Justiça marca júri de chefe do CV que matou mulher com transtorno mental em ônibus

Durante crise, a vítima acaba traindo PMs ao bairro.

Escrito por
Redação seguranca@svm.com.br
mulher morta onibus.
Legenda: A mulher foi morta a tiros dentro de um ônibus, em maio deste ano, na Avenida Sargento Hermínio, bairro Monte Castelo.
Foto: Reprodução.

A Justiça do Ceará agendou data para um os chefes da facção criminosa Comando Vermelho (CV) sentar no banco dos réus. Rafael Ferreira de Castro, o 'Boquinha', deve ser julgado por um Conselho de Sentença formado por populares no próximo dia 11 de fevereiro de 2026, a partir das 9h, no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza.

Rafael é acusado pelo homicídio duplamente qualificado de Tarciana Moreira do Vale, de 37 anos. A mulher sofria de transtornos mentais e, de acordo com a acusação, desagradava a facção carioca porque tinha crises constantes, ficava agressiva e fazia com a Polícia Militar do Ceará (PMCE) fosse acionada para o bairro, atrapalhando as atividades ilícitas do grupo.

Em julho deste ano, o Diário do Nordeste noticiou a pronúncia do acusado. De acordo com o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), o julgamento está programado para acontecer na 6ª Vara do Júri de Fortaleza. 

A 6ª Vara foi criada recentemente focada em homicídios cometidos por organização criminosas, principalmente por facções.

A mulher foi morta a tiros dentro de um ônibus, em maio deste ano, na Avenida Sargento Hermínio, bairro Monte Castelo. A defesa do réu não foi localizada pela reportagem.

FACÇÃO FICOU INCOMODADA

Segundo a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), a frequência de policiais militares na área sob domínio do Comando Vermelho para atender a ocorrências geradas pelas crises de Tarciana passou a incomodar ‘Boquinha”. Rafael Ferreira, que já havia sido preso por tráfico de drogas em 2019, mas que estava em liberdade, iniciou uma série de ameaças de morte contra Tarciana.

Em uma das ocasiões, ele chutou o portão da casa da mãe dela e ordenou que ela se saísse do bairro, o que não aconteceu.

Temendo ser morta, Tarciana registrou um Boletim de Ocorrência (B.O.) ainda em 2024.

A atitude foi interpretada por Rafael como uma afronta. No dia 2 de maio deste ano, por volta das 13h, Tarciana estava embarcando em um ônibus da linha 220 (Antônio Bezerra/Sargento Hermínio/Centro), na Avenida Sargento Hermínio, bairro Monte Castelo, quando foi surpreendida por dois atiradores.

Adolescentes de 17 anos e 15 anos, se aproximaram do coletivo em bicicletas e efetuaram os disparos. A vítima foi atingida por quatro tiros, um deles na cabeça. Após o crime, uma das bicicletas foi abandonada, e os adolescentes fugiram juntos em uma única bicicleta, sendo flagrados por câmeras de segurança nas proximidades.

MORTE COMEMORADA

Os policiais iniciaram as buscas e localizaram os envolvidos “comemorando” o crime. Rafael Ferreira e os dois adolescentes foram encontrados juntos, confraternizando em uma residência de frente para o mar no Pecém, na cidade de São Gonçalo do Amarante. A prisão em flagrante de Rafael foi homologada e convertida em preventiva.

Os adolescentes tiveram um Ato Infracional análogo ao crime de homicídio lavrado contra eles. Câmeras do circuito interno do ônibus registraram o ataque, e as bicicletas e roupas utilizadas no crime foram apreendidas. O inquérito foi instaurado pela 4ª Delegacia do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) e resultou no indiciamento de ‘Boquinha’.

Rafael foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio qualificado por motivo torpe e uso de meio que dificultou a defesa da vítima, além de duas vezes pelo crime de corrupção de menores e por integrar organização criminosa (Comando Vermelho - CV), exercendo a liderança da facção. A denúncia destaca que a conduta de Rafael revela “péssima conduta social” e uma “personalidade fria e violenta”.

 

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