Hidroginástica: quais os benefícios e para quem é indicada

A modalidade de atividade física alia exercícios aeróbicos a bem-estar e relaxamento do corpo

A hidroginástica, tal como o nome indica, é uma atividade física realizada dentro da água. Consiste na execução de movimentos aeróbicos, que exercitam múltiplos músculos simultaneamente. Apesar de existir um estereótipo sobre a modalidade ser indicada só para os mais velhos, a verdade é que “qualquer pessoa pode perder peso com a prática, além de tonificar o corpo, recuperar-se de alguma lesão e ainda atenuar dores”, explica a educadora física, especialista em Treinamento Aquático, Roberta Malagutti*.

Um dos principais pontos a favor da hidroginástica é o fator diversão. Para aquelas pessoas que têm dificuldade em incluir a atividade física na sua rotina, ela ajuda no combate ao stress, na melhoria do humor e no relaxamento do corpo. 

Normalmente, qualquer exercício físico tem um risco de lesão associado, devido ao impacto nas articulações de determinados movimentos como correr ou saltar. Como a hidroginástica é dentro de água, no entanto, esse risco diminui exponencialmente. “Esta prática também ajuda na circulação sanguínea, melhora a flexibilidade e coordenação motora, fortalece a musculatura corporal à medida que se trabalha contra a resistência e tem efeito massageador e relaxante pela sensação de flutuação”, adiciona a educadora física. 

Roberta também ressalta que, o mais importante, é que cada pessoa procure praticar uma atividade que lhe proporcione prazer e saúde: física, mental e social, de forma integrada. “Pois assim os resultados virão mais rápido do que se imagina e será bem mais fácil manter a constância e dar o fim ao sedentarismo”, acrescenta.

O que é hidroginástica?

Trata-se de um tipo de atividade aeróbica realizada dentro da água, no geral em uma piscina e, muitas vezes, fazendo o uso de equipamentos e acessórios. Os vários tipos de treino na água variam em intensidade e podem promover um bom gasto calórico, além de vários outros benefícios.

Também é conhecida como uma modalidade física onde a ausência da gravidade diminui o risco de contusão, proporcionando bem-estar ao praticante. Ele também não sentirá o suor em seu corpo por conta da água hidratando-o constantemente.

Este exercício nasceu após a evolução da hidroterapia, que começou na Europa durante o século XVIII. Médicos brasileiros prescreveram banhos de mar para seus pacientes apenas no início do século XX. E foi na Alemanha que a ginástica na água nasceu, chegando ao Brasil por volta dos anos de 1980.

Inicialmente seu público-alvo eram apenas idosos, cenário que mudou ao longo dos anos, incluindo outros grupos de pessoas como adultos e gestantes com objetivos distintos, descreve a educadora física. Atualmente a prática possui várias finalidades como emagrecimento, melhora da saúde, ganho de massa muscular, interação com outras pessoas, dentre outros.

Com o passar do tempo, vertentes surgiram a partir da Hidroginástica como Acquagym, Ginástica Aquática, Hidroatividade e Aquaeróbica.  Os profissionais perceberam que poderiam adaptar diferentes tipos de atividades na água e criaram a Hidroioga, Hidrodança, Hidrocapoeira, Hidro Power e Hidro local. Além de aulas onde os alunos não tocam no fundo da piscina como Deep water e Deep runner (corrida na água). “Com o tempo as academias foram colocando esteira e bicicleta dentro da água. Tentaram ampliar as opções relacionadas à atividade para atrair, principalmente, os mais jovens, dando uma repaginada na hidro”, analisa a educadora física.

Como ocorre a aula de hidroginástica?

O ideal é que o professor divida a aula em três partes: a inicial como aquecimento, a principal com os exercícios de aumento da intensidade e a última com relaxamento e volta à calmaria, conforme descreve a educadora física.

Os movimentos realizados pelos alunos são feitos contra a força exercida pela água, que é de baixo para cima. Ainda de acordo com a profissional, essa forma de sobrecarga pode contar com materiais para aumentar a resistência, como halteres, macarrão, caneleira, luva, colete, bola, prancha ou qualquer outro material aquático.

A música é fator importante durante o exercício, já que os alunos estão lá muitas vezes para socializar e se divertir. O ritmo proporciona o estímulo necessário para os praticantes.

Quais os benefícios?

• Relaxa os músculos;

• Reduz a sensibilidade à dor

• Reduz espasmos musculares;

• Facilita a movimentação das articulações;

• Aumenta a força e a resistência muscular;

• Aumenta a circulação periférica;

• Melhora a consciência corporal;

• Melhora o equilíbrio, a estabilidade e a postura; 

• Promove o emagrecimento;

• Traz autoconfiança, por ser realizada em um ambiente aquático

Principais dúvidas

Para quem é indicada?

É ideal para todas as idades, sendo homens ou mulheres. “Por se tratar de uma

atividade de baixo impacto, o que provoca menos estresse nas articulações, torna-se uma opção segura para pessoas com limitações”, afirma a educadora física. Ela é especialmente recomendada para os seguintes grupos:

  • Pessoas idosas;
  • Gestantes;
  • Pessoas com problemas articulares;
  • Indivíduos em reabilitação;
  • Pessoas com sobrepeso ou obesidade;
  • Pessoas que buscam condicionamento físico geral;
  • Pessoas em condições especiais, com condições médicas específicas, como diabetes, fibromialgia, entre outras, com supervisão adequada.

Quando a hidroginástica não é indicada?

  • Pessoas em tratamento de doenças crônicas, imunossupressoras, pelo risco aumentado de  infecções;
  • Doença cardíaca não controlada;
  • Pressão arterial muito elevada;
  • Diabetes descompensada;
  • Epilepsia não controlada;
  • Problemas respiratórios graves;
  • Problemas de pele como infecções ou outras questões dermatológicas; 
  • Incontinência urinária ou fecal;
  • Alergia ao cloro.

Há alguma desvantagem na sua prática?

O que pode ser considerado como desvantagem é o fato de, por ser uma atividade feita na água, exige que o aluno disponha de um tempo maior para realizá-la. “Isso porque, além do exercício em si, o adepto precisará de um maior tempo após a prática para tomar banho e estar novamente pronto e apto para o restante da sua rotina”, ressalta Roberta Malagutti. 

A hidroginástica exige uma maior organização relacionada ao tempo, “ficando, assim, mais difícil de ser encaixada em algumas horinhas do dia, como, por exemplo, na hora de almoço de um funcionário”, comenta a entrevistada.

Outra desvantagem seria a dificuldade maior em encontrar lugares que ofereçam a modalidade com variedade de opção de horários e boa estrutura de piscina e de local para banho e troca de roupa. Isso faz com que muitas pessoas acabem desistindo de praticar a modalidade, avalia a profissional.

Hidroginástica emagrece?

Como se trata de uma atividade aeróbica que envolve força e resistência, ela pode ser de moderada a intensa. Isso vai depender da intensidade do exercício e da frequência cardíaca (FC). “Com isso pode haver uma grande queima de calorias. Em uma hora de atividade, é possível chegar a queimar de 400 a 600 calorias”, frisa a professora, fazendo o cálculo baseado no gasto de 6 kcal/min.

“O peso da água é cerca de 12 X maior que o peso do ar e, ao mesmo tempo, o corpo humano fica mais leve na piscina. Essa combinação proporciona o ambiente ideal para uma atividade física eficaz e segura, podendo assim emagrecer com segurança”, adiciona. 

Quem faz hidroginástica precisa conciliar o exercício com musculação para combater a flacidez?

Esta é uma combinação muito benéfica para potencializar os resultados. Lembrando que a musculação tem grande ação, de acordo com Roberta Malagutti, não somente no ganho de massa muscular mas também no ganho de massa óssea , prevenindo e melhorando a osteoporose e a osteopenia (situação em que há diminuição da massa óssea, fazendo com que os ossos fiquem mais frágeis e exista maior risco de fraturas).

Idosos e Hidroginástica

A atividade proporciona ao idoso a socialização com outros da mesma faixa etária, fazendo com que ele se sinta inserido em um grupo e, assim, invista também na sua saúde mental e emocional, defende a educadora física. Isto, completa, “numa idade em que a tendência é o idoso se sentir sozinho e cada vez mais excluído das atividades”.

Quantas vezes por semana e por quanto tempo é preciso fazer o exercício para se ter retorno?

 A indicação é que seja realizada entre 2x a 3x por semana, em aulas com duração mínima de 50 minutos. Os resultados surgem em aproximadamente três meses, orienta Roberta Malagutti.

 

*Roberta Malagutti é  profissional de Educação Física, licenciada e bacharelada. Especialista em Treinamento e Biodinâmica aplicada à Saúde e Qualidade de Vida pela Universidade Estácio de Sá.  Especialista em treinamento aquático como Hidroginástica e Natação. Especialista em Treinamento de força e treinamento integrado pela Arte da Força. Atualmente atua como Personal Trainer e treinadora em um projeto de Yoga para mulheres surfistas.