Grupo é denunciado por perseguição e campanha de ódio contra Maria da Penha

Quatro suspeitos vão ser processados por dois crimes de intimidação sistemática virtual.

Escrito por
Matheus Facundo matheus.facundo@svm.com.br
Uma pessoa sentada à mesa de vidro em um ambiente interno, usando uma blusa estampada de mangas compridas. Suas mãos repousam sobre a mesa. Ao lado direito, há uma taça decorativa transparente e um vaso branco alto com flores brancas. Ao fundo, aparece uma parede com persianas e um painel escuro, compondo um ambiente moderno e bem iluminado.
Legenda: Maria da Penha chegou a ser incluída em um programa de proteção estadual, após as ameaças.
Foto: Fabiane de Paula.

Um grupo de quatro suspeitos foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) pela campanha de ódio orquestrada contra a farmacêutica e ativista cearense Maria da Penha Maia Fernandes.

Conforme o Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc), eles realizaram ações de forma organizada para "atacar a honra da ativista e descredibilizar a lei que leva o nome dela, utilizando perseguições virtuais, notícias falsas e um documento público forjado". 

Eles vão ser processados por dois crimes de intimidação sistemática virtual: cyberbullying e perseguição (stalking/cyberstalking).

Segundo o MPCE, a campanha de ódio contra Maria da Penha caracterizou ainda misoginia, que significa ódio, desprezo ou preconceito contra mulheres. Eles ainda deturparam informações e atacaram a honra da ativista, que virou símbolo da luta da violência contra a mulher.

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"A denúncia, que tramita na 9ª Vara Criminal de Fortaleza, aponta que foi praticada intimidação sistemática e perseguição, com agravantes como motivo torpe e violência contra mulher cometida contra pessoa de mais de 60 anos. Eles foram denunciados por falsificação de documento público e uso de documento falso, ao utilizarem um laudo adulterado num documentário. O processo está em sigilo", publicou o MP do Ceará. 

No primeiro semestre de 2024, Maria da Penha foi vítima de uma série de ataques de membros de comunidades digitais que disseminam o ódio às mulheres. O MPCE o Nuinc e o Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência (NUAVV). Adicionalmente, Maria da Penha foi encaminhada ao Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos.  

Força-tarefa investigou caso 

O caso é investigado desde 2024 pelo Nuinc, por meio da Operação "Echo Chamber", que teve buscas no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. As diligências levaram à suspensão do perfil de um homem, e à proibição dele se aproximar de Maria da Penha e as filhas

Já em julho deste ano, a força-tarefa em Natal apreendeu documentos e eletrônicos, o que resultou na suspensão dos episódios do documentário "A investigação paralela: o caso de Maria da Penha", produzido pela empresa Brasil Paralelo. 

Foi apontado que a produção e a divulgação do documentário continham acusações de fraude processual que eram infundadas, além de se basearem em um laudo falso. 

"O conteúdo, disseminado por empresa privada de comunicação e perfis em redes sociais, busca gerar dúvida sobre a veracidade dos fatos e sobre a legitimidade do julgamento ocorrido, apesar de ampla comprovação judicial e pericial em sentido contrário", disse o MPCE à época. 

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