Sociedade Brasileira de Dermatologia alerta para falta de tratamento para dermatite grave no SUS
Apesar da recente incorporação de três novos medicamentos no Sistema Único de Saúde, o órgão manifestou preocupação com a ausência de opções no enfrentamento de formas severas da doença

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) emitiu uma nota, nesta terça-feira (3), manifestando preocupação com a ausência de opções terapêuticas modernas e eficazes no Sistema Único de Saúde (SUS) para os adultos que enfrentam formas severas da dermatite atópica.
Apesar de reconhecer como um "avanço importante" a recente atualização dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para o tratamento da doença no SUS, que inclui a incorporação de três novos medicamentos, o órgão reforça que essas atualizações, embora relevantes, "não contemplam de forma plena os casos graves de dermatite atópica, especialmente entre a população adulta".
Na última semana, além dos três medicamentos já oferecidos, o SUS incorporou ao tratamento da dermatite atópica outras duas pomadas para a pele (tacrolimo, considerado de alto custo, e furoato de mometasona) e um remédio oral (metotrexato).
"Após um longo período sem revisões, a incorporação de medicamentos tópicos, como o tacrolimo e o furoato de mometasona, além do metotrexato para uso sistêmico, representa uma evolução no cuidado aos pacientes que convivem com a doença", afirmou a SBD.
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Ainda assim, a falta de políticas voltadas ao público adulto acometido com a forma severa da condição dermatológica "compromete os princípios de equidade e integralidade preconizados pelo SUS", diz o órgão.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia também reforçou que já estão disponíveis no Brasil, com aprovação da Anvisa e incorporação ao rol da ANS, terapias alvo-específicas como o dupilumabe — medicamentos que têm se mostrado eficazes na modificação do curso da doença e na melhora expressiva da qualidade de vida dos pacientes.
No entanto, apesar de aprovada pela portaria SECTICS/MS nº 48, de 3 de outubro de 2024, a incorporação do uso do dupilumabe para crianças e do upadacitinibe para adolescentes com formas graves de dermatite atópica, esses tratamentos ainda não foram efetivamente disponibilizados na rede pública.
"A SBD reitera sua disposição em colaborar tecnicamente com o Ministério da Saúde na formulação e aprimoramento de políticas públicas que assegurem acesso universal, seguro e digno a todos os pacientes com dermatite atópica no Brasil", concluiu o órgão.
O que é dermatite atópica?
A dermatite atópica é uma condição dermatológica crônica, inflamatória e não contagiosa que afeta, principalmente, crianças, mas que também tem sido cada vez mais frequente em adultos.
A condição forma eczemas em áreas do corpo como dobras, cotovelos, joelhos e pescoço, mas também pode se apresentar no rosto — a intensidade das lesões e a resposta aos tratamentos depende de cada pessoa. Algumas das principais características são coceira intensa, ardor e ressecamento da pele.
Em casos leves, conforme o Ministério da Saúde, é possível que os pacientes tenham crises intermitentes com remissão espontânea. Contudo, nos casos moderados a graves, os sintomas raramente desaparecem sem tratamento.
Tratamento
Dependendo da intensidade, o tratamento da dermatite atópica pode incluir o uso de hidratantes e medicamentos e uma mudança de hábitos, como passar a usar roupas macias e evitar alimentos específicos, em caso de alergia.
Atualmente, o SUS oferece três opções de cuidado: duas pomadas para aplicação direta na pele (dexametasona e acetato de hidrocortisona) e um remédio oral (ciclosporina) para casos graves. A rede pública também oferece consultas especializadas, exames e prescrição de outros medicamentos, conforme o quadro clínico de cada paciente.
Os tratamentos buscam reduzir sintomas, prevenir agravamentos, tratar infecções (quando presentes) e restaurar a integridade da pele.