A cantora Rita de Cássia faleceu nessa terça-feira (3), aos 54 anos, em Fortaleza. Ela estava internada em hospital privado de Fortaleza, diagnosticada com fibrose pulmonar.
O falecimento gerou comoção de artistas e de personalidades, que lamentaram a partida da compositora de sucessos como "Meu Vaqueiro, Meu Peão" e "Saga de Um Vaqueiro".
Sobre a condição, o Diário do Nordeste conversou com um especialista, que explica o que é, quais sintomas e como tratar.
O que é fibrose pulmonar?
O termo é generalista e engloba um conjunto de doenças graves que provocam o endurecimento do pulmão, devido à presença de diversas cicatrizes, reduzindo a capacidade respiratória do paciente, como explica o pneumologista e presidente da Sociedade Cearense de Pneumologia e Cirurgia Torácica (SCPCT), Ricardo Coelho Reis. No caso de Rita de Cássia, não foi divulgado qual tipo a acometeu.
A fibrose pulmonar é um processo de envelhecimento, de enrijecimento, precoce do pulmão e de perda da sua função normal, que é a troca gasosa.
"Há um processo de cicatrização precoce, exagerado, e sem uma causa, então o pulmão vai ficando mais duro, perdendo a sua funcionalidade. Ele vai substituindo o tecido normal por um tecido de cicatrização", completa.
Sintomas
O principal sintoma da condição é a dificuldade progressiva para respirar, ou seja, falta de ar que começa leve e vai piorando com a evolução do quadro da patologia. A diminuição da capacidade respiratória é uma consequência do enrijecimento do órgão, que reduz de tamanho.
O cansaço, inicialmente, começa ao realizar esforço, mas depois vai progredindo até incapacitar o paciente.
Tosse seca e irritativa também é outro sinal. Ambos são comuns em doenças respiratórias, mas, no caso da fibrose, são crônicos, persistindo por mais de três meses. Inclusive, o pneumologista alerta que indivíduos que apresentem esses sintomas por esse período devem procurar ajuda médica.
O diagnóstico da doença, que pode afetar indivíduos de todas as idades, é realizado por exames de imagens, como radiografia e tomografia, e, em casos específicos, também pode ser necessário a realização de biópsia, segundo Reis.
Tratamento
Fibrose pulmonar geralmente não tem cura e é uma condição grave. O médico explica que o tratamento consiste na administração de medicamentos que atuam na desaceleração da evolução da doença e na prevenção de novas lesões nos pulmões. Ele frisa que as drogas não recuperam a capacidade respiratória perdida do paciente, conseguindo apenas prolongar o tempo de vida.
Conforme o especialista, em média, pessoas diagnosticadas com a doença e que não recebem ou não reagem ao tratamento tem uma sobrevida de menos de cinco anos após o diagnósticos.
Quando o paciente não responde ao tratamento e tem idade inferior a 65 anos, é possível realizar um transplante de pulmão, que representa uma possibilidade de cura. Rita de Cássia chegou a conseguir um doador, mas, devido à pandemia da Covid-19, não fez o procedimento.
Fatores de risco
Existem alguns hábitos e agentes ambientais que podem provocar lesões pulmonares, estas aumentam as chances de desenvolvimento de fibrose pulmonar. Ou seja, a condição é como se fosse uma fase final de várias doenças pulmonares, como explica o pneumologista.
Abaixo, Reis lista alguns desses fatores de risco. São eles:
- Uso de medicações que provocam lesões nos pulmões;
- Inalação de substâncias tóxicas presentes em locais como fezes de pássaros, mofo, ar poluído, entre outros, que podem provocar quadros de pneumonia de hipersensibilidade (PH);
- Alguns tipos de reumatismo pulmonar;
- Inalação de fumaça;
- Tabagismo;
- Pré-disposição genética;
- Casos da doença em parentes próximos (fator hereditário);
- Pneumonias graves — provocadas por doenças, como a Covid-19, ou não.
Além dos agentes que podem provocar a condição, esta também atua elevando as chances de desenvolvimento de câncer de pulmão.
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