Lula rebate governo Trump sobre condenação de Bolsonaro: 'não foi caça às bruxas'
O presidente brasileiro assina artigo publicado no jornal New York Times
O presidente Lula (PT) rebateu, neste domingo (14), as declarações do Governo de Donald Trump sobre a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que chamou de "decisão histórica".
Em artigo publicado no jornal estadunidense The New York Times, Lula critica ainda as sanções dos EUA contra o Brasil e reforça que "a democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta".
A condenação do ex-presidente Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por trama golpista recebeu críticas de Trump e aliados próximos. A decisão ocorreu nessa quinta-feira (11).
Veja também
O presidente dos EUA disse estar surpreso e "descontente" com a decisão. "Acho que é muito ruim para o Brasil", acrescentou.
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, disse que governo dos EUA dará "resposta à altura" e classificou o processo contra Bolsonaro de "caça as bruxas".
"Não foi uma 'caça às bruxas'", rebateu Lula. "Isso ocorreu após meses de investigações que revelaram planos para assassinar a mim, ao vice-presidente e a um ministro do Supremo Tribunal Federal". As informações são do O Globo.
Ele reforçou ainda que toda a sentença foi "resultado de procedimentos conduzidos em conformidade com a Constituição Brasileira de 1988" e uma forma de "salvaguarda nossas instituições e o Estado Democrático de Direito".
Lula também criticou as sanções impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros desde agosto, sobre as quais afirma que "a falta de justificativa econômica por trás dessas medidas deixa claro que a motivação da Casa Branca é política".
Segundo o presidente brasileiro, o uso das tarifas e a Lei Magnitsky pelo Governo Trump é uma tentativa de "buscar a impunidade para o ex-presidente Jair Bolsonaro".
Ele reforçou, no entanto, que o próprio artigo no NYT é uma tentativa de "estabelecer um diálogo aberto e franco" com Trump.
"Presidente Trump, continuamos abertos a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos. Mas a democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta", acrescentou.
'Censura' e críticas ao Pix
O presidente brasileiro também falou sobre críticas da Casa Branca à regulamentação das redes sociais, em debate pelo Judiciário e pelo Congresso Nacional, e também ao Pix.
Ele classificou como "falsas" as alegações de integrantes do governo dos EUA de que a regulação das redes sociais seria uma censura a empresas estadunidenses.
"É desonesto chamar regulamentação de censura, especialmente quando o que está em jogo é a proteção de nossas famílias contra fraudes, desinformação e discurso de ódio. A internet não pode ser uma terra de ilegalidade, onde pedófilos e abusadores têm liberdade para atacar nossas crianças e adolescentes", disse.
As declarações contra o Pix foram chamadas de "infundadas". O sistema brasileiro de pagamento instantâneo é um dos alvos de investigação comercial aberta pelos EUA em julho.
"Não podemos ser penalizados por criar um mecanismo rápido, gratuito e seguro que facilita as transações e estimula a economia", defendeu Lula.
Ainda no texto, o presidente brasileiro cita ações do Palácio do Planalto no combate a crimes ambientais e para proteção da Amazônia.