamento de aproximadamente mil agências, concentrando a operação em unidades consideradas estratégicas.

Veja também

Outra frente relevante é a reabertura do Programa de Demissão Voluntária (PDV) a partir de janeiro de 2026, com potencial de adesão de até 15 mil empregados entre 2026 e 2027. A economia estimada é de R$ 2,1 bilhões por ano, com impacto pleno a partir de 2028, reduzindo a rigidez da estrutura de custos com pessoal.

O plano inclui ainda o reequilíbrio do plano de saúde, com economia projetada de R$ 700 milhões anuais a partir de 2027, além da renegociação de passivos judiciais.

Somadas, essas iniciativas devem resultar em uma redução de despesas da ordem de R$ 5 bilhões até 2028, apoiadas por um modelo de governança com monitoramento permanente em níveis estratégico, executivo e tático.

Na frente de crescimento, os Correios preveem investimentos de R$ 4,4 bilhões entre 2027 e 2030, com financiamento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB/Brics). Os recursos serão destinados à automação de centros de tratamento, renovação e descarbonização da frota, modernização da infraestrutura de tecnologia da informação e redesenho da malha logística.

O plano reposiciona a estatal como um ecossistema integrado de logística, serviços digitais e financeiros, com atuação ampliada em e-commerce, última milha, logística em saúde, integração internacional, agronegócio, seguros e conta digital. A expectativa é gerar mais de R$ 8 bilhões em receitas adicionais até 2029 e retomar resultados positivos de forma sustentável a partir de 2027.

“Este plano vai além da recuperação financeira. Ele reafirma os Correios como um ativo estratégico do Estado brasileiro, essencial para integrar o território nacional e garantir acesso igualitário a serviços logísticos, especialmente onde ninguém mais chega”, concluiu Emmanoel Rondon.