Advogado suspeito de transportar bilhetes de chefe do Comando Vermelho no Ceará segue foragido

O chefe da facção criminosa, que está detido em um presídio cearense, enviava ordens para os comparsas soltos a partir de bilhetes transportados por advogados, segundo as investigações policiais

Escrito por
Messias Borges messias.borges@svm.com.br
Foto-montagem com imagem do advogado Victor de Alencar Gomes Magalhães e imagem da Operação Além do Ofício, deflagrada pela Polícia Civil do Ceará em junho deste ano
Legenda: O advogado Victor de Alencar Gomes Magalhães não foi localizado na Operação Além do Ofício, deflagrada pela Polícia Civil do Ceará em junho deste ano
Foto: Reprodução

A Polícia cearense segue em busca do advogado Victor de Alencar Gomes Magalhães, de 28 anos, suspeito de transportar bilhetes de um chefe da facção criminosa carioca Comando Vermelho (CV) no Ceará, que está detido em um presídio cearense, para os comparsas soltos.

Victor Magalhães foi indiciado pela Polícia Civil do Ceará (PCCE) pelos crimes de integrar organização criminosa e associação para o tráfico e foi alvo da Operação Além do Ofício, deflagrada no último dia 11 de junho - mas não foi localizado. A advogada Monika Fernandes Portela, suspeita de auxiliar o colega de profissão no transporte dos bilhetes da facção, foi presa na Operação.

O mandado de prisão contra o advogado foi expedido pela Vara de Delitos de Organização Criminosas, da Justiça Estadual, ainda no dia 23 de maio de 2025, conforme o Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões (BNMP), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A reportagem apurou que Victor Magalhães foi alvo de um mandado de busca e apreensão, em uma investigação da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas Organizadas da Capital (Draco), no início de 2025. Na ocasião, ele tentou se desfazer de um aparelho celular. Em junho, o advogado foi alvo de mandado de prisão em investigação da Draco Norte - nova unidade da Polícia Civil que combate o crime organizado no Interior Norte do Estado.

A defesa de Victor de Alencar Gomes Magalhães não foi localizada para comentar a investigação policial. O espaço segue aberto para futuras manifestações.

Veja também

Advogada presa em Operação

A advogada Monika Fernandes Portela foi presa na Operação Além do Ofício, deflagrada pela Polícia Civil do Ceará, no dia 11 de junho deste ano, para desarticular um esquema de comunicação ilícita da facção carioca Comando Vermelho em presídios cearenses.

A prisão ocorreu na residência da advogada, no bairro Campo dos Velhos, em Sobral, na Região Norte do Ceará. Durante as buscas no imóvel, os policiais civis apreenderam bilhetes com mensagens que teriam sido escritas por presos ligados ao Comando Vermelho.

19
ordens judicias (sendo 8 prisões preventivas e 11 mandados de busca e apreensão) foram cumpridas pelos policiais, em Fortaleza e Sobral. Dentre os presos, seis estavam em liberdade e dois já se encontravam detidos no Sistema Penitenciário cearense (em presídios de Sobral e Itaitinga).

Monika já tinha sido detida em flagrante por integrar organização criminosa, em dezembro de 2023, por esconder o aparelho celular da sua cliente - uma mulher apontada como uma liderança da facção criminosa, em outra operação policial. 

Em razão da prisão em flagrante, a advogada foi condenada a 4 anos e 8 meses de reclusão, pela Justiça Estadual, no último dia 5 de junho. Porém, o colegiado de juízes que atua na Vara de Delitos de Organizações Criminosas concedeu à ré o direito de aguardar o trânsito em julgado do processo em liberdade. A condenação cabe recurso.

A Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Ceará (OAB-CE) suspendeu temporariamente a advogada Monika Portela, por 12 meses, em razão da operação policial, no dia 13 de junho. "Diante da gravidade dos fatos investigados na operação 'Além do Ofício', que evidenciam atos incompatíveis com o exercício da profissão, inidoneidade moral e outras infrações éticas, a Ordem reafirma a defesa do bom nome da advocacia e da preservação do respeito social que a profissão requer", considerou a Instituição, em nota.

Bilhetes escritos por chefe de facção

Os bilhetes transportados pelos advogados investigados seriam enviados principalmente por Francisco Clever Carneiro Freitas, conhecido como 'Careca', apontado como um líder do Comando Vermelho na Região Norte do Ceará.

'Careca' está detido em um presídio de Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). A Polícia levantou informações que o detento conseguia dar ordens para a prática de ações criminosas, que tinham como destinatários comparsas que atuam na Região Norte, a partir dos bilhetes transportados pelos advogados.

Este conteúdo é útil para você?
Assuntos Relacionados