Programa de Jimmy Kimmel é suspenso após comentário sobre assassinato de Charlie Kirk

Apresentador sugeriu que Tyler Robinson, acusado do crime, seria pró Trump

Escrito por
(Atualizado às 09:33)
Jimmy Kimmel
Legenda: O apresentador ainda não se pronunciou sobre a decisão
Foto: CHRIS DELMAS / AFP

rede americana de televisão ABC suspendeu o programa de variedades de Jimmy Kimmel "por tempo indeterminado", após o apresentador afirmar que parte da direita tenta explorar politicamente o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk.

O anúncio do canal, feito nessa quarta-feira (17), foi comemorado pelo presidente Donald Trump em meio a seu enfrentamento com os meios de comunicação americanos e vozes críticas como a de Kimmel.

Kimmel tratou da comoção causada pelo assassinato no programa na última segunda-feira (15). 

"Tivemos alguns novos pontos baixos no fim de semana com a gangue MAGA [em referência ao movimento de Trump, 'Make America Great Again'] tentando desesperadamente caracterizar o jovem que assassinou Charlie Kirk como qualquer coisa que não seja um deles e com tudo o que podem para tirar proveito político disso", afirmou o humorista.

Charlie Kirk foi assassinado em 10 de setembro enquanto participava de um debate com estudantes em uma universidade no estado de Utah. O suspeito do crime, Tyler Robinson, de 22 anos, se entregou às autoridades no dia seguinte e foi acusado de homicídio qualificado.

O comentário de Kimmel ocorre em meio às promessas das autoridades da administração Trump de ações contra organizações e movimentos liberais e de esquerda, campanha que seus detratores classificam como uma ameaça às liberdades civis nos Estados Unidos.

Até a manhã desta quinta-feira (18), o apresentador ainda não se pronunciou sobre a decisão. 

Conteúdo insensível

Pouco antes do anúncio da ABC, a rede Nexstar - que controla a maior parte dos canais afiliados que difundem a programação da ABC nos Estados Unidos - publicou um comunicado informando que tiraria do ar o programa de Kimmel após considerar "ofensivo e insensível" o monólogo do humorista.

"Seguir oferecendo uma plataforma de transmissão ao senhor Kimmel nas comunidades às quais chegamos simplesmente não atende ao interesse público. Tomamos a difícil decisão de substituir o seu programa em um esforço de que prevaleçam as cabeças mais frias enquanto avançamos para uma retomada do diálogo respeitoso e construtivo", acrescentou.

Ainda na quarta-feira, Brendan Carr, diretor da Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês), que regula o setor nos Estados Unidos, classificou de "doentio" o comentário de Kimmel em uma entrevista e insinuou que poderia haver ações legais.

"Francamente, quando vemos coisas assim [...] podemos fazer isso por bem ou por mal. Ou essas companhias buscam uma maneira de mudar a conduta, de agir francamente a respeito de Kimmel, ou a FCC terá trabalho adicional pela frente", comentou Carr.

Veja também

Trump e a imprensa

O anúncio da suspensão do programa acontece dois dias após o presidente Trump processar o jornal New York Times exigindo US$ 15 bilhões ao acusá-lo de ser "um autêntico 'porta-voz' do Partido Democrata de esquerda radical".

Crítico constante dos meios de comunicação tradicionais, Trump intensificou sua hostilidade contra o setor desde que retornou à Casa Branca em janeiro, com ações judiciais multimilionárias.

Em meio à crescente polarização, a rede CBS anunciou em julho que o talk-show noturno do humorista Stephen Colbert sairá do ar em 2026. A emissora informou o fim do programa dias após o apresentador criticar no ar um acordo de US$ 16 milhões entre Trump e a Paramount, companhia da qual a CBS faz parte, para pôr fim a um processo do presidente. O programa "The Late Show with Stephen Colbert" ganhou um Emmy no último domingo (14).

Assuntos Relacionados