Setembro Amarelo: Quais as propostas dos candidatos ao Governo do Ceará para a saúde mental
Postulantes ao cargo de governo querem interiorizar o atendimento psiquiátrico e psicológico no estado
A saúde mental tem sido um assunto cada vez mais abrangente e que preocupa diferentes parcelas da população. Problemas relacionados a questões psicológicas e mentais não são novidades, mas foram agravadas pela pandemia da Covid-19.
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Uma pesquisa realizada pelo instituto Opnus, em 2021, apontou que 53% dos cearenses afirmam ter tido algum sintoma relacionado à saúde mental durante a pandemia.
O problema tem se convertido, inclusive, em um aumento nas internações psiquiátricas. Levantamento do Diário do Nordeste em agosto de 2022 mostrou que, em Fortaleza, a média de hospitalização em unidades psiquiátricas foi de 700 pacientes.
Em meio ao agravamento dos casos no Ceará e com o início do Setembro Amarelo, o Diário do Nordeste indagou aos três candidatos mais competitivos ao Governo do Ceará – Capitão Wagner (União Brasil), Elmano de Freitas (PT) e Roberto Cláudio (PDT) – quais as propostas que devem ser implementadas nesta área em uma futura gestão a frente do Executivo estadual.
Os três candidatos ao Palácio da Abolição destacam a gravidade do problema e propõem – de diferentes maneiras – a ampliação da rede voltada à saúde mental nos municípios do Interior cearense.
Confira as propostas de cada candidato para a área, caso sejam eleitos para o comando do Executivo estadual.
Capitão Wagner
O candidato criticou o atendimento de saúde mental existente hoje no Ceará. Para Capitão Wagner (União Brasil), a situação na área hoje é "extremamente precária". "Existe uma epidemia silenciosa e as autoridades não estão preocupadas em solucionar esse problema", afirma.
Segundo ele, a prioridade, caso seja eleito, será ampliar esta rede a partir da estrutura já existente no interior do Ceará.
"É urgente que possamos ampliar essa rede e a gente vai aproveitar a estrutura de todos os hospitais regionais para que a gente possa ter em cada hospital um setor, não só pra internação, mas também para atendimento de pessoas que têm problema de saúde mental".
Capitão Wagner afirmou que, "já no primeiro ano" de governo pretende montar "a maior rede de saúde mental do Nordeste". "Em todos os hospitais regionais, com atendimento preventivo, com encaminhamento para os demais profissionais para dar o tratamento correto na hora correta", destacou.
Elmano de Freitas
Candidato do PT ao Governo do Ceará, Elmano de Freitas afirmou que o assunto será uma prioridade caso seja eleito. Ele propõe a implementação de setores especializados em psiquiatria em todos os hospitais regionais do estado.
Além disso, Elmano afirma que pretende dar apoio aos municípios cearenses para montar uma rede de Centros de Atenção Psicossocial (Caps) nas cidades do Ceará.
"Efetivamente nós sabemos que a saúde é municipalizada e nós queremos apoiar", garantiu. "É muito importante especialmente para criança, para juventude há uma demanda muito grande de atendimento de saúde mental para esse público e é o que eu quero fazer".
O candidato reforçou ainda a parceria com os candidatos a presidente, Lula (PT), e ao Senado, Camilo Santana (PT), como forma de reforçar as propostas para a área, caso as candidaturas saiam vitoriosas. "Essa união de forças nos permite imaginar ampliarmos a rede de saúde como um todo, inclusive a rede de saúde mental".
Roberto Cláudio
O candidato Roberto Cláudio (PDT) destacou que os problemas relacionados à saúde mental estão, cada vez mais, sendo entendidos como "uma verdadeira epidemia" e afirmou que pretende combater de dois modos: com prevenção e assistência.
"A prevenção é promover qualidade de vida ao povo cearense", destacou. Ele criticou o fato de o atendimento psiquiátrico e psicossocial estar ainda concentrado na capital cearense.
"Uma das ações do plano de governo é interiorizar e regionalizar a atenção psicossocial. A gente quer criar 14 centros regionais de atenção psicossocial. Levar ao interior a oportunidade da internação psiquiátrica que hoje está limitada a Fortaleza".
Ele afirmou ainda que estes centros regionais devem ter "um braço de psicopedagogia", voltada ao atendimento das crianças como forma de dar "oportunidade ao estímulo ao desenvolvimento e a aprendizagem dentro desses núcleos de atenção psicossocial".
Setembro Amarelo
O dia 10 de setembro é lembrado como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Como forma de ampliar a discussão a respeito do assunto, a campanha foi ampliada para todo o mês – no que ficou conhecido Setembro Amarelo.
O movimento começou ainda na década de 1990, quando familiares e amigos do estudante Mike Emme – que cometeu suicídio, aos 17 anos, nos Estados Unidos – distribuíram cartões com fitas amarelas e frases motivando as pessoas a enfrentar transtornos mentais e emocionais.
A cor amarela foi escolhida porque Mike era dono de um carro amarelo. As fitas desta cor acabaram se tornando um símbolo da campanha, adotada em 2015 no Brasil pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
O Setembro Amarelo tem como principal foco a conscientização pela vida, mas também amplia a discussão para outros transtornos psicológicos, além da importância de procurar por ajuda especializada para este enfrentamento.