Araticum: o que é, tipos e para que serve

A família de plantas frutíferas tem uma ocorrência muito forte no cerrado brasileiro

Mais de 80 espécies nativas no Brasil e uma gama de várias plantas frutíferas. Essas são as características mais marcantes que definem o araticum. O termo, de origem indígena guarani, significa "fruto mole" e é aplicado para os tipos de planta da família Annonaceae em diversas regiões do País. Há uma ocorrência muito forte no cerrado brasileiro.

Apesar de terem nomes populares diferentes, todos os frutos são parecidos em consistência e aparência. Eles são fácies de romper com as mãos quando estão maduros. Entre os exemplos conhecidos está a graviola (Annona Muricata L.) e a fruta-do-conde (Annona squamosa L.).

O Diário do Nordeste conversou com o pesquisador e especialista em Biologia Vegetal e Botânica, o professor Luís Carlos Bernacci*, e preparou um guia sobre a família Araticum.  

Origem  

A origem é variada, pois é uma classificação usada para diversas espécies. Além de ser conhecido como pelo nome original, são usadas ainda as nomenclaturas Araticum do Cerrado, Araticum do Brejo e Araticum do Mato.

A árvore, da família das Annonaceae, é conhecida como araticunzeiro ou maroleira e tem porte médio. 

Segundo o biólogo Luís Carlos Bernacci, algumas espécies podem ser mais conhecidas por outros nomes, como os marolos e biribá. 

Tipos: 

  • Marolos (Annona coriacea Mart. - araticum-do-campo, araticum-dos-grandes, araticum-liso; ou Annona crassiflora Mart. - araticum-do-campo, araticum-dos-grandes, araticum-cortiça). *Elas são características do cerrado. 
  • Biribá (Annona mucosa Jacq. - araticum ou ariticum). *Característico de áreas florestais. 
  • Graviola (Annona muricata L. araticum-de-comer, araticum-manso). *Não é originária do Brasil e sim do Caribe, mas cultivada inclusive em escala comercial. 

Mais espécies  

Uma gama extensa de outras espécies pode ser conhecida pelo nome da família. É o exemplo da Duguetia furfuracea (A.St.-Hil) Saff., conhecida como marolinho-do-cerrado; Annona emarginata (Schltdl.) H.Rainer ou A. rugulosa (Schltdl.) H.Rainer - araticum-mirim, araticum-da-praia. 

“O gênero Annona L. inclui cerca de 80 espécies nativas do Brasil, e várias delas são conhecidas como araticum. Cerca de 1/4 destas espécies brasileiras são endêmicas, com ocorrência natural exclusiva do país”, explica o pesquisador paulista.  

Qual o sabor? 

Assim como as características dos diversos tipos de frutos, o sabor também muda. Os frutos da classe Annona são geralmente mais doces, com sabores fortes e aromáticos, de acordo com o professor Bernacci. 

Em alguns casos, como o da graviola, o sabor pode ser levemente ácidos.

Como é a fruta? 

As espécies comestíveis costumam ter frutos de formato cilíndrico ou cilíndrico-arredondado, até arredondado. As cascas do fruto não são lisas e podem apresentar apenas uma reticulação superficial, ou mais frequentemente saliências arredondadas até agudas, densas ou mais espaçadas. 

Já a polpa, de acordo com Luís Carlos Bernacci, é comumente branca, mas pode ser amarelada e alaranjada, dependendo da espécie. 

Quais os benefícios? 

Assim como frutas em geral, as espécies da família são cheias de vitaminas e sais minerais. Nesse tipo, destacam-se a tiamina (B1) e a niacina (B3), assim como cálcio, fósforo e ferro. São ainda compostos por mucilagem, um composto que possui efeito dietético.  

“A diversificação alimentar é importante para a ingestão de substâncias diversas, mesmo que em baixa concentração, muitas das quais de benefícios ainda pouco ou não estudados. Deste modo a ingestão de frutas, dos mais diferentes tipos, o quanto possível, tem papel importantíssimo”, pontua o docente. 

Para que serve a casca de araticum?  

Nas espécies Annonaceae, há indícios de acetogenimas, compostos químicos de grande atividade biológica. O pesquisador Luís Carlos Bernacci destaca que a casca tem despertado interesse para estudos farmacológicos.

Os compostos foram achados também nos órgãos das plantas, sejam eles casca, folhas, frutos ou sementes. 

*Graduado em Ciências Biológicas pela USP e com mestrado e doutorado em Biologia Vegetal pela Unicamp, Luís Carlos Bernacci é pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e cuirador do Herbário IAC. Sua ênfase é em Botânica e Ecologia Aplicada.