Justiça marca o júri de torcedores do Fortaleza que espancaram torcedor do Ceará até a morte
O crime aconteceu durante uma briga de torcidas organizadas, antes da partida Ceará x Iguatu, pelo Campeonato Cearense de Futebol
Três torcedores do Fortaleza, acusados de espancarem o torcedor do Ceará, Ítalo Silva de Lima, até a morte, devem ir a julgamento, na Capital, em setembro deste ano. O crime aconteceu no dia 18 de março de 2023, durante uma briga de torcidas organizadas, antes da partida Ceará x Iguatu, pelo Campeonato Cearense de Futebol.
A 2ª Vara do Júri de Fortaleza marcou o julgamento dos réus Edson Rodrigues Taveira, Herson da Silva Lima e Luiz Cláudio Teles Costa Júnior para um auditório do Fórum Clóvis Beviláqua, às 9h30 do dia 17 de setembro deste ano. A decisão foi publicada no Diário de Justiça Eletrônico Nacional desta segunda-feira (21).
Na mesma decisão, o juiz recusou o pedido de Luiz Cláudio Teles para desmembrar o processo criminal contra ele (o que faria com que ele não fosse julgado junto dos outros dois réus) e justificou que já tinha recusado pedido semelhante de Edson Taveira. O processo tramita sob sigilo de Justiça.
O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou oito torcedores do Fortaleza por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, uso de meio cruel e pela circunstância de dificuldade de defesa da vítima), associação criminosa e corrupção de menores (já que um adolescente participou do crime). Um nono investigado não foi denunciado pelo Órgão Acusatório.
Os outros acusados pelo MPCE são: Antônio Gemesson Martins da Silva, Arão Bouzgaib Varela Maia, John Patrick Vieira da Silva, Lucas Araújo Barbosa e Lucas do Espírito Santos Costa.
O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) foi questionado sobre a situação dos cinco acusados e respondeu que todos os oito réus do processo foram pronunciados (isto é, a Justiça decidiu levar todos a julgamento). "O caso está segredo de justiça e mais informações não podem ser repassadas", informou o Tribunal.
A reportagem apurou que alguns denunciados recorreram da decisão de pronúncia, motivo pelo qual o julgamento deles ainda não foi marcado pela Justiça.
As defesas dos acusados não foram localizados pela reportagem para comentar a decisão judicial. O espaço segue aberto para futuras manifestações.
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Rivalidade entre torcidas de futebol
Ítalo Silva de Lima era torcedor do Ceará e ia assistir ao jogo do seu time contra o Iguatu, na Arena Castelão, pela semifinal do Campeonato Cearense, na tarde de 18 de março deste ano, quando foi surpreendido por criminosos. Ele se deslocava a pé, junto de outros torcedores alvinegros, segundo a denúncia do MPCE.
Já os acusados seriam integrantes de um setor da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF), nomeado de Bonde dos Hooligans (CDH). "Apurou-se durante a investigação que o Bonde dos Hollingans-BDH se trata de grupo de pessoas que se reúnem se autoafirmando torcedores do Time do Fortaleza. Contudo, parte desse grupo, dentre eles os réus, sob o pretexto de estarem torcendo por um time de futebol, se associam para praticar crimes diversos, dentre eles dano (vandalismo), lesão corporal, porte ilegal de arma de fogo, homicídio, instigação ao crime, e etc.", definiu o MPCE.
Os réus, infelizmente, conseguiram alcançar a vítima Ítalo e começaram, em concurso e com dolo de matar, a agredir fisicamente Ítalo com chutes, socos e golpes com pedaço/bastão de madeira; golpes esses que eram direcionados, dentre outras partes do corpo, à cabeça da vítima. Após lincharem a vítima, os réus se evadiram. Ítalo morreu no local."
Para o MPCE, Ítalo foi morto por "torcer para time de futebol diverso do que torcem os réus". "Sendo que a dinâmica dos fatos denota desprezo à vida, dado os réus saíram em grupo/comboio já com a intensão premeditada de abordarem aleatoriamente qualquer torcedor do time Ceará", concluiu o Ministério Público do Ceará.